O Encontro

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Na manhã de segunda-feira os moradores de Vila Liberdade não acordaram menos apreensivos. Antes das cinco da manhã Ghedi já estava de pé preparando o café para o filho que acordaria às seis, se arrumaria, faria o dejejum e por volta das seis e meia sairia rumo a escola. Não Longe dali, Paki olhava a filha dormir, parado entre o marco da porta, queria não ter que ir trabalhar, gostaria de poder ficar com a garota o dia todo, pois sabia que o dia anterior tinha deixado algumas marcas, provavelmente um grande trauma.

Nala também foi uma das que não conseguiu dormir direito, contudo, não quis se levantar da cama, até porque as segundas eram seus dias de folga, a intenção era deixar todo o trabalho para Amélia quando ela chegasse. Contudo não pode, teve de se levantar e preparar o café para a filha, por mais que ela conseguisse realizar tal tarefa, era um costume o café da manhã ser feito pela Mãe.

Tendo terminado os afazeres, a policial levou o lanche e os remédios do irmão, Dajan estava tranquilo naquele manhã, estava tão bem, que respondeu mais perguntas que o normal, só não deu o tão esperado sorriso, o qual Nala não via a muito, e ansiava por ele.

— O dia está r-realmente l-lindo — disse Dajan em resposta a irmã —, e o-brigado! — Nala, pensando ser pelo café apenas sorriu. — P-por tu-tudo! — o irmão sorriu, jogou os remédios na boca e bebeu do suco que estava na bandeja.

Nala entrou no quarto da filha, beijou-a na testa e anunciou que já estava na hora de tomar um banho, depois o café da manhã, e por fim esperar os gritos de Kito. A filha não tardou se levantar e cumprir com o ritual matinal. Kito também não demorou soltar os gritos como se estivesse em posse um microfone acoplado em uma caixa amplificadora. Amara se apressou, deu um beijo no rosto da mãe e disse amá-la, do lado de fora beijou Kito na boca, com tanto entusiasmo que não cabia espaço para palavras, nem um dos dois necessitava dizer o quanto estavam apaixonados.

Amélia chegou minutos após a saída dos jovens, por mais que fosse o dia de folga de Nala, a mulher fazia questão de ajudar a policial na faxina da casa, claro que o dinheiro a mais no pagamento mensal era seu maior motivador.

Tomavam café antes de começarem os trabalhos com os espanadores, quando ouviram uma batida na porta. Nala foi até a entrada, passando pela sala clara, iluminada pelos raios solares que entravam pelas janelas de vidro. Ao abrir viu um garoto de expressão desconfiada, olhava para os lados com muita frequência.

— Bom dia policial Nala — cumprimentou o garoto, que tinha em mãos um envelope alaranjado —, isso é pra você.

Nala pegou o envelope mesmo cismada com aquela situação incomum.

— O que é isso? De quem é?

— Há algumas semanas esse dossiê me foi entregue pela dona Sandra — respondeu o garoto, ajeitando o boné —, e as instruções era de entregar a você caso algo acontecesse com ela...

— Espera um pouco, não me diga quê...

— Sim, dona Sandra está morta — disse o garoto —, o corpo foi encontrado bem no meio da mercearia.

O rapaz explicou que uma das funcionárias que trabalham na mercearia havia encontrado o corpo em meio a bagunça de prateleiras tombadas e mercadorias derramadas no piso de cimento polido.

— Mas já adianto que não foi o tal assassino em série que a matou, afinal, a cabeça continua grudada ao corpo, parece que foi estrangulada - a garoto acrescentou.

Nala tinha muitas perguntas mais sabia que o garoto não tinha todas as respostas, então o deixou ir. Por um momento pensou que havia sido excluída daquele caso, porém lembrou-se nos dias de folga faz questão de desligar o rádio policial.

Covardes Não Tem Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora