Visita Inesperada

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Todo o ocorrido referente a Ivo, foi um grande choque para aqueles que gostavam do policial e o respeitavam como um homem honesto, correto e temente a Deus. Edgar, porém não foi um dos que demoraram a entender toda a história, e sim não quis aceitar as acusações contra o policial que tinha como favorito, isso porque na ideia que tinha, se admitisse tais atrocidades cometidas pelo policial, estaria sujando o nome da corporação e perderia a credibilidade ante o povo.

Muitos pais que haviam recebido cartas de filhos dizendo abandonarem Vila Liberdade, dirigiram-se a igreja a fim de saber se havia ou não pertences de seus garotos em meio a toda bagunça de mochilas e roupas.

Como resultado, muitos familiares choraram juntando as peças de roupas de seus filhos. Edgar, não fugindo de sua normalidade, ordenou que todos fossem embora, pois tudo ali eram provas de uma investigação que estava em aberto, não poderiam contaminar e alterar cena do crime.

— Esses idiotas — o delegado comentou com um policial ao seu lado —, não veem que isso é uma armação? Obvio que o cúmplice de Malik está tentando difamar um bom homem, um exemplo de policial, e um exemplo de cristão... — o delegado pausou, observando Nala, que conversava com Jamal — Isso é coisa do Paki, e sabemos que "aquelazinha" ali estava bem irritada com o Ivo ontem por causa da filha, vamos ter que apertar o cerco.

O velho manco dirigiu-se até Nala, encarou a policial de cima a baixo e questionou como estava o andamento da investigação.

— Eu não tenho nada concreto, mas sabemos apenas que o padrão está se repetindo aqui.

— Isso eu já sei garota, cabeças estão sumindo...

— Não estou falando desse padrão — Nala sorriu —, digo a respeito de todas as vítimas serem falsos cristãos, vejamos.

Ironizou a policial, olhando para o homem que ainda estava pendurado a fachada da igreja.

— O casal de irmãos que além de cometerem incesto, zombavam e maltratavam os jovens da escola e do Clube da Mata, depois a Nathalia, que nem preciso dizer nada, afinal o senhor já teve de prendê-la algumas vezes, até agrediu um casal de turistas, e agora o nosso ilustríssimo Ivo, além de matar o pobre Hernandez, foi responsável pelo sumiço de inúmeros jovens, e pelo que percebo aqui pelos familiares, acho todos eram garotos negros...

Por ser mãe, Nala entendia a dor de quem perdeu os filhos. Se culpava por nunca ter desconfiado do parceiro, e por perder tempo demais na corporação focando nos casos comuns, que não percebeu que sempre fora afastada dos casos referentes a população negra de Vila Liberdade, população essa que jurou defender, afinal, foi para isso que se tornou uma policial, para fazer justiça aos injustiçados.

— Garotos vindos de famílias pobres, o perfil de família que não são muito levadas a sério numa delegacia quado denunciam o sumiço dos filhos.

— Está louca mulher? Levantando falso sobres aqueles que não podem mais se defender? — esbravejou o delegado, saindo em defesa de Ivo —, a partir de hoje, você está afastada, me entregue a arma e o distintivo, agora mesmo!

Nala não se segurou e soltou uma gargalhada, alta e espaçosa, com as mãos na barriga e nariz apontando para o céu, murmurando coisas como: "Você é demais Edgar, que senso de humor maravilhoso, adorei a piada!".

Edgar enfureceu-se ainda mais, e voltou a repetir a ordem, exigia a arma e o distintivo.

— Eu não vou te dar nada, seu velho filho da puta! — de um extremo a outro, a gargalhada se foi, a policial o encarou o velho com certa fúria que o fez recuar um passo — Ontem veio até mim, um garoto que eu nunca havia visto antes — mentiu, para proteger a identidade do garoto —, e ele me entregou um envelope, muito grande, e acho que, pela sua cara, você sabe bem quem mandou aquele envelope para mim, não sabe.

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora