Descontrolado

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Já era perto das duas da tarde quando Nala terminou de analisar todo o dossiê deixado por Sandra. Leu e releu várias vezes, transcreveu tudo a fim de ter uma cópia. Alegrou-se tanto com todas aquelas descobertas e provas, que não se conteve, entrou na viatura e foi rumo a casa de Ghedi. Amara já havia chegado da escola, e até já havia almoçado, aproveitou a carona da mãe para ir ver o namorado.

Ao chegar, Kito informou que o pai não está, pois havia ido para o escritório. Nala então deixou Amara e partiu para o centro da cidade, deixando uma advertência a filha.

— Lembra do que conversamos ontem a noite né? — a filha concordou com a cabeça — Pois é, eu confio em você, na verdade eu confio em vocês dois — Nala cochichou, olhando para Kito parado a porta de entrada. — Eu só não confio nos hormônios de vocês, eles só pensam besteiras...

— Mãe! — sussurrou a filha fazendo careta — Eu tenho quase 16 — glorificou-se como se aquilo lhe desse, alguma credibilidade —, sei me cuidar, você me ensinou a me cuidar, não vou fazer besteira, não hoje — a garota sorriu.

— Eu sei, querida — a mãe retribuiu o sorriso, acariciando o rosto da filha —, é que... Enfim, independente de você ter quase 16 e ele quase 17, vocês ainda são dois jovens que confiam demais na pouca experiência de vida que têm, sendo assim escute a sua mãe, e se algo acontecer, sabe o que fazer. Não sabe?

Amara sorriu, um sorriso espontâneo e sincero, porém simples, mas carregado de muito afeto e respeito pela mãe.

— Sei sim, eu sei que não vai, e eu não vou mais falar sobre essa assunto... Que vergonha!

Após se despedirem, Nala seguiu para a cidade, mesmo estando animada e feliz, dirigia com calma, ouvindo uma música alegre, no banco do carona estavam, sua arma, o dossiê e a capa CD que estava tocando. Cantava alto e batucava no volante, mas um som familiar vinda de longe, ficando cada vez mais alto.

Era uma sirene, mas ela conhecia a sirene das viaturas policiais e aquela não era uma. Logo a curiosidade cessou, ao ver pelo espelho retrovisor uma viatura dos guardas-florestais em alta velocidade. Em questão de segundos, o carro a cortou e seguiu caminho.

— O que o deu no Paki? — a única coisa que a policial conseguiu ver com clareza foi o motorista.

Nala não fazia ideia do que estava acontecendo, mas pensando ser algo importante acelerou a caminhonete e seguiu a viatura que levava Luena para o hospital. Os guardas haviam usado o kit de primeiros socorros para reduzir o sangramento no abdômen da garota, que oscilava entre breves momentos de consciência e longos períodos desacordada no colo de Angela.

— Vai ficar tudo bem, meu amor — sussurrava Angela —, vai dar tudo certo.

No centro da cidade, Paki desviava dos carros e pedestres, diga-se lá com muita destreza. Não demorou estacionar o carro, todos desceram as pressas, e o pai correu para dentro do hospital com a filha ferida nos braços.

— Doutora! Socorro! Alguém me ajude aqui! — não foi preciso gritar muito, afinal a sirene ligada do lado de fora deixava claro alguma emergência estava a caminho.

Um enfermeiro trouxe uma maca, onde Luena foi colocada e levada mais adentro do hospital. Paki e Angela ficaram na sala de espera, desolados. Minutos depois Nala surgiu correndo pela porta, olhando de um lado a outro, até enfim encontra o guarda.

— Ei, o que houve? — perguntou ela, caminhando até o pai em prantos — Me diga, o que aconteceu? — Nala se ajoelhou frente a Paki aguardando a resposta, mas ele não conseguiu dizer sequer uma palavra.

— A Luena foi baleada! — disse Angela, cabisbaixa.

Nala se assustou com aquela informação, sabia que alguma coisa ruim tinha acontecido, mas não esperava que fosse com Luena — a coitada já não havia sofrido o bastante naquele lugar?

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora