Capítulo 7 - Em Chamas - I

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Eu parei imediatamente de ler aquele maldito diário e coloquei as mãos no rosto passando-as fortemente sobre os olhos. Eu pensava milhões de coisas àquele momento, estava de cabeça muito quente, quase explodindo afinal. Meu pai era um cara gay ou era um monstro, essa era a razão para explicar muitas coisas, principalmente às várias noites que ele sumia da nossa casa quando eu era adolescente.

O meu pai era um tremendo safado, babaca e tirano por estar fazendo, por ter feito aquilo com o tal Marck Ribeiro e, agora eu de com certeza sabia que ele era o M.R., quem escreveu aquele livro e narrava toda a história.

- Diego se acalma, procura respirar fundo e pensar com clareza, certo? - Disse o Bryan mais pálido do que eu com tudo aquilo.

- Fique tranquilo Derion, agora eu sei por que eu sou assim também. Por que eu puxei a esse cretino, sou idêntico a ele. - Disse com a cabeça por entre as pernas e as mãos por cima, sentado na cama.

- Diego, na grande maioria dos casos isso não quer dizer nada, sabia? Pare de pensar mil coisas de uma só vez e foque no presente, no agora. Você está se comportando feito uma criança e isso é somente uma história, um livro velho que você encontrou lá no quartel. Você tem certeza que tudo isso é real mesmo?

- Isso nós vamos descobrir juntos até acabarmos de ler esse diário. - Falei de cabeça baixa.

- O seu pai, meu Deus... O que será que ele aprontou naquela época? - Bryan se pergunta confuso, uma vez que nem eu mesmo sabia responder aquilo.

- Eu não queria saber de nada disso, mas se já começamos a ler agora vamos até o final. Não sei se sinto pena desse rapaz ou se sinto ódio do meu pai por ter feito algo tão ruim assim com ele.

- Só pare e pense com calma, tenente. Você é um rapaz equilibrado e centrado, então não deixe esse livro te incomodar de alguma forma certo? - Bryan fala segurando a minha mão e me olhando fixamente.

- Sem você do meu lado eu não sei o que seria de mim, sabia? - Falei.

- É, sabia sim. Agora vamos comer? Eu tô cheio de fome. - Disse rindo.

- Vamos, seu babaca. Meu soldado babaca. - Ri muito daquele idiota que sempre me fazia sorrir até mesmo em momentos difíceis.

Enquanto levantávamos para ir em direção a cozinha, o meu telefone começou a tocar naquele mesmo momento. Era uma chamada do quartel, número da linha de emergência, eu supus que podia ser o sargento Garcia ou qualquer outro bombeiro de plantão no momento. Era quase meio dia de domingo e eu sentia que estava esquecendo-se de algo que não deveria esquecer.

Deixando tudo aquilo de lado um pouco eu atendi o telefone mesmo estranhando muito tudo aquilo, pois eles não costumavam me ligar nos domingos, uma vez que não era o meu dia de expediente no quartel.

- Tenente Braz, com quem eu falo? - Disse.

- Alô tenente, Sargento Garcia do 15° Batalhão na linha. Estamos solicitando reforços de imediato para cá.

- Mas o que está havendo sargento? - Falei meio espantado, botando a ligação no viva-voz para o Bryan também ouvir.

- Uma explosão hoje bem cedo em uma das fábricas de combustíveis. Nós tentamos conter todo o fogo usando três caminhões com dois mil litros d'água por polegada quadrada, mas a distribuição que fizemos não foi o suficiente para conter e apagar as chamas que não param de aumentar e estão se espalhando por toda a área. Moradores de grandes casas e prédios num raio de dez metros correm sério risco se as chamas não forem contidas o mais rápido possível. Do jeito que o incêndio está agora, elas podem se estender por quilômetros rapidamente tenente. - Ele explica.

Batalhão 16: Eu e os Militares (Romance & Mistério) - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora