treze

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A cafeteria que eu escolhi não ficava muito longe do campo.

Ela parecia bem retrô e só tinha uns dois casais além de nós no lugar.

Me sento em uma das mesas perto da parede e ele senta na cadeira de frente pra mim.

- Você é bipolar, sabia? - Ele começa a falação. - Ontem a noite parecia até que eu tinha morrido pra você. Do nada agora tá conversando comigo. Aí tem coisa...

- Ah claro, me banca aí. - Brinco, mas ele parece levar a sério. - É brincadeira, tá bom? Não é isso.

- Sei... - Ele pega um cardápio, olhando meio debochado.

- Pra tua informação, eu tive um papo com o Martinelli depois da festa e...

- Parabéns ao casal. Felicidades. - Ele diz seco, me interrompendo.

- Caramba, cara. Me escuta. - Digo agora pistola. Me segurando pra não derrubar a mesa. Ele só da de ombros, olhando pro cardápio. - Seguinte. Eu falei com o Martinelli ontem e ele me fez abrir os olhos. Que eu precisava conversar esse assunto com você, mesmo que não queira.

- Eu sou pai? - Ele me olha espantado, deixando obvio a brincadeira.

- Nossa. Impossível conversar com você.

Eu já tava impaciente. Se eu tinha alguma esperança que isso ia dar certo, acabou tudo agora.

Até que ele percebe a minha frieza e ajusta a postura, ainda evitando me olhar.

- Eu sei o que você quer falar. E na real mesmo, eu até tô querendo falar sobre isso também. Mas eu tenho medo de falar merda e você entender errado.

- Tenta. - Cruzo os braços e as pernas, voltando atenção total a ele.

- Então tá... - Ele tosse fraco. - Eu tô ligado que você quer entrar num relacionamento pra casar e tal. Mas eu ainda acho muita pressão nisso ai. Eu gosto muito de você, mas tô com medo de te decepcionar, se liga?

O jeito que ele falava, parecia uma criança de 5 anos se confessando pra namoradinha. E poxa... Aquilo era fofo.

- Entendi. - Respiro fundo. - Acho que eu te assustei mesmo.

O vagabundo concorda e eu me seguro pra não pular em cima dele.

- Enfim. - Eu paro um pouco antes de falar. - Vou tentar explicar melhor o sentimento que eu tenho, ok? - Ele concorda. - Eu não quero me casar agora. Eu só quero ficar com alguém que pense em se casar, pelo menos antes dos 30.

Ele para um tempo, parecia estar pensando um pouco. Então finalmente me olha.

- Então você não quer se casar agora?

- É. Mas isso não é desculpa pra pegar metade da população mundial.

- Te manca, eu não sou assim não.

- Será que vendem óleo de peroba pra tua cara de pau? - Olho ao redor, como se procurasse pelo garçom. Ele ri, me chutando de leve.

- Poha. Ah, eu sei lá. Eu só sei que até que valeria a pena deixar os contatinhos por você.

- Nossa. Me sinto lisonjeada. - Ponho a mão no coração, debochando. E ele ri de novo, jogando a cabeça pra trás.

- Mas falando sério. Eu nunca conheci alguém como você, S/n. Bonita por dentro e principalmente por fora - Ele ri sacana, e depois todo idiota.

- Mas é palhaço mesmo viu. - Seguro uma risada. - E o que você mais gosta em mim, hein?

- Eita. Assim do nada? - Ele se ajeita, parando pra pensar. - Acho que... O seu cheirinho. Ainda mais o de quando você acorda. Gosto de como você se importa com quem você gosta. E quando sorri das minhas piadas. E também de como você me deixa louquinho, só em olhar pra mim...

Mina de Ipanema || RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora