vinte e oito

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- Tá querendo ajuda aí não?

Dou um pequeno pulo pelo susto. Eu tava cortando cebola e o sem noção fala no pé do meu ouvido, atrás de mim.

- Eu não quero é cortar meu dedo! Sai fora, eu hein.

Ele dá uma risada, deixando um beijo na minha cabeça antes de sair para sentar no banco do balcão.

- Eu só me lembro do dia que você foi lá na minha casa do Rio pra treinar. Esse "sai fora" não saia da sua boca.

- Também?? Você não parava de dar em cima de mim.

Ele deu uma gargalhada, parecia até nostálgico.

- Foi naquele dia que você começou a gamar em mim? - Ergo uma das sobrancelhas, dizendo maliciosa.

- Você nem sabe, né? Eu sabia de você antes da festa do Ney.

- Mentira! Você disse que não me conhecia!

- Era cantada, né gata? Mas acabei levando um fora. O lugar lá chega ficou frio do gelo que eu levei.

- É dramático mermo, viu? Eu não sou tão fácil assim não meu fi. Você que vacilou.

- Verdade. Eu deveria ter investido bem antes. - Ele me olha de cima a baixo, limpando a garganta. - E você? Apaixonou em mim quando?

- E quem disse que...

Antes que eu pudesse completar a frase ele já ergue a sobrancelha, se levantando do banco de repente.

- Comé que é, S/n?!

Eu não aguento e me acabo de rir, deixando a faca de lado pra não fazer besteira.

- Tô brincando! Eu hein! - Respiro fundo pra recuperar o fôlego. - Acho que no dia do treino na sua casa, que você me chamou pra ir pro Catar. Acendeu uma chaminha.

- Só por que eu ia te bancar? Sua interesseira. - Ele ri, brincando.

- Não, seu maluco. Porque você parecia querer mais do que só ficar. Chamar pra uma viagem é algo sério, cê não acha?

- Te juro que eu nem sabia o que tava fazendo. Só sentia que se eu te deixasse passar, taria perdendo ouro.

- OWWWN ELE TODO FOFO.

Vou até ele, passando meus braços pelos seus ombros com um sorriso largo nos lábios.

- Mas eu te juro. E já te contei isso. Eu tô cansada de viver momentinhos. Quero viver algo pra vida, sabe? - Digo, olhando com carinho o rosto dele.

- Sei... Acho que tô começando a entender um pouco. Eu só...

- Você tem medo de atrapalhar a carreira?

- Um pouco, sim...

- Ué. Mas você não vê o Messi? Ele tem uma família grandona, até.

- Nisso você tem razão... E o baixin é fera.

Dou outro sorriso largo e ele retribui, logo beijando meu sorriso.

- Bora terminar esse almoço, que ele não vai se fazer sozinho.

Dou tapinhas nas costas dele e me viro pro balcão, pra terminar o preparo.

...

O almoço foi tudo de bom.

Um fricassê de frango com arroz e uma salada crua maravilhosa. E que molho perfeito esse que ele tinha em casa.

Ainda não podia faltar a coquinha gelada na mesa. Um litro foi embora rapidinho.

Mina de Ipanema || RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora