Capítulo 31

2 1 0
                                    

Maria Antonieta e seus amigos rapidamente foram surpreendidos por umas luzes vindas de uma outra sala próxima ao refeitório, e tomados pela curiosidade, resolveram investigar. Quanto mais se aproximavam para ver, as luzes pareciam mudar de direção, e levá-los para uma sala escura, que até então eles desconheciam. Ao entrar na sala, os quatro permaneceram juntos, esperando uma resposta.

- Que sala é essa?! – Perguntou Nicky – Madame Desirée não comentou nada sobre ela. E nós já conhecemos todas as áreas do internato.

- Deve ser nova! Ou talvez nunca tenha sido usada. – Disse Lucy – É um pouco grande para ser sala de aula... – Disse, se referindo ao tamanho.

- Por que umas luzinhas tão bobas nos trariam para cá? - Perguntou Lourenço.

De repente, um som agradável de harpas e pianopôde ser ouvido no ambiente, acompanhado das mesmas luzes, que se colocaram sobre suas cabeças,os deixando em posição de destaque. A sala na verdade era um grande salão,semelhante aos de festa, que Maria Antonieta frequentava com sua família em eventos da alta sociedade, quando iluminado, apresentava o teto com desenhos renascentistas, as paredeseramrevestidas de detalhes dourados, e ao fundo era possível ver os instrumentos se movimentando sozinhos, dando harmonia em tudo a sua volta.

- Por causa disso... – Maravilhou-se Maria Antonieta, ao perceber algumas das luzes se espalhando para outras partes do salão, sem tira-losde suas posições.

- Que lindo! – Disse Lucy – Elas queriam nos dizer isso, que estavam guardando a melhor parte para o final! – Disse, se referindo as luzes.

- E nós como sempre, somos os principais, meio óbvio! – Concluiu Lourenço.

- O que fazemos agora? – Perguntou Nicky.

- O que você acha? – Disse Maria Antonieta.

- O que?! Valsa?! Esquece!

- Qual o problema?

- Ele não sabe dançar! – Brincou Lucy – Na verdade, ele odeia ter que fazer isso, ainda mais quando pedem.

- Obrigado! Alguém mais precisa saber disso?! – Disse Nicky, nervoso.

- Não é tão ruim quando você pensa, embora eu não faça isso sempre, e goste de outros tipos de musica... – Disse Lourenço – O que importa é você acompanhar os passos da sua parceira em harmonia, não olhar muito para baixo, e de preferência, não pisar nos pés dela. Mas não é tão difícil, a maioria das pessoas pega o jeito muito rápido!

- Fale por você! – Disse Nicky – Eu não...

- Quer tentar comigo Nicky? - Perguntou Maria Antonieta – O Lourenço pode ir com a Lucy!

- Com você! – Corou – É, com você...

- Boa idéia! – Disse Lourenço – Você se incomoda Lucy?

- Claro que não! – Disse Lucy.

- Claro que sim... – Disse Nicky, enciumado.

- Vamos! Antes que a musica pare...– Disse Maria Antonieta – É só me acompanhar assim... – Disse, puxando Nicky para perto de seu corpo.

Os quatro amigos deixaram as preocupações de lado, e permitiram que seus corpos balançassem lentamente ao som da suave melodia daquele salão. Nicky acompanhava Maria Antonieta seguindo seus comandos, até já conseguir conduzi-la para debaixo da sua luz, confiando na garota por quem uma vez se apaixonou; Lucy e Lourenço já tinham conhecimento sobre como dançar, mas algo novo estava no ar, ambosmantinham uma certa sintonia até então desconhecida, mas que parecia bastante inofensiva para se ignorar.De longe, a jovem sonhadora percebia a conexão entre os amigos, enquanto oirmão gêmeo tentava se convencer de que estava vendo coisas estupidas.

- Tudo bem? - Perguntou Lourenço – Posso ir devagar se quiser...

- Não, não é isso...Você está indo bem...Mas... – Disse Lucy, nervosa em responder.

- Mas...

- Bom...Sente o mesmo que eu?

- Acho que sim...Que bobo, logo comigo.

- Qual o problema de ser com você? Estamos só dançando...

- Não é só dançar...Eu não sou o melhor tipo de garoto para fazer isso...

- Como...

- Sou o mais medroso do meu grupo de amigos! Ou melhor, eu era...Se quer saber sou quase a versão masculina da Maria Antonieta, mas sem a parte sonhadora, é claro! Nunca sai com muitas garotas como o Jean Paul e o René, e se não saísse,eles pegariam no meu pé, atéque eu tomasse coragem e chegassem em pelo menos uma. Só consigo falar o que sinto quando estou sozinho, ou com o Biscuit...

- Biscuit?!

- Meu cachorrinho!

- Que gracinha!

- Sim, ele é o único...E eu claro, viro motivo de chacota! Já cheguei a escutar do René que o Jean Paul me colocaria de lado por causa disso, e quer saber, acho que ele realmente pretendia fazer isso, mas depois do que aconteceu...

- Que idiotas! Isso não se faz!Mas como não se pode falar de um morto...Desculpe se isso pareceu meio deselegante da minha parte...

- Tudo bem, entendi o que você quis dizer. – Riu –Nossos pais são muito ricos, influentes e possuem uma amizade de anos, nos conhecemos desde pequenos, mas como pode ver, a convivência nem sempre pode ser a mesma. Só não fiz amizade com a Maria Antonieta porque eu já estava a mais tempo com os dois, e na maioria das vezes, fazíamos apenas o que o Jean Paul queria, tudo parecia girar em torno dele, como sempre foi, ele era o mais desejado, mais esperto, mais bonito, e filho de senador...

- Isso ajuda muito...

- Seu pai...políticoimportante, influente, exigente, adorado pela alta sociedade, pela família, pelos eleitores, por todos...Sua mãe...tão bela, elegante,inspiradora, mas ao mesmo tempo...hipócrita, mal caráter, arrogante, prepotente, e baixa...

- Nossa!

- Quanto ao René, elefoi criado justamente para gastar o dinheiro do pai, um admirado importador de produtos de luxo, enquanto sua mãe, uma viciada em tabaco, juventude echampagne, passa a mão na sua cabeça, lhe dizendo “Não faça besteira, e se fizer, papai pode resolver isso mais tarde. Vá se divertir, e de preferência arrume uma amiga com sobrenome”, mas lá no fundo, ela sabe que ele nunca arruma, queria poder me lembrar de quantas namoradas ele já teve, sabe? Perdi a conta!

- Que idiotas! Duas vezes!

Bem Vindos a Marda Bardim  - Os Três Sonhos Principais (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora