- Levanta Diego. Levanta agora, meu filho. Ouça a minha voz, levante-se!
Era mesmo a voz dele que eu ouvia? Não dava para acreditar, era a voz do meu pai que eu ouvia àquele momento. E quando tentei virar a cabeça sobre a grama do campo para olhar em direção àquela voz que me chamava tudo o que conseguia ver era a imagem completamente turva, as pessoas embaçadas na minha frente e bem distantes de mim, mas a sua silhueta era de fato conhecida em minha memória, exatamente como a sua voz, mas como aquilo era possível? Onde eu estava afinal?
- Pai? Marcelo? - Falo com um pouco de esforço, pois me sentia tonto e com um pouco de dor na cabeça.
- Levanta Diego. Tenente levanta!
Ouvi novamente aquela voz que mais parecia a do meu pai, mas que ao mesmo tempo foi mudando rapidamente o seu timbre, passando a ser a voz do Bryan gritando, me pedindo para levantar.
- Tenente Braz, você está bem? - Outra voz, só que mais próxima a mim naquele instante.
Seguro sua mão e levanto, ainda sentindo um pouco de tontura, mas deixando a bola no chão para que o Douglas a pegasse e prosseguisse com a partida, pois, a menos que houvesse alguma infração ou a bola saísse do campo, o jogo não podia parar. Naquele mesmo momento que eu levantei, em questão de segundos eu senti uma palmada forte na minha bunda e quando decido olhar, vejo um jogador do time adversário, do Batalhão Quinze para ser mais exato. Tinha aparência bastante atlética, galego igual o Derion, mas de olhos azuis e um sorriso branco feito folha de papel sulfite. Sorri de volta sem graça, ainda zonzo e ele voltava a focar no jogo de imediato. Olhei direto para onde o nosso treinador interino, o capitão Nogueira estava, e quando consigo parar os meus olhos fixamente ali, noto o Derion me encarando com uma expressão de raiva fora do comum, eu quase caio numa gargalhada grande, mas me seguro novamente e volto para a partida, pensando sobre o que eu supostamente vira e ouvira quando estava no chão. Aquilo foi suficiente para me deixar confuso o restante da partida inteira.
Aquele primeiro tempo ocorreu sem muitas penalidades ou jogadas tão radicais e agressivas. O meu batalhão estava perdendo por oito pontos de diferença e no ultimo momento daquela primeira partida, sofremos um "Line-out", que na hora de arremessar a bola ao corredor feito no alinhamento lateral do campo pelo meu time e o adversário, o time adversário acabou a pegando e conseguindo alcançar e ultrapassar a nossa linha da trave de gol, pontuando com um Try. O segundo tempo seria tudo ou nada para nós naquele momento, e precisávamos vencer aquela partida ou estaríamos fora das finais daquela temporada, o que seria suficiente para fazer o Derion chorar e reclamar daquilo pelo resto do ano todo.
- O que foi aquilo Diego? - Bryan me pergunta ao se aproximar.
Estávamos no pequeno, quase minúsculo intervalo, ao lado do banco dos reservas. Eu tomava água e aproveitava que a mesma estava bastante gelada e molhava o rosto, afim de que aquela tontura melhorasse um pouco mais.
- Você está falando do ataque que sofri? - Respondo sem o olhar, ainda lavando o rosto, pouco ofegante devido ao primeiro tempo.
- Não, eu estou falando do senhor Batalhão Quinze te dando mole. Ou você não percebeu aquilo? Ele bateu na sua bunda antes de voltar para o jogo. - Bryan claramente estava com ciúme ao falar tudo aquilo.
- Derion, se acalma. Não foi nada demais e nem nunca será. Você sabe que nesse esporte é assim mesmo. - Respondi sem dá muita atenção àquilo. Era de fato desnecessário.
- Problemas no paraíso? - Jake se aproxima perguntando curioso.
- O Derion está com ciúmes do camisa Sete do Batalhão Quinze. - Respondo, bagunçando os cabelos do meu bombeiro que me encarava furioso.
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Batalhão 16: Eu e os Militares (Romance & Mistério) - Livro 1
Roman d'amourLIVRO CONCLUÍDO & PUBLICADO NA AMAZON. Vão lá conferir! 🚒🚨🔥 Link na Bio. ❤ _______________________________________________________ No passado... O sonho de ser um Bombeiro Militar posto em prática junto da descoberta de uma homossexualidade "forç...