Capítulo 48

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Alguns dias se passaram, e, aquele homem continua a solta. Notícias apareceram nos jornais, repórteres saíram do fim do mundo para tentar falar comigo e com o Bryan que ainda está no hospital.

Chega a ser desrespeitoso o quanto essas pessoas conseguem ser invasivas. Ver minha cara estampando jornais, ver minhas intimidades expostas, segredos que preservei ao máximo jogados no ventilador, me tira do sério em alguns momentos.

Eu e minha mãe estamos ficando na casa da mãe da Brie, até que minha mãe "consiga resolver o lance da casa" que consiste em vender o apartamento em que morávamos a preço de banana, e comprar um lugar novo para ficar.

Eu não consegui voltar naquele lugar nem mesmo para pegar minhas coisas, que agora estão jogadas numa caixa, misturadas, e desorganizadas devido à equipe de mudança que empacotou meus pertences.

Tem estado difícil nos últimos dias, andar pela rua, sair, até mesmo ir para a escola se tornou uma tarefa árdua. Pelo menos, Nina e James não foram vistos por lá desde que esse assunto estourou.

Minha vontade, claro, é não pisar mais nesse lugar, mas, estou tão perto do fim das aulas que me obrigo a ir, a encarar os olhares e os sussurros por onde eu passo, até mesmo as pessoas menos discretas que me perguntam sobre o que aconteceu, mas, nem mesmo isso me faz parar de ir à escola, mesmo que isso seja um inferno.

— Não sei como você consegue, sério. Eu no seu lugar já tinha dado um chega para lá em toda essa gente. — Fala Tiff conforme nos dirigimos até a sala de aula.

— Para você é fácil falar né gata, você é lutadora e tal... — Diz Max.

— Não é sobre lutar, é sobre impor limites... Ouvi algumas meninas comentando coisas absurdas ontem... Como se elas tivessem algum direito de julgar ou de se acharem superior que alguém.

— Algumas pessoas são podres... Eu tento só não focar nelas e sim no fato de que falta muito pouco para tudo isso acabar. Não adianta pegar uma suspensão agora, ainda preciso passar nas provas finais, afinal.

— Eu ainda tenho minhas dúvidas se um futuro vale tudo isso. — Diz Tiff e nós três caímos na gargalhada pelo modo como ela falou.

Ⅱ ▶ —————•—————————— ↺

Saio da escola e os repórteres já estão do lado de fora me esperando, inferno. Não esperava que eles viessem atrás de mim até na escola agora, essas pessoas não tem limites, eles ficam feito corvos, em cima de mim, esperando por um furo de reportagem.

Cada minuto mais eu me canso disso, de toda a perseguição, de toda a inconveniência. Será que eles não percebem que eu sou a vítima? Que eles deviam estar atrás dos vilões e não de mim?!

— Senhorita Alicia, sou Aurora Bequoise do jornal da cidade, diz só uma palavrinha aqui para gente. — Diz um dos inúmeros repórteres que me seguem para onde eu vou. Mas, dessa vez, num rompante de raiva e exaustão, eu o respondo.

— Eu estou cansada de vocês, vocês ficam me perseguindo como se eu fosse a responsável por tudo isso, mas, eu não sou. Por que vocês não vão atrás das pessoas certas? Porque não vão atrás do homem que tentou me matar, ou da filha dele que me fazia bulling? Ou ainda, por que vocês não vão atrás do músico que vazou meu endereço para ele? Por que vocês não vão fazer algo de útil ao invés de me impedir de apenas viver a minha vida?

Eu digo e apenas saio correndo, com a respiração ofegante e os olhos ardendo com lágrimas que recuso chorar. Corro até chegar numa casa que não é minha e me tranco num quarto que não é meu, e ali eu desabo, mais uma vez, essa tem se tornado uma situação frequente na minha vida, me pergunto se um dia vou voltar ao normal.

No domingo, logo cedo, minha mãe me entrega um jornal. As páginas finas sujam levemente meus dedos de tinta, quando eu leio o título da manchete, meus dedos começam a tremer.

— Eu acho que você devia ler essa matéria. — Minha mãe diz.

Eu apenas aceno com a cabeça, antes de realmente por a ler.

      ʀᴏᴄᴋsᴛᴀʀ: ᴜᴍ ᴍúsɪᴄᴏ ɴᴀ ᴍɪɴʜᴀ ᴠɪᴅᴀ
por Aurora Bequoise

Todos sabemos a história de Alicia, uma jovem do interior que virou notícia nos últimos dias. Alicia quase teve a vida destruída após a tentativa de homicídio que sofreu do ex prefeito da cidade de Nova Barreira. Mas, a verdade vai muito, além disso.

Num ato de desespero corajoso, Alicia implora aos jornais, "porque vocês não vão atrás das pessoas certas? Porque não vão atrás do homem que tentou me matar, ou da filha dele que me fazia bulling? Ou ainda, por que vocês não vão atrás do músico que vazou meu endereço para ele?" Foram as palavras proferidas pela jovem na tarde da última quinta-feira. E foi exatamente o que fomos fazer, e descobrimos que o buraco vai muito além do que todos imaginávamos.

James Barrybell, o músico citado pela jovem, tem um passado conturbado. Filho de (adivinhem) um casal de políticos, James deu trabalho para a família desde muito novo. Aos 14 anos, o jovem chegou a ter uma passagem pela polícia devido à posse de drogas, e o mesmo chegou a ser internado por um ano em uma clínica de reabilitação. Dizem as más línguas que esse é o motivo do jovem Barrybell ter se mudado para a cidade que mais tarde seria o palco de tamanha confusão.

Somente mais tarde os destinos dele e de Alicia vieram a se cruzar, fontes afirmam inclusive que logo que a mesma chegou a cidade rolou um affair entre os jovens, deixando a dúvida, será que ter exposto o endereço da menina não passou de uma vingança barata de James?

Nossa equipe tentou conversar diretamente com James, mas, o mesmo se recusou a falar qualquer coisa, mas, não vamos desistir. Alicia está certa, passou da hora de irmos atrás dos verdadeiros responsáveis do que poderia ser uma grande tragédia.

Termino de ler o jornal chocada por tudo o que acabei de ler. Eu não esperava que alguém fosse realmente seguir o que eu disse. É errado eu estar aliviada de alguém ter realmente ido atrás dele?

Rockstar - Um músico na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora