Um Imitador Ou o Verdadeiro Assassino?

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No outro lado da cidade, Nala havia conversado com os turistas que estavam na mata pela manhã, porém não obteve nenhuma informação útil.

— Precisa anotar meu depoimento também né? — Ghedi caminhou pelo lobby, era o último a prestar "depoimento".

— Sim, será necessário — respondeu Nala sentada em um das muitas poltronas de estampas florais coloridas —, sabe quem são as vítimas, ou consegue imaginar quem são?

— Não, eu não faço ideia — Ghedi se sentou em uma poltrona de frente a Nala.

— Acha que é um imitador? Ou acredita no pastor sobre — Nala se inclinou —, sobre o "demônio"? — sussurrou.

— A essa altura, Nala — o guia se ajeitou no assento —, nós dois sabemos que aquelas marcas são de dentes bem afiados de um monstro que não é do nosso mundo, invés de punhal como Edgar supõe.

— Ele acha que há um cúmplice de Malik.

Nala voltou a repousar as costas na poltrona e deixou o bloco de notas de lado, afinal, não pretendia anotar aquela conversa, os dois sabiam que não havia imitador nenhum.

— Ele foi até a guarita dos guardas para intimidar Paki...

— Que idiota — Ghedi sorriu —, qualquer dia o Paki dará uma surra naquele velho que se acha um deus aqui.

— O que vamos fazer? — Nala encarava o teto, estava nitidamente cansada — Na que época, sabíamos quem estava ajudando o demônio, dessa vez não fazemos ideia de quem seja o maldito hospedeiro.

— Você é a policial, esqueceu? Vai fazer o seu trabalho normalmente, sendo exatamente descobrir quem é o culpado — Ghedi ainda se esforçava para parecer calmo —, enquanto isso eu vou ver meu tio Akin, ele deve saber de alguma coisa...

— Mas espera um pouco — a policial se inclinou novamente —, naquela época você invocou aquele monstro recitando algumas palavras estranhas, mas Nyuni se voluntariou para receber o demônio, caso contrário ele não conseguiria ficar...

— O que tem isso?

— Quem invocou o demônio dessa vez?

— É uma ótima pergunta — disse Ghedi —, porém, não sabemos se ele precisou ser invocado outra vez, ou esteve este tempo todo a espreita, talvez estivesse hibernando num outro hospedeiro, não sabemos de nada dessa vez.

O guia se levantou, estava de saída, mas foi impedido com a chegada e uma mulher eufórica, vestida de roupas pretas. Caminhava com rapidez em passos pesados e rápidos, que faziam suas duas tranças que dividiam os cabelos, sacudirem de um lado ao outro.

— O Paki me contou o que houve — disse a mulher ofegante, antes mesmo de chegar perto de Ghedi e Nala. — Luena está na mata...

— Ei, calma — tranquilizou Nala se levantando —, há policiais vasculhando a mata, ela vai ficar bem, e essa hora ele deve estar no clube ainda, entrevistando os membros.

— Uau, acha mesmo que eu vou ficar tranquila em saber que há um monte de policiais na mata? — ironizou a mulher — Minha filha é negra igual a mim e você Nala, sem falar que ela é uma garota trans, acha que eu devo ficar tranquila em saber que ela esta cercada de policiais?

— Nessa minha chefe tem razão — disse Ghedi sorrindo, ajeitando-se na poltrona —, boa Jamila, manda ver!

Ghedi de referia mulher recém-chegada como chefe, pois Jamila ocupava o cargo de secretária do turismo de Vila Liberdade.

— Obrigada Ghedi.

— Eu entendo você Jamila, minha filha também está na mata, só estou dizendo que...

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora