Quatro semanas haviam se passado, durante esse período o Bryan e eu fomos visitados mais três vezes pelo paramédico Douglas Santana do nosso batalhão. Ele checava os ferimentos, trocava os curativos, batia papo sobre o trabalho enquanto cuidava da gente, nos enchia o saco sobre os medicamentos, falando que não podíamos esquecer-nos de tomar em nenhum dia e que tinha que ser na hora exata também. Para mim aquilo tudo foi um tédio total; ouvir sobre como estava indo os turnos de trabalho sem eu está trabalhando era difícil, pois eu amava o que fazia, e ficar acamado por um mês para tratar de ferimentos ocasionados pelo trabalho só me deixava com mais ansiedade para voltar logo ao serviço.
O Bryan parecia bem, parecia aproveitar aquelas quatro semanas de repouso para me encher a paciência com piadas sarcásticas, me cobrir de beijos na cama, me fazer cócegas, parecia que o seu objetivo principal era não me deixar em paz um minuto sequer. Tinha dias que eu até aguentava toda aquela atenção que ele me dava na cama, toda aquela alegria e amor, mas tinha dias que, qualquer que fosse a brincadeira ou piada que ele quisesse fazer ou falar, eu sentia como se fosse explodir de estresse com aquilo. Era fato que eu não conseguia tirar da cabeça toda a conversa que eu tive com o John sobre o meu pai e sobre a Lista de Fogo, mas eu lutava todos os dias para tentar esquecer aquilo um pouco e descansar o corpo, a mente e também dar um pouco de amor e atenção à pessoa que eu mais amava e que estava ali do meu lado.
Quando finalmente passamos pela "ultima revisão" e tivemos a alta dada pelo Médico do hospital Dr. Mauricio Gurgel através dos diagnósticos enviados pelo Douglas Santana, foi um imenso alívio para mim e para o Derion saber aquilo. Eu já conseguia andar perfeitamente sem sentir dor alguma na parte interna da coxa, mesmo sabendo que seria necessário voltar logo ao hospital para uma nova consulta com o médico, mas o Bryan ainda não conseguia caminhar com tranquilidade, fazendo o uso de uma muleta que o Douglas trouxera do batalhão para ele. A fase de fisioterapia seria um inferno para o Derion, aquilo estava estampado em seu rosto toda vez que me encarava emburrado, eu não aguentava ver aquela expressão, mas por respeito eu me segurava muito para não rir desesperado na sua frente.
- Hoje é o grande dia e eu ainda não estou bem o suficiente para jogar. Que droga Diego! - Afirma o Derion de braços cruzados, sentado do meu lado no sofá da sala de sua casa.
Eu não voltei mais para a minha casa até que fiquei curado de todos os ferimentos, indo lá apenas para buscar mais roupas e os uniformes do time de Rugby e do batalhão depois que recebi a alta médica, uma vez que na semana seguinte eu retornaria para o serviço.
- Você pode até não jogar hoje, mas estará no vestiário com a gente e depois, assistindo ao jogo bem de perto. Eu preciso de você lá comigo, meu bombeiro. - Respondo bagunçando os seus cabelos quase loiros que estavam bem mais compridos àquele momento. Afinal, um mês havia se passado e nós ficamos desleixados por motivos bem óbvios.
- É claro que eu vou estar lá, Diego. Eu não perco esse jogo por nada, será a nossa chance de vencer o Batalhão Quinze e acabar de vez com a sacanagem que sempre fazem conosco por causa das duas derrotas. - Disse ele me olhando sorrindo.
- Nós iremos ganhar dessa vez, e se ganharmos ainda temos que jogar com eles novamente nas finais. - Afirmei desligando a televisão pelo controle remoto.
- Já deixou a bolsa preparada? - Bryan pergunta.
- Pode apostar que sim, e você?
- Eu ainda preciso fazer isso. - Ele responde coçando a cabeça.
- Relaxa Derion, eu já coloquei dois pares de roupas na sua bolsa e o outro par de tênis também. - Respondo sorrindo, o beijando rápido em seguida.
- Você não existe, sabia...
Ele responde sorrindo, retribuindo o meu beijo rápido com um mais calmo, intenso e amoroso, e daquela vez eu me deixei levar pela emoção e me entreguei. Ficamos um mês praticamente sem ter relações sexuais para nos curarmos com mais rapidez, aquele sacrifício que fizemos até que valeu muito a pena no final, mas naquele momento eu podia dizer com toda a certeza que os meus sentimentos, que o meu tesão estava à flor da pele há alguns dias, mas que eu precisava me controlar, pois o dia era de jogo, não de sexo. E no meio daquela curtição amorosa no sofá, trocando beijos e carícias, os dois rindo feito dois idiotas apaixonados, ouvimos a caminhonete do John estacionar em frente a casa do Derion, buzinando em seguida.
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Batalhão 16: Eu e os Militares (Romance & Mistério) - Livro 1
RomanceLIVRO CONCLUÍDO & PUBLICADO NA AMAZON. Vão lá conferir! 🚒🚨🔥 Link na Bio. ❤ _______________________________________________________ No passado... O sonho de ser um Bombeiro Militar posto em prática junto da descoberta de uma homossexualidade "forç...