Capítulo 44

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*Aviso de gatilho: esse capitulo contém cenas de violência física, verbal, citação de pedofilia e tentativa de assassinato.

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Eu não consigo fazer nada, não consigo falar, não consigo impedir o homem de entrar na minha casa e trancar a porta em seguida. Eu apenas fico ali, imóvel, tremendo, tentando buscar um ar que não vem, não importa o quanto eu me esforce.

— Já faz muito tempo que não nos vemos, Alicia, sentiu saudade? — Ele diz com um sorriso malicioso nos lábios. 

Estou tão apavorada, chocada e horrorizada que não consigo fazer ou falar nada, apenas fico ali, observando o homem que eu mais odeio no mundo todo, o pai da Nina, me olhando com aqueles olhos sombrios.

— O gato comeu a sua língua, meu bem?

Ele pergunta e continua me olhando com aqueles olhos azuis sinistros, eu até tento responder, eu realmente tento, mas, nada sai da minha boca.

— Eu perguntei se a droga do gato comeu a porra da sua língua, sua fedelhazinha. — Ele grita, e as lágrimas escorrem pelos meus olhos. Levo alguns segundos para perceber que ele sacou uma arma e que ela está apontada para a minha cara.

O mundo parece congelar nesse momento, minha cabeça está girando, tenho tanto medo que devo ter feito xixi nas calças a essa altura. Eu imploro aos céus que Bryan não saia do quarto, por tudo o que é mais sagrado, que ele não saia.

— Não. — Eu digo baixo, finalmente o respondendo, minha voz mal passa de um sussurro.

— Você sabe o quanto eu sofri por SUA causa? Quanto dinheiro eu tive que gastar para deixar as fofocas que VOCÊ fez como fofocas ao invés de deixar com que tudo se afundasse? Você É quase custou minha carreira, e eu dei muito duro para manter tudo, e agora, no fim de tudo... Eu fui preso por culpa de você.

Ele diz as palavras tão alto, balançando o revólver na minha direção, que eu estou simplesmente apavorada, horrorizada. Não tenho forças, mas preciso me obrigar a responder, eu torço para que a essa altura Bryan tenha ligado para a polícia. 

— Eu não entendo...

— Você sempre foi uma garota burra, sempre. — Ele diz e balança a cabeça como se estivesse decepcionado.  

— Como você está aqui...

— Estou aqui graças a uma ajudinha do seu pai... Sabia que a menina dele é linda? Mais alguns poucos anos e ela fica tão linda quanto você era, quando era criança. Eu teria dado o mundo para você, eu te amava, você é quem eu sempre quis, e você desprezou tudo isso. Agora, você é velha demais... Muito velha mesmo... Velha e feia, tão feia, tão sem graça — Ele parece divagar, nem sei se ele próprio sabe o que está dizendo.

— O que você quer dizer com uma ajuda do meu pai? 

— Eu estou com sua irmã, não aqui claro, ela está escondida, ela é tão linda. Eu disse que devolveria ela se ele me ajudasse a achar você e te pegar sozinha em casa. Preciso dizer que ele nem pensou duas vezes? Minha Nina me ajudou também, ela é uma boa menina, ela sempre me ajudou, a Nina.

— Você é maluco. — Eu digo dando um passo para trás. 

— Você não pode dizer isso, é tudo culpa sua, é tudo culpa sua. Você sabe o que fazem com pedófilos na cadeia? Eu vou te fazer experimentar cada dor que você me causou. 

— Eu não fiz nada para você, minha denúncia não deu em nada. Se você foi preso, não é culpa minha. 

— Não é culpa sua? Você começou tudo isso. Claro que você é a culpada. Você é como uma praga, como um veneno que destrói a vida de quem está perto de você. É por isso que ninguém quer ficar perto de você por que você destrói a todos.

— Isso é mentira!

— Tem certeza que é mentira? O que você fez comigo? Com a Nina? Você destruiu a nossa vida, veja sua mãe está numa cadeira de rodas, não está? Não é difícil saber quem é o culpado. Seu pai teve a filha tirada dele, tudo sua culpa, e o pobre James, a última vítima do seu joguinho sujo. Eu sei de tudo Alicia, eu sei de cada um dos seus passos. Eu nunca perdi você de vista.

Um arrepio gelado sobe por minha espinha nesse momento, eu não consigo respirar, não consigo pensar, não consigo fazer nada a não ser ficar ali, parada, ouvindo as coisas que ele diz, cada um dos absurdos que ele diz.

– Hoje eu vou cortar o mal pela raiz. Nunca mais você vai machucar ninguém, sua praga. — Ele diz e aponta a arma para mim. 

Seus dedos fazem movimentos rápidos, acostumado a mexer com esse tipo de equipamento. Ele destrava a arma e coloca o dedo no gatilho. 

Eu fecho os olhos preparada para o que vem em seguida, mas o barulho ensurdecedor não vem.

— Fica longe dela. — Eu ouço a voz de Bryan.

Poucos segundos e Bryan está em cima dele, meu coração parece prestes a explodir, eu grito, eu só quero que o Bryan fique longe desse homem, longe dessa arma, mas, já é tarde demais. 

O pai da Nina fica tão surpreso por eu não estar sozinha que não dispara a arma, por sorte Bryan é rápido o suficiente para chegar nele antes que ele se recupere, afinal, ele não teria como ser mais rápido que um tiro. 

Eles disputam pela arma, e quando ela cai aos pés dos dois, num baque surdo, eu levo um susto tão grande que, praticamente, caio de joelhos. 

Bryan troca socos, e apesar dele parecer estar levando a melhor, eu tenho minhas dúvidas, e isso me deixa ainda mais apavorada.

Eu tento me arrastar para perto da porta, lentamente, enquanto a briga continua. Mas, não é um trabalho fácil para alguém que está paralisada de medo. Quando eu finalmente chego em frente a porta eu me levanto suavemente, tentando ao máximo passar despercebida, mas não passo, um grito logo é ouvido por mim, o que acaba me fazendo olhar para trás. 

— Você não vai embora, sua putinha. — Eu ouço o pai da Nina dizer no momento em que eu abro a porta.

Em seguida, tudo acontece rápido demais, eu me viro para ele e só consigo ver que ele recuperou a arma porque ela está apontada em minha direção.

O barulho alto reverbera em meus ouvidos, eu fecho os olhos esperando a dor que não vem, no momento que eu abro os olhos a cena diante de mim é simplesmente desesperadora. 

O chão está sujo com sangue, Bryan está na minha frente, entre o pai da Nina e eu. A arma ainda encostada em sua pele.

— Você não vai encostar nela. — Ele diz, sua voz transmite a dor que ele está sentindo. 

Bryan, num último ato de desespero, acerta com força sua cabeça na do monstro em forma de homem, força o suficiente para fazer com que o homem desmaie, força o suficiente para que Bryan caia por cima dele, inconsciente. 

Rockstar - Um músico na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora