Paki estava mais calmo, mas ainda resmungava a respeito da filha a todo instante. Dizia o quanto ela foi irresponsável por produzir aquela matéria, e claro amedrontava a garota dizendo o quanto a mãe estava furiosa. O que era verdade, pois por intermédio de terceiros, a notícia se espalhou pela cidade, sendo assim Jamila ficou ainda mais preocupada que no dia anterior.
— Dois dias seguidos essa garota quase me mata do coração — a mãe esbravejou pelo rádio particular do casal.
Luena, sentada no banco do carona da viatura da guada florestal, usava o rádio do pai para se desculpar com a mãe. O guarda dirigia tranquilamente rumo a sua casa, mas foi obrigado a parar ao ouvir a sirene de uma viatura da polícia.
— Que merda é essa agora? — Paki parou o carro.
Mas dessa vez, após o atrito tenso com Edgar, o pai super protetor estava apreensivo, esperando o pior.
— Pega minha arma no porta luva! — ele ordenou, e a filha acatou, retirando um revólver cromado.
Luena pegou a arma com certo cuidado, trazia até a impressão de que deixaria a mesma cair, mas não aconteceu, entregou para logo ao pai, que puxou o cão e apoiou a arma ao lado da coxa e esperou, encarando o retrovisor.
— Ah, cacete! Será que ela não bate bem das ideias igual ao irmão? Só pode — o guarda relaxou, desarmou o cão do revólver e repousou a arma no colo. — Quer levar um tiro é? — gritou.
— Foi mal, eu não pensei direito — Respondeu Nala, se aproximando, apoiando-se na porta da caminhonete. — Muita coisa está acontecendo, estou ficando meio louca.
Luena sem querer deixou escapar um sorriso, por analogia ao comentário anterior do pai.
— O que aconteceu dessa vez? — questionou Paki — Pra você vir atrás de mim, algo sério deve ter acontecido, não é mesmo?
— Um policial encontrou outro corpo sem cabeça — disse a policial, sem rodeios —, cacete, essa arma é...
— Sim, a arma do Malik, a que ele usou no dia em que salvou a vida do seu namoradinho e a sua — o guarda a interrompeu —, mas vamos focar no agora, fala sobre a vítima.
Nala olhou para os lados, estava nitidamente apreensiva com tudo o que estava acontecendo.
— Aqui não, nos fundos da padaria da Eleonor.
— Uau, como nos velhos tempos! — Paki sorriu — Vai me contar o que vocês sabem sobre isso?
— Sim, vou buscar o Ghedi.
— Se por um acaso vocês esconderam esse tempo todo alguma informação que pudesse salvar meu irmão e não...
— Cala a boca, Paki, não fala merda — esbravejou a policial, arrancando outro sorriso de Luena —, aconteceram muitas coisas há trinta anos, e sim o Ghedi e eu sabemos de muita coisa, e eu sei muito bem que você sabe dos boatos da época.
— Bem, eu sei — Paki encarava o painel —, os mais chegados diziam que Ghedi e Nyuni invocaram um demônio.
— Exato, na Eleonor em quinze minutos, ok?
Paki concordou, deu meia volta com o carro e foi para o local indicado, enquanto Nala seguiu rumo a casa de Ghedi.
Em alta velocidade, não demorou muito a chegar na casa do guia, tocou a campainha, pois não podia arriscar usar o truque do rádio outra vez, a saber que Edgar sabia sobre aquilo.
— E-ei, bo-bom dia, Nala! — o pequeno Kito foi quem atendeu, não imaginava a sogra na porta de casa naquela manhã — Como, vai à senhora? Você? — tremia feito um filhote de cão com frio.
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Covardes Não Tem Final Feliz
Mystery / ThrillerGhedi é um guia turístico que conhece muito bem as matas que cercam Vila Liberdade, uma cidade que há 30 anos vive pacificamente. Contudo, num dia comum de trabalho, o guia encontra algo que levará a cidade novamente ao caos, como aconteceu no passa...