vinte e dois

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Já anoitecia e eu ainda estava sentada no chão com o notebook no colo, fazendo algumas edições.

Martinelli estava na cadeira, escorado na parede, enquanto mexia no celular.

Minha cabeça começou a batucar sobre o dia da caminhada, quando ele estava triste, querendo dizer algo, mas até hoje não disse. Agora do nada ele aparecer todo felizinho... Moleque parece até bipolar

Eu não podia ser muito direta, então decidi ir devagar até arrancar alguma informação dele. Olho pra ele de canto e limpo a garganta antes de falar.

- E ai... Alguma novidade?

Ele da de ombros, ainda olhando por celular.

- Não exatamente.

Não exatamente?

- Pode ser mais específico? - Solto uma risada fraca.

- S/n... Posso te pedir um concelho?

Do nada ele deixa o celular de lado, colocando os cotovelos na coxa, se aproximando um pouco.

- Pode ué. Tô aqui pra isso.

- Okay... Digamos que, hipoteticamente, eu conheci essa garota. E ela é muito legal. Divertida, simpática.

- Mas?...

- So que ela... Tá ficando sério com um cara. E...

- Uepa. Espera ai.

Abaixo um pouco a tela do notebook, fitando o garoto confusa. Que maluquice era essa que ele tava falando?

- Deixa eu terminar! - Ele diz, rindo e eu confirmo. - Ela deixou bem óbvio que tá sofrendo muito nesse relacionamento. Ela mesma me disse. E apesar de a gente ter se conhecido a pouco tempo... Eu senti uma química surreal com essa garota.

Ele tá falando de mim?? Na cara de pau?? Ou eu não tô sabendo de alguma coisa?

- E eu acho que ela sentiu o mesmo por mim, então...

- Isso é indireta pra mim? - Digo na lata, apontando pra mim mesma.

- O qUe??

Ele fica paralisado. Um silêncio se paira no ar, até ele falar.

- Não, credo. Acho que você nem conhece ela.

- Me respeita, garoto - Rio, nervosa. - Então... O que você queria dizer pra mim naquele dia da caminhada? Você não tava decepcionado nem nada?

- Caminhada? - Ele para um momento pra pensar. - AAAH, no elevador? Nãao, não era com você... Eu só tava triste pelo jogo. Eu queria continuar conversando com você pra ver se eu melhorava, mas eu nem tinha tempo mesmo, já que precisava resolver umas coisas. So que quando eu conversei com a Olivia, eu...

- OLIVIA??? - Olho espantada pro Marti, me lascando de rir depois.

- Você conhece ela?

- Eu que te pergunto! Como conheceu ela?

- Ela foi pro treino com uma outra menina. A gente bateu um papo muito legal, e acabamos pegando o contato um do outro... Mas como você conhece ela?

- Eu deveria virar cupido viu.

Deixo o notebook de lado, me levantando para pegar um pouco de água.

- Eu conheci ela no jogo da Coreia. E posso te dizer, essa menina vale muito a pena. Se eu fosse você, investia.

- Mas eu acabei de conhecer ela... E ela tá com esse ficante ai que nem da bola pra ela.

Chego perto dele, me sentando na outra cadeira e entrego um copo com água.

- Então dê bola, meu bem. Fique do lado dela. Mostra quem presta na fila do pão.

- Você acha?

- Eu tenho certeza.

Ele segura minha mão, com um olhar de gratidão e lança um sorriso bobo.

- Obrigado, S/n. Te devo uma.

Do nada a porta abre com uma certa força. Richarlison apareceu, nos vendo ali parados. Seu olhar vai até nossas mãos que ainda estavam juntas.

Me afasto da mão do Martinelli, mostrando um sorriso torto pro Richarlison.

- Eu tô atrapalhando alguma coisa? - Ele desvia o olhar, entrando.

- Como foi o exame? - Pergunto, ignorando o que tinha acontecido.

- Tranquilo.

Ele diz seco, enquanto tirava os sapatos.

- Eu vou indo então... Depois a gente se fala S/n.

Martinelli se levanta e passa por Richarlison, com um sorriso nervoso.

O Richarlison só ergue um pouco a cabeça e então fecha a porta quando Martinelli passa por ela.

Richarlison entra no quarto num silêncio gélido, deixando a bolsa perto da entrada.

Ele se vira pra mim e respira fundo. Seu olhar parecia cansado.

- Você já jantou? - Ele pergunta, ainda parado em pé.

- Ainda não... E você?

- Vou pedir serviço de quarto, então.

Concordo e ele vai até o interfone, pedir algo para comermos.

Quando a comida chega, colocamos no chão e sentamos lá mesmo, para comer.

- Aconteceu alguma coisa hoje pra você tá assim?

- Só tô cansado. Não parei um segundo.

- Quer conversar sobre?

- Só queria saber o que o Martinelli tava fazendo aqui.

Ele parecia dar de ombros, mas a sua entonação deixava óbvio que tava zangado.

- Ah... Ele só passou pra conversar um pouco. Acabei de descobrir que ele tá apaixonadinho pela Olivia. Aquela nova amiga que eu fiz, lembra?

Olho pra ele, atenta a qualquer tipo de reação. Mas ele continua o mesmo, comendo umas batatinhas.

- Eu também fiquei sabendo da modelo que passou no treino de vocês. Soube até que você virou alvo dela.

Digo brincalhona, me permitindo até a dar um sorrisinho. Eu tava me lascando de ciúmes só em pensar na cena, mas escolhi ficar mais descontraída. Eu seria hipócrita se sentisse algo assim. Não é?

E o oxigenado só da de ombros de novo. Todo cínico. Aquilo começou a me estressar e dessa vez eu não vou mais deixar isso passar despercebido.

- Se você não falar o que tá rolando, é melhor você ir pro seu quarto.

Finalmente ele me olha, mas ainda sério.

- Acho que eu não tô preparado pra essa conversa.

Ele deixa as coisas no chão e se levanta.

- Desculpa. Depois a gente fala sobre isso.

O vejo pegar suas coisas e sair pela porta.

Eu realmente não estava esperando por isso. Um dia desses estávamos todo de namorico e do nada isso?

Minha cabeça explodia com todas as possibilidades do motivo da sua atitude. Aquela bendita onda de insegurança...

E o pior de tudo...

É que isso não durou só essa noite.

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O que vocês tão achando? Parece que ta indo muito rapido?

KAKAKA sei de nada viu.

Feliz nataaaal! Boas festas pra vcs 🌹

Mina de Ipanema || RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora