- O de sempre, por favor.
Sempre tive vontade de falar isso, e ainda em inglês, meu parça. Eu tô é num filme.
O garçom me olha nervoso e só acena a cabeça, saindo após pegar o pedido do Richarlison.
- Você veio aqui outra vez? Sem mim? - Richarlison pergunta, se ajeitando na cadeira.
- Não, ué. Só com você.
- Oxi. E como ele vai adivinhar o seu pedido se a gente só veio aqui uma vez?
- O que vier tá bom
Ele me olha espantado, rindo do que tinha acabado de conhecer e eu solto uma risada gostosinha, toda brincalhona.
- O pobe vai ficar traumatizado contigo. Nunca mais vai te atender.
- Eu hein. Posso nem mais realizar um desejo meu?
- Mulher é estranha.
- Homem que é chato. Sabe nem ser romântico...
- Como é que é?
- Peguei na ferida?
Eu só tava dando patada. Senti até pena dele.
Seguro a sua mão, sorrindo com uma expressão de "desculpa" e ele puxa a mão pra si.
- Você vai ver viu, bichinha.
- Tô vendo já. Tenho olho.
Ele bufa alto, erguendo as sobrancelhas num sinal de que sua paciência estava esgotando e eu rio da sua reação, cutucando seu abdômen pra tentar fazer cosquinha.
Richarlison segura a minha mão, rápidamente, e entrelaça os nossos dedos, logo olhando nos meus olhos.
- Só quero ver você tentar se segurar depois de eu ser "romântico" com você.
Ele faz as aspas com a mão livre e eu semicerro os olhos, sorrindo.
- Coitado. Vai passar vergonha.
- Você que pensa neguinha. Você que pensa.
Sorrimos um pro outro e nos dispersamos ao ver a nossa comida chegar, o que me surpreendeu ao ver que era o que eu tinha pedido da última vez que vim com o Richarlison.
...
Um semana se passou e como resumo eu posso dizer que me aproximei mais do Martinelli na amizade. Ele era um doce apesar de parecer um pouco imaturo.
O Richarlison sentia ciúmes de vez em quando e em algumas noite discutíamos sobre isso, mas graças a Deus consegui deixar claro pro maluco que eu só queria amizade com o menor e que não dava pra comparar isso com o que eu tenho com ele.
Acho que por causa dessa situação, o lance do "ser romântico" foi adiado. O Ri continuava fofo, mas ele matinha a determinação e foco nos treinos.
Não tô reclamando. Pelo contrário. Eu admiro muito o esforço dele em dar o melhor pro time. A humildade e carinho que esse cara tem é o que mais me atrai nele.
E hoje, pra melhorar minha situação, era um dia antes do jogo.
Eu não sabia se ficava mais ansiosa com o dia de amanhã ou com a chegada da minha melhor amiga no Catar.
Pego o meu celular e tento ver se ela dá algum sinal de vida, até que me responde.
~ Whatsapp ~
Carmen💕- Cadê você guria?
- Amiga, cê nem vai acreditar...
- A merda do segundo avião adiou
e agora eu tô presa aqui em SP.- Tá brincando com a minha cara né?
- Tô te falando mulher
- E tu tem lugar pra ficar aí? Me diz
que qualquer coisa eu te mando PIX
pra ajudar no hotel- Argh... Esquenta não, amg
- Vou ver se consigo ficar na
casa de uma amiga minha que
mora aqui- Tem crtz? Se cuida pfvr
- E me avisa se alguma coisa acontecer- Pode deixar, bem
- Você vai ser a primeira a saberAquilo me deixou mais nervosa do que eu já tava.
O dia já tava maluca com o jogo de amanhã e uma notícia dessas não ajudava
E então. Chegou o grande dia.
Titulares no banco. Reservas no campo.
Já estavamos classificados pras oitavas e o Tite decidiu que os titulares deveriam descansar e que também evitassem qualquer machucado.
Eu estava no mesmo lugar de sempre. Agora sozinha, sem nenhum conhecido ao redor. Gente que eu nunca vi na vida, apenas.
Eu só ignoro esse fato e foco no hino nacional que estava a tocar.
Minutos depois, o apito é soado sinalizando o começo do primeiro tempo.
O jogo começa acirrado. Tentativas de gol pra um lado, tentativas de gol pro outro.
Só conseguia notar no quanto o Martinelli praticamente voava pra levar a bola pra perto do gol.
Ele com certeza se destacava na velocidade entre os jogadores em campo.
Mas não parecia ser o suficiente.
Passou o primeiro tempo e nada.
Apenas a ansiedade dos torcedores do Brasil que mesmo sabendo da classificação antecipada, queriam ver o seu time ganhar.
Mas no segundo tempo não foi diferente. O jogo até parecia parado, cansativo.
Só conseguia escutar outros torcedores dizendo: "Se a gente fosse depender dos reservas, a gente tava acabado".
Eu fiquei chateada, com certeza. Estavam falando da familia do meu homem. Mas decidi apenas ignorar, focando no jogo.
E o segundo tempo não foi como o que estávamos acostumados. Não teve gol do Brasil pra dar aquela esperança.
Na verdade, nos dois minutos de acréscimo do segundo tempo, o bendito do jogador de Camarões marcou.
E assim escutamos o apito de novo, sinalizando o fim do jogo.
A torcida não deu muita importância por causa da classificação, mas dava pra sentir o peso da decepção.
E caramba, perdemos pra Camarões???? Poxa hein.
Desço as escadas e vou até o portão onde costumavam sair os jogadores do Brasil, depois de se arrumarem.
Richarlison sai com a feição triste e eu o abraço, sem dizer nada por um momento. Quando então vejo o Martinelli saindo.
- Posso ir falar com ele?
Pergunto por Richarlison que olha pro mais novo, logo concordando com a cabeça.
Vou até o Martinelli e abro os braços. Ele me recebe, abraçando por cima, apertando bem forte.
- Eu vi cê voar hoje, sabia?
Tento roubar uma risadinha dele e ele dá um, sem graça.
- Você acha?
- Claro! Você parecia o flash no campo.
Ele ri tristonho, se afastando de mim.
- Valeu, S/n. - Ele corta a conversa mais rápido do que eu esperava. - A gente se fala.
Martinelli passa por mim, indo até o ônibus da equipe, me deixando lá, plantada do lado do Richarlison.
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Fala gatinhos e gatinhas
Comentem o que acharam do cap, to aceitando feedback
Um chero na mão de vcs 😘
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Mina de Ipanema || Richarlison
FanfictionOnde S/n Silva é uma influencer famosa e faz todos cairem de amores a sua volta. Mas a fama sempre tem um preço... Ou Onde Richarlison, jogador da seleção brasileira, busca algo novo na vida e esse novo as vezes pode decepcionar. Ou não 🤨 início: 0...