Sob Minha Proteção[EM REVISÃO]

01

Maya Vinturino

A única coisa que queria na minha vida é a liberdade, mas adivinha? Com o pai que eu tenho, eu nunca terei o que quero. Se depender dele, eu morro trancafiada dentro do meu quarto. Ele me odeia, odeia minha irmã mais velha, odeia a mamãe, mas bajula minha irmã do meio. Ele sempre quis herdeiros homens, mas como só teve filhas, seu ódio pela mamãe é grande, como se fosse culpa dela. Pelo fato de minha irmã e eu sermos loiras, ele nos repulsa. Agora, minha irmãzinha, ele a ama porque ela puxou a ele.

- Maya, papai quer todos na sala, agora - foi só falar que ela brotou, destrancando a porta.

- Você sabe o que ele quer? - disse indo até ela, que me olhou com deboche. Eu a odeio.

- Se eu soubesse, não estaria aqui agora. Ande! - ela passou pela porta, descendo as escadas.

Desci as escadas atrás dela, minha mãe já estava lá, em pé, com a cabeça baixa. Eu odeio o meu pai, mas se eu falar um A, eu apanho até amanhã de manhã.

- Papai mandou me chamar? - parei ao lado da minha mãe, não olhando nos olhos deles. Ele me causa medo...

- Hoje à noite vai ter um baile de máscaras, você vai sair com o segurança, vai comprar um vestido decotado e uma máscara - engraçado ouvi-lo dizer isso, não era ele que achava minha blusa de manga longa vulgar.

- Mas, papai, eu não me sinto confortável mostrando meu corpo - falei o óbvio.

- Não quero saber o que você gosta ou não gosta. Você vai fazer o que eu estou mandando, vai sair pela porta e comprar a porcaria do vestido - ele diz autoritário, se levantando e vindo até nós. Olhei para Emma, que tinha um sorriso no rosto.

- Sim, pai - concordei com a cabeça. Ele mandou eu sair e fui rápida.

- Para onde, senhorita? - o segurança perguntava enquanto eu olhava a vizinhança. Nunca tinha visto ninguém por ali.

- Para o shopping, por favor - digo educada.

Peguei meu celular, e sim, eu tenho um celular que só tem o número do meu pai, da minha mãe e os das minhas irmãs. Só tem isso nele, e liguei para Kiara.

- Alô? - ela diz do outro lado da linha, com a voz um pouco rouca. Deve ter acabado de acordar.

- Bom dia, irmã, tudo bem? - olhei para o segurança, que dirigia olhando o retrovisor, me encarando. No caso, quando ele viu que eu olhei, ele desviou o olhar para a rodovia.

- Não, você me acordou - ri com o que ela disse. Kiara anda muito estressada ultimamente e é dorminhoca.

- O papai fez alguma coisa com você? Ou com a mamãe? - escutei algo cair no chão. Parece que ela se levantou.

- Não, Kiara, está tudo bem conosco. Eu queria saber se você vai nessa festa hoje. Papai mandou eu sair para comprar um vestido decotado - repeti a fala dele e pude escutar Kiara respirar pesado.

- Não acredito, ele não muda, Maya! Quanto mais os anos passam, parece que ele só piora. Eu deveria ter deixado o Enzo dar um tiro na testa dele.

- Kiara, vira essa boca para lá. Ele é nosso pai.

- Maya, isso pode ser chamado de pai? Eu cresci vendo ele bater na mamãe por minha causa, por eu ser mulher, e quando eu tinha 10 anos, ele me deu uma surra por causa de um copo quebrado. Quando a Emma chegou, ele gostou, mesmo sendo mulher, porque pelo menos ela é parecida com ele. Maya, quando você chegou, ele virou o cão. Ele despreza a gente com toda sua força, menos a vadia da Emma - Kiara tem razão, ele merece tudo de ruim, mas eu não consigo desejar a morte dele por ser meu genitor.