Capítulo 38

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O resto do dia se passa sem maiores problemas, porém, meu coração está apertado pelo fim da aula, afinal, algo me diz que ainda não acabou, que Nina ainda me reserva mais do que eu posso imaginar.

Apesar dos meus amigos estarem ao meu lado, e, isso por si só já ser motivo de alívio, eu ainda tenho um medo irracional da Nina, algo que não tem explicação, um trauma devido a tudo o que ela aprontou comigo no passado. De qualquer forma não importa o motivo, o que importa é que me sinto travar apenas por estar no mesmo ambiente que ela.

Meu coração ribomba no peito conforme eu me dirijo a saída do colégio. Minhas mãos estão frias e suando. Ficar tão nervosa não pode ser algo bom, ainda mais no meu estado atual.

Eu paro quando meus olhos batem no muro ao lado do único portão de saída do lugar. Uma foto minha ampliada em várias vezes está abaixo de duas únicas palavras, "ladra mentirosa". Algumas pessoas estão paradas em frente ao cartaz, algumas passam reto, mas a maioria delas, apenas olha para mim, com o celular a postos, esperando pela minha reação.

Não chego a fazer nada, não preciso. Meghan toma minha frente, com uma caneta na mão e acrescenta a palavra "vadia" no cartaz. Algumas pessoas olham para ela com um olhar curioso no rosto e ela apenas da de ombros.

— Se é pra mentir, pelo menos vamos arrumar uma mentira interessante né. — Com isso a maioria das pessoas dá risada e acaba se dispersando.

A diferença entre essa escola e a antiga, é que lá Nina era a poderosa, a filha do prefeito, que tinha todos aos seus pés, enquanto aqui, ela é só uma caipira do interior. Só mais uma no meio de tantas, a maioria das pessoas já me conhecem aqui, o que também é uma desvantagem pra ela. É muito mais fácil colocar a escola toda contra alguém, quando todo mundo come na palma da sua mão.

Nós quatro continuamos nosso caminho para fora da escola, onde encontramos Nina finalmente, ela tem uma menina ao seu lado, que não tenho ideia do nome, ambas estão com o celular virado pro portão,  imagino que esperando minha reação,  para filmar e colocar naquela rede social famosa nos dias de hoje.

— Quantos anos você tem Nina? Parece que esqueceu que você não tem 12 anos mais, credo. Vê se cresce. — Eu digo, alto o suficiente pra que algumas pessoas deêm risadinhas.

Nina não responde nada, mas seu sorriso murcha e vira uma grande carranca. Parece que ela vai sair correndo e chorando a qualquer momento. Preciso dizer que a sensação é simplesmente incrível.

Ⅱ ▶ —————•—————————— ↺

Chego em casa depois da escola, exausta. Não só fisicamente por causa da caminhada, que apesar de não muito longa da escola até minha casa, tem me feito cansar, mas, principalmente exausta psicologicamente. Ter Nina aqui, é exaustivo, é toda hora ficar pensando no que ela pode aprontar e ainda que o fato dela estar aqui, não seja o mesmo que ter ela na minha cidade onde ela podia fazer o que bem quisesse, eu tenho medo, de como a sua presença pode repercutir na minha vida.

Eu estou tão cansada nesse momento que apenas me deito e durmo assim que chego na minha casa, nem perco tempo comendo, meu apetite anda péssimo nos últimos tempos.

Quando minha mãe chega do serviço ela vai direto até meu quarto e já trata de me acordar.

— Ei, você está bem? Tem dormido muito nos últimos dias e quase não tem comido. Quer que eu te leve no médico?

— Não precisa mãe,  eu estou bem, eu já fui no médico.

— Quando você foi no médico?

— Já tem alguns dias, mãe, eu já sou maior de idade, eu posso ir no médico sozinha.

Rockstar - Um músico na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora