Tem uma coisa que nós Bombeiros fazemos que se chama ler a fumaça. Você vê a fumaça entrando e saindo, dançando, estuda cada uma detalhadamente. Porque acredite: você precisa entender como a fumaça se move se quiser conter o incêndio abaixo dela. Pois uma falta de contenção em nossa linha de trabalho é uma receita pro desastre. E nós, em hipótese alguma devemos deixar que isso aconteça.
Regra número um sobre salvamentos: Primeiro a vida do Bombeiro, a sua, afinal é você quem está no comando daquela situação e sabe exatamente o que tem que ser feito, como precisa ser feito para garantir o sucesso do resgate e de sua própria vida.
Regra número dois: Segundo a vida do seu companheiro de trabalho, afinal, nenhum Bombeiro entra sozinho em um incêndio, ele sempre tem um parceiro, é um fato e uma norma a se cumprir em cada missão de resgate, onde o risco de morte é iminente.
Regra número três sobre salvamentos: Terceiro e último, a vida da vítima no local. É um imenso fato que nós chegamos no local para salvar as vítimas do incêndio, do desastre de chuva e enchentes, do acidente de trânsito, do afogamento em praias ou mar-alto, ou o que seja. É nossa maior prioridade, más um Bombeiro ferido, um companheiro caído atrasa e compromete toda a nossa missão, pois temos que nos preocupar com a vítima do local e o nosso companheiro que acaba de se tornar uma também.
Por isso falamos que a vida dos que estão de pé, a nossa segurança é prioritária para garantir o sucesso daquela missão; resgatar os que estão no chão pedindo, gritando, chorando por socorro.
Ser Bombeiro não é fácil, você precisa amar muito o que faz, pois sabe que constantemente, em cada missão você corre perigo se não colocar em prática a todo momento tudo o que lhe foi ensinado durante seus treinamentos para formação. A regra é clara: Ou você vence, ou você falha, e nós não perdoamos falhas.
Essa é a vida de um Bombeiro Militar, essa é a minha vida.
— Tenente Diego Braz.
— Incendiário, Tenente, ajuda aqui! Preciso de ajuda. — Era ele gritando. O mais teimoso e talentoso Bombeiro que eu já conheci nessa vida, o meu companheiro Bryan Derion.— Estou a caminho Segundo Tenente. Continua falando, pois preciso encontrar sua localização, há muita fumaça condensada aqui. Precisamos sair logo, esse local vai desmoronar Derion. — Falo enquanto caminho em sua direção, tentando enxergar um palmo à frente do meu nariz, mas era quase impossível.
A fumaça preta que cobria aquela sala do vigésimo segundo andar daquele prédio era tão escura que mal conseguíamos enxergar e respirar. Era clara a presença de alguma substância química ali que não sabíamos, uma vez que sabemos que, fumaça preta é fumaça tóxica.
Há algo que vocês precisam saber sobre nós Bombeiros, sobre nossas missões em meio a pequenos e imensos incêndios que consome qualquer coisa que esteja em seu caminho. Nós possuímos um aparelho pass preso ao nosso traje, ele funciona como um alarme bip e dispara automaticamente se ficarmos imóveis por muito tempo.
O som te persegue... Provoca-lhe angústia, porque significa que tem um Bombeiro caído; significa que alguém pereceu; significa que, o que achamos ser um resgate, agora é uma recuperação. Significa que estamos prestes a dizer Adeus a um dos nossos, mas aquilo nem de longe iria acontecer, não com o meu Derion.
— Diego, rápido. Eu não consigo me mover, estou ficando sem oxigênio no tanque também. Cadê você? — E ele não parava de gritar por mim incessantemente. Aquilo era angustiante e só me deixava mais apreensivo em querer resgatar o meu homem daquele acidente que se sucedeu no nosso caminho durante aquela missão de resgate.
— Estou a caminho, Derion. Não desliga seu aparelho pass nem que você consiga, está me ouvindo? Eu vou chegar até você logo e te tirar dessa. Nós vamos sair daqui juntos, eu não vou deixar você aqui. Você me ouviu? — Eu falava usando qualquer palavra de incentivo e de apoio que viesse em mente para provar e mostrar a ele que eu nunca iria deixar ele sozinho ali, que ele tinha o seu companheiro de profissão, de missões e de vida ali com ele e em qualquer que fosse a situação. Nós estávamos juntos até o fim. Era a nossa promessa de vida.
VIDA... Descrever essa palavra e o significado dela é algo totalmente fora do real que eu imaginava que fosse ser para mim, para o meu futuro pessoal mais precisamente. Aos 33 anos de idade eu nunca imaginava está na posição que eu estava como pessoa. Eu nunca pensei que fosse ser como era, que seria aquela a vida que eu escolheria para mim.
Antes que vocês se perguntem se eu estou falando da minha profissão como Bombeiro Militar, esqueçam! Isso é algo que, sem dúvidas eu sempre quis para mim desde adolescente, ao lado do Bryan. A nossa maior vontade era acompanhar e seguir os passos do meu pai, o Sargento Marcelo Braz, que só nos enchia de orgulho e de incríveis ensinamentos naqueles anos das nossas formações como Oficiais da academia de Bombeiros do nosso estado.
Eu estou falando da vida que me deram... Da vida que o Bryan me deu na verdade. Eu nunca pensei que um dia fosse me apaixonar por um cara, um cueca, um companheiro de farda, e isso também é um fato. Eu jamais imaginei que aos 33 anos de idade o meu casamento que estava a poucos dias de acontecer seria com um homem, e que esse homem fosse ser o meu melhor amigo de infância, o cara que cresceu na minha família, que se formou Militar ao meu lado.
Pois é, pessoal... Vida é um conceito que nós não conseguimos prever e nem entender com clareza. Não dá para saber tudo o que vai acontecer, mas conseguimos sim ter uma ideia de alguns acontecimentos, certo?
Pois bem. Para que vocês entendam melhor toda essa história, e como viemos parar no vigésimo terceiro andar de um dos mais altos prédios do centro da cidade, prestes a desmoronar em um imenso incêndio que se formou horas atrás, vocês vão ter que nos acompanhar e embarcar nessa jornada conosco. O meu nome é Diego Braz, nessa linha do tempo eu tenho 33 anos de idade, mas a nossa história não começa aqui, de forma alguma.
Na verdade aqui já é o final de uma primeira jornada que se sucedeu desde quase cinco anos atrás. O Bombeiro que até os dias de hoje ainda me chama de Incendiário, apelido carinhoso dado a mim por ele na nossa adolescência se chama Bryan Derion, e nessa linha do tempo ele tem 31 anos de idade. Dois anos mais novo que eu, mas sempre cuidou de mim como se fosse o irmão mais velho que eu nunca tive. Ele sempre foi o meu pilar, o meu sustento, o meu porto seguro.
Para que tudo aqui possa ser legível e compreendido por quem quer que tenha caído aqui de paraquedas e esteja disposto a nos conhecer, será preciso voltar um pouco antes no tempo. Não se preocupem, não será muito, apenas o essencial para que essa primeira jornada faça sentido em vossas vidas. Vamos começar? Vocês não vão se arrepender... Isso eu posso prometer.
— Tenente Diego Braz.
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Batalhão 16: Eu e os Militares (Romance & Mistério) - Livro 1
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