Recaída

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O movimento no Lótus Brilhantes havia aumentado, o que era comum, homens e mulheres que saiam dos trabalhos mais tarde iam chegando aos poucos. Boa parte do povo de Vila Liberdade, viam o bar de Vanessa como um bar comum, por mais que havia mulheres que ofereciam serviços íntimos, desde que foi fundado por Dona Lurdes, o lugar sempre foi o queridinho de muitos, pela bebida, comida, e pelas apresentações, todos sábados e domingos, havia algum número musical, e naquela noite não foi diferente.

Assim como no salão, o andar de cima também estava barulhento, um dos quartos que mais promovia a baderna, era o quarto onde estava Edgar. O velho estava deitado de bruços na cama encarando a parede, orando o "Pai nosso", havia um travesseiro abaixo de sua barriga, o que vazia com que ele se empinasse para cima.

Beatriz, estava de joelhos sobre a cama completamente nua, usava apenas um acessório em sua cintura, uma cinta de couro que também se prendia na cintura e nas coxas, e acoplado a tal cinta, havia um dildo. A loira de corpo robusto, movimentava-se para frente, e para trás, e a cada movimento ouvia-se um estalo forte como uma palmada, e no pequeno quarto 3x3m, o odor pútrido e enauseante daquela relação se espalhava e impregnava em tudo.

Beatriz estava nitidamente enojada com a situação, contudo, a forma com que fazia toda a performance com maestria e profissionalismo, indicava que tinha certa experiência com aquele situação e com aquele velho, a cada palavra misturada com os grunhidos de Edgar, a fazia apertar os olhos, mesmo assim continuava, afinal aquilo era o trabalho a ser feito, era um dos piores da casa, mas era o que pagava mais.

A garota recebia o triplo do valor de um serviço convencional, e por mais difícil que fosse encarar aquilo, precisava do dinheiro, pois sonhava em abandonar aquele lugar. Talvez comprar uma casa na capital e esquecer da vida em Vila Liberdade.

Sonhava em cursar moda, pois, nas horas vagas fazia croquis de belos vestidos, e numa velha maquina de costura abandonada nos fundos do bar, confecciona as próprias roupas, e fazia também peças para as amigas e colegas de trabalho. Beatriz juntava todo dinheiro que ganhava ali, e tinha certeza que não morreria naquela cidade, sempre acreditou que um dia estaria num grande evento coordenando o primeiro desfile de uma coleção desenhada por ela mesma, e era essa certeza que todo o tempo ruim passaria, pois, era apenas uma fase, dava forças para continuar suportando tudo aquilo.

Ao fim do corredor estava o quarto mais calmo e silencioso. Ghedi estava sentado na cama, Júlia acariciava-lhe as coxas, ao mesmo tempo que sussurrava palavras quentes ao pé do ouvido do homúnculo constrangido e desanimado, tombado de lado feito um bêbado escornado num muro por não conseguir se manter de pé.

— Isso não vai dar certo Júlia, me desculpe — ele disse.

A garota disse que não havia nada de errado e que aquilo era normal, mencionou até que geralmente tal coisa acontece quando a pessoa está sob estresse, Ghedi riu muito e disse que isso explicava tudo.

— Que pena, seria um prazer passar a noite com você, Ghedi — comentou a garota rolando entre os lençóis, observando o guia se vestir.

Despediram ainda sim com um beijo, Ghedi desceu as escadas, passou pelo caixa e pagou sua cerveja, despediu-se de Vanessa e caminhou para a saída, no momento em que Ivo estava entrando, se cumprimentaram e seguiram cada um seu caminho. O guia no entanto, achou estranho o jeito elétrico do policial que geralmente é mais calmo, estava caminhando mais rápido que o normal, e trazia no rosto uma expressão de medo, sem falar na palidez do rosto, contudo, todos os envolvidos no achado dos corpos estavam diferentes naquela noite.

Ghedi entrou em carro e colocou seus rádios comunicadores no banco do carona, em seguida levou a chave à ignição, mas não a girou, pois, viu Nala sair de um carro, que estava estacionado mais a frente.

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora