O Pássaro Enjaulado

63 18 143
                                    

Enquanto Paki dirigia agressivamente pelas ruas largas de Vila Liberdade, Nala ainda dormia, contudo foi acordada aos berros pela filha, que sendo esperta como a mãe, após ouvir o chamado de Edgar no rádio errado e a reação de Paki, havia compreendido o que estava acontecendo.

— Mãe! — a garota gritou invadindo o quarto da mãe — Acho que a Luena foi presa!

Nala se contorcia na cama como uma criança manhosa pedindo mais dez minutos de sono.

— Mãe! — outro grito, dessa vez a garota puxou o lençol fino que cobria a mãe — Acorda, por favor, O Paki deve estar indo para a delegacia!

Ao ouvir a última frase, Nala sentou-se com rapidez, arregalando os olhos, forçando-os a abrir.

— O que você está dizendo garota? — a policial estava confusa.

— Vi que a senhora estava muito cansada, então fui fazer o café, aproveitei para pegar o jornal — a filha jogou o exemplar sobre a cama.

— Puta merda! — assustou-se a policial ao ler a manchete — A Luena tem merda na cabeça?

— O delegado parece estar bêbado, como sempre — comentou Amara —, ele chamou você e o Ivo para irem à delegacia agora, mas — a filha fez uma pausa dramática —, ele disse isso no rádio da cidade, o Paki ouviu e xingou o delegado, ele deve estar indo para lá, porque se eu acho que o delegado prendeu a Luena, o Paki também deve ter isso em mente! — concluiu a garota, retomando o folego.

Nala levantou-se depressa, correu até o guarda-roupa e vestiu as primeiras peças que viu pela frente.

— Espero que vocês consigam pegar quem fez isso — comentou Amara se sentando na cama da mãe —, aqueles dois eram uns inúteis, uns lixos de pessoas, mas morrer daquela forma, que cruel.

— Espera — Nala encarou a filha —, você conhece as vítimas?

— Sim, são os meio irmãos, barra namorados!

A mãe, como se estivesse em serviço interrogou a filha, que julgou ser óbvio quem eram as vítima, pelo simples fato dos irmãos costumeiramente faltavam no clube para ir namorar e fumar maconha no gigante vermelho. Amara ainda fez questão de dizer que "o relacionamento dos dois nunca foi segredo nem no clube, nem na escola, os membros e alunos sabiam sobre eles".

— O Ivo estava certo então — murmurou Nala — Depois conversamos sobre isso, preciso ir agora, antes que tenhamos mais corpos no jornal de amanhã — pegou sua arma na gaveta de cabeceira.

— Que milagre mãe — comentou Amara sorrindo —, não dormiu com a arma debaixo do travesseiro essa noite, estava cansada demais ou distraída por ter se divertido à beça? Eu e a Amélia fizemos uma aposta sobre onde a senhora estava ontem a noite, mais tarde quero respostas! — A garota gargalhava descontrolada.

— Engraçado, pois ontem quando cheguei, Amélia me disse que a senhorita havia chegado quase uma hora depois do horário, com o kito — a mãe sorriu apertando os olhos —, e acho que ela mencionou um abraço, como foi mesmo que ela disse — pausou.

Amara acanhou-se, não sabia que a Amélia havia visto sua chegada junto a Kito, vindos direto do desfiladeiro.

— Diferente, isso, foi isso mesmo que ela disse, um abraço diferente — Nala deu um abraço apertado na filha —, quando eu voltar a gente conversa, vou chamar a Amélia para vir, se ela não puder eu chamo outra pessoa, ok? — a policial saiu com tanta pressa que nem deu "Bom dia" ao irmão, entrou na viatura e foi às pressas para a delegacia.

Nala não tardou chegar à delegacia, e coincidentemente junto ao policial Ivo.

— Que merda está acontecendo aqui? — questionou o policial ao ouvir gritos vindos do interior da delegacia.

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora