Capítulo 31

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Eu desço junto com Bryan pelo elevador, meu coração acelerado de uma forma que não é boa, não consigo simplesmente ligar o James de hoje ao cara que eu conheci. Talvez, seja porque eu não conhecia ele o suficiente, todo o mistério por trás de James talvez tenha me cegado pra quem ele realmente era.

Eu chego ao térreo, minhas mãos estão trêmulas, eu sinto um calafrio que vem do nada. Queria poder negar a necessidade de ver o que o James quer, mas, infelizmente eu sei que a possibilidade dele ficar ali esperando até que eu saia é realmente grande.

— Me espera aqui. — Eu digo ao Bryan. — Qualquer coisa eu te chamo. Eu preciso resolver isso sozinha.

— Você tem certeza?

— Tenho. Obrigada pela ajuda, e pelo apoio, mas, eu quero resolver isso. Por mim,  por você,  por nós.— Digo e selo seus lábios com os meus, antes de me virar e partir pra longe do calor e da segurança  que ele irradia.

Eu sigo até o portão enquanto Bryan aguarda no hall, a cada passo que eu dou, eu sinto meu corpo ficar mais e mais nervoso, os calafrios mais frequentes, a mão mais trêmula, o coração que parece chegar a boca. Estou em frente a James. E não há nada entre nós. Eu olho para seu rosto e a única aceleração que eu sinto no meu peito de olhar pra ele, vem do medo, medo de não saber do que ele é capaz.

— Oi Alie.

— Oi James.

— Eu queria falar com você,  eu preciso... Pedir desculpas. Eu sei que agi mal, mas você tem que entender meu lado também.

— Eu não tenho que fazer nada, James.

— Não foi isso que eu quis dizer, deu tudo errado naquela festa, você, aquele cara me zoando... Só, deu tudo errado.

— Também deu tudo errado pra mim. Graças a você e era um dia importante. Minha amiga estava indo embora e tudo isso foi enevoado, pelo seu discursinho.

— EU ESTAVA BÊBADO.

— Você também estava bêbado quando fez aquele vídeo? Quando editou as filmagens da festa e se fez de coitado? Quando deixou todo mundo acreditar que o Noah era o grande vilão da história? Quando me marcou para que todos seus pseudo fãs alucinados pudessem vir atrás  de mim?

— Alie...

— Não me chama de Ali. Não me chame de Alicia. Não me chame de nada. Eu não quero você na minha vida, não quero você de nenhuma forma, não quero seu amor, não quero sua amizade, não quero nem mesmo seu coleguismo.

— Alicia...

— Você perdeu qualquer chance que um dia possa ter tido comigo, você é confuso, você é instável. E eu me cansei de sequer tentar entender você. Então chega, só vai embora.

— Eu tentei meu melhor por você.

— Seu melhor James? Seu melhor? Você brincava com meus sentimentos enquanto estava com outra menina, que tinha namorado ainda por cima. Você me dava esperanças e me deixava confusa sem saber o que você queria, sem saber se eu tinha errado em alguma coisa pra você agir dessa maneira. Se isso é o melhor que você pode dar pra alguém, nem quero saber qual seu pior.

— Eu amava você. Nunca brinquei com você.

— Eu vi James, eu vi. Eu fui te contar que minha mãe tinha acordado, mesmo depois de tudo. E eu te vi com ela. Não minta pra mim. Já  passamos dessa fase, não vou acreditar nas suas mentiras mais.

— Eu estava confuso.

— Eu não me importo.

— Eu amo você.

— Não. Você não ama. Você nunca amou. Só ama a possibilidade de me ter como um troféu. De me conquistar e me ter ali, disponível e esperando por você. 

— Você está errada.

— Estou? Eu tô errada? Me diga uma vez que você tenha me mostrado algo diferente. Você só me mantinha ali, porque era divertido me ter por perto, iludida, apaixonada. É tudo como um grande jogo pra você. Do dia que a gente se conheceu, até o discurso, o vídeo, tudo. Foi um grande jogo estúpido. Em que você brinca com a minha vida e com a vida das pessoas que eu amo. Você quer conquistar e conquistar e não  se importa de quantas pessoas você machuca no processo, contanto que você saia por cima. Mas a verdade é que eu não  quero participar disso, não estou disposta a ser uma peça no seu tabuleiro de xadrez do inferno.

— Não. Não... Alicia

— Você nem consegue argumentar James. Você sabe que está errado. Eu não tenho o que conversar com você.  Eu não quero você na minha vida, de forma alguma, nunca mais. Só quero que você me deixe em paz.

— Eu não quero te deixar em paz.

— EU NÃO ME IMPORTO COM O QUE VOCÊ QUER. QUE MERDA. VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU QUE NÃO É I CENTRO DO UNIVERSO?  EU ESTOU SEGUINDO MINHA VIDA E NESSE MOMENTO ISSO É TUDO O QUE EU QUERO.

Eu me viro pra sair de perto dele, essa conversa está  me fazendo mal de uma forma que chega a ser dificil explicar, mas não acaba fácil assim, claro que não.

— Eu não terminei de falar. — Fala James enquanto me segura forte pelo braço.

— Me solta.

— Eu vou fazer você entender.

James me agarra e encosta sua bica na minha. Meu mundo para e perde o foco, meu coração está tão rápido que dói no meu peito, meus olhos ardem com mais lágrimas do que eu sou capaz de chorar. Eu me debato, em completo desespero.

Até me afastar dele, a respiração parece presa na minha garganta, como se uma mão  me apertasse o pescoço. Eu olho pra James e seus olhos estão arregalados em completo choque. Sua boca está sangrando, aparentemente eu o mordi enquanto ele tentava me beijar. Eu sequer me dei conta.

Eu me aproximo dele apenas o suficiente para virar um tapa em sua face, que deixa vermelha sua pele branca.

— Nunca mais encoste em mim, ou eu juro que vou fazer da porra da sua vida um inferno.

Ele nem me responde, só fica ali, me olhando, embasbacado. Eu me viro e me afasto com os braços em torno de mim. Bryan está logo ali, tenho certeza que ele viu tudo e tenho vergonha.

Eu entro no meu prédio e ele me acompanha de perto, mas nem consigo olhar pra ele. Eu corro ao banheiro que fica no hall e simplesmente vômito tudo o que eu tinha no estômago. Minha respiração ainda é difícil, o mundo parece rodar.

— Alicia. Alicia.

Vejo o Bryan me chamar desesperado. Eu nem notei que ele estava me chamando. Sua mão segura a minha e tece círculos em minha pele.

— Respira fundo, comigo. Vamos. — Ele diz e eu obedeço.

Ficamos assim , por um tempo que parece durar uma eternidade,  aos poucos eu consigo voltar a respirar.

— Olha pra mim meu amor. Olha pra mim. — Ele pede. Mas não tenho forças pra isso.

Bryan então levanta meu queixo para que eu olhe em seus olhos verdes. Seu olhar é calmo. Pacífico. Como se toda a paz do mundo se encontrasse naqueles doces olhos verdes.

— Eu estou aqui com você. Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Ele repete vezes infindáveis. Meu coração demora, mas se acalma. No momento em que me desabo em seus braços num abraço desajeitado, é que o ouço dizer...

"Eu vou matar aquele cara."

Rockstar - Um músico na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora