A Casa Amarela

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Edgar continuou na estrada principal subindo mata adentro, Ivo o acompanhou até uma bifurcação, mas virou a direita, enquanto Nala, voltou para a cidade.

O delegado dirigia com uma mão somete, o braço esquerdo estava encostado na janela. Não demorou para estacionar a viatura em frente a uma guarita, pintada de verde-escuro, com escritas em amarelo indicando ser propriedade dos guardas-florestais.

Olhou para os lados, e visto não haver ninguém por perto, tirou do porta luvas um pequeno cantil e alumínio revestido numa capa de couro, deu dois goles no que havia dentro, e após uma careta, guardou novamente o recipiente.

O velho manco desceu do carro com dificuldade, pegou a arma e colocou-a no coldre, encarou a guarita, e caminhou para a porta de entrada, um dos guardas que estavam lá saiu ao perceber a chegada de um carro.

— Delegado! — o guarda cumprimentou, mexendo no chapéu.

— Há quanto tempo Sr. Pedro, como vai à família? — perguntou o delegado se aproximando da porta.

O guarda Pedro disse estar tudo bem com sua família, em seguida convidou Edgar a entrar. Havia mais dois guardas ali, ambos se levantaram para cumprimentar o delegado, com exceção de Paki que permaneceu sentado.

— Há quanto tempo também não te vejo Paki — disse Edgar se aproximando e se sentando numa das duas cadeiras frente a mesa do chefe dos guardas.

— Por mim, passariam mais cinquenta anos sem te ver — rebateu Paki sem tirar os olhos dos papéis de sua mesa.

— Nossa, sempre amigável — caçoou o delegado —, como sei que não vai perguntar porque estou aqui, já vou me adiantando. — o velho se ajeitou na cadeira — Tenho uma nova teoria sobre o caso do seu irmão!

Paki não disse nada, as veias de sua testa deram um salto, uma suadeira tomou conta do guarda, nitidamente ficou nervoso pelo assunto, mas não queria demonstrar aquilo.

— Há evidências de que possa existir um cúmplice...

— Evidências? — Paki interrompeu a fala do velho — Suposições não são evidências, Edgar — tirou os olhos dos papéis e encarou o delegado. — Se era só isso, pode ir embora, diferente da polícia dessa cidade, os guardas trabalham sério aqui.

— Encontramos dois corpos na floresta hoje — continuou Edgar dobrando seu corpo para frente, colocando as duas mãos na mesa, uma em cima da outra —, um garoto e uma garota, estavam sem cabeça, o mesmo padrão de trinta anos atrás, vim aqui para saber que você fez hoje de manhã.

A mão de Paki que segurava uma caneta começou a tremer, aquele assunto sempre trazia lembranças horríveis.

— Acordei às seis como sempre, perto das sete fui para a padaria da Eleonor, fiquei lá por uns quarenta minutos, depois tomei o rumo para cá — o chefe dos guardas pausou, como se tentasse lembrar de tudo —, passei pela portaria quatro, tem uma câmera em todas as portarias pode conferir...

— Ah eu vou!

— Da portaria quatro até aqui é uns quarenta minutos, mas levei uma hora hoje — Paki voltou a mexer nos papéis —, isso porque parei para conversar com a policial Nala, a encontrei na estava principal correndo, ela disse haver visto uma pessoa correndo vestida de branco, talvez seja ele o cara que está procurando, quando cheguei aqui o Pedro já estava.

— Realmente demorou uns vinte minutos à mais hoje — confirmou o guarda Pedro.

— Entendo — murmurou Edgar —, como disse, vou verificar as câmeras de segurança, achamos que há um cúmplice do Malik a solta, pois os padrões dos cortes são o mesmo...

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora