A continução...

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Wed:

Depois daquele primeiro abraço que rolou entre nós, algumas coisas mudaram dentro de mim...

Com todo aquele tumulto a nossa volta eu não conseguia raciocinar, a única coisa que eu sentia era um alívio tremendo de ver aquela loirinha agarrada em mim como se eu fosse o ser mais precioso do mundo pra ela, ela me protegia de todos toques físicos que se aproximavam como se eu fosse uma coisinha frágil, e por mais que eu soubesse que ela também precisava dos meus cuidados, eu estava gostando...

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Se passaram um mês desde que tudo aconteceu, e eu voltei enfim para o meu refúgio, só não saberia que mesmo estando no meu lugar preferido pareceria que faltava algo, ou nesse caso, alguém...

Minha mãe não desgrudava de mim, eu sabia que uma parte disso era super proteção, e por mais que eu tenha dito que todos aqueles acontecimentos de precisar desafiar a morte me fez bem ela não estava satisfeita...

- Minha filha, eu sei todas as emoções que teve nesses últimos meses, mas você está "estranha"

- Mãe, para.
Por mais que eu adore todos esses elogios diários, não aguento mais as suas insinuações e do papai de que tenha algo diferente em mim; continuo odiando tudo e todo mundo, obrigada!

-Tudo bem minha filha, já que você diz, ok... Mas lembre-se: um Addams nunca sente medo de dizer o que vem a mente...

- Já entendi, e sei a que está se referindo, e não, não tem nada a ver... Cansei dessa conversa, vou procurar o feioso para me ajudar a treinar arco e flecha...

Depois dessa conversa, por mais que eu odeie admitir eu preciso parar de pensar na escola, e tudo que ela me trouxe nesse último semestre, nesse caso, acho que vou desenterrar o meu irmão já que aquele inútil não consegue se soltar desde depois do almoço...

[...]

Meu dia foi agitado, antes do jantar eu e feioso voltamos, mas ele não parava de reclamar...

- Papai, Wandinha não tá muito bem não...

- Porque meu filhinho?

- Por que ela me desenterrou e depois disso errou a maçã que estava na minha cabeça.

Eu fuzilei feioso como aquela flecha deveria ter acertado a maçã na cabeça dele...

- Minha nuvenzinha carregada, você quer falar pro seu papai porque desenterrou o seu irmão antes do dia virar?

-POR MERLIN, EU NÃO AGUENTO MAIS... VOCÊS ESTAO ME SUFOCANDO...

Assim que eu disse essas palavras em alto e bom tom me arrependi no mesmo instante, todos me olhavam boquiabertos com minha falta de controle, e por mais que isso me corroa por dentro, eu não os julgo, pois até eu fiquei assustada... depois disso subi para o meu quarto como se nada tivesse acontecido.
Quando cheguei não meu quarto escutei um som estranho que parecia de uma vaca mugindo. Eu tinha me esquecido daquele troço que o Xavier havia me dado no último dia de aula, pois logo depois que aquele stalker me enviou aquelas mensagens deixei ele de lado.
Resolvi descobrir por qual motivo aquele negócio não desligava, já que desde que eu cheguei nunca coloquei pra carregar um só minuto, mesmo eu sabendo que minha mãe ao me buscar tenha falado com Enid, e a mesma implorou para que ela não deixasse eu esquecer de carregar essa coisa... Eu fiz questão de esquecer, já minha mãe...

Tinha nada mais e nada menos do que 37 mensagens da Enid, 15 mensagens do Eugene, 7 mensagens do Xavier e 2 mensagens de um número desconhecido...

Contornando todos meus instintos (ou não) fui abrir primeiro as mensagens da Enid, e elas se resumiam em:

-OIIIEEEE, COMO ESTÃO AS FÉRIAS?
-ESTOU COM SAUDADES!!!
-ADDAMS, VOCÊ PRECISA APARECER, TENHO NOVIDADES...
-OWNN NÃO AGUENTO FICAR SEM FALAR COM VOCÊ, APARECE, POR FAVOR...
-QUAL É WANDINHA? VOCÊ CONSEGUE DIGITAR UM LIVRO NAQUELE TRECO BARULHENTO, MAS NAO CONSEGUE DIGITAR UM MÍSERO "OI" ???
[...]

Fora essas mensagens tinham várias outras dela me chamando pelo nome, e aparentemente gritando muito...
E tinha algumas mensagem em áudio que por mais que eu odeie admitir eu dei vários sorrisos, eu não sabia que sentia falta das "boiolagens" da Enid.

Depois de relutar muito, eu acabei digitando uma coisinha pra ela...

"Enid, eu odeio tanto não precisar odiar sua alegria matinal de todos os dias"

E como se ela estivesse esperando uma mensagem minha, respondeu de prontidão:

"Addams, eu também sinto sua falta, e faltam exatamente uma semana para voltarmos a nos ver, estou ansiosa"

Mandei uns emogis pra ela de um coração preto e um lobo, era o máximo que ela teria de mim naquele momento, sorri e deixei o celular de lado sem olhar as outras mensagens.

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Faltavam apenas um dia para eu voltar para aquela escola que eu odiava, eu não avisei a ninguém que voltaria...
Eu estava arrumando minhas coisas quando minha mãe bateu na porta.

*Toc toc toc

- Pode entrar.

- Minha filha querida, podemos conversar um pouco?

- Senta aí... Acho que não tenho muita escolha.

- Abaixa essa guarda Wandinha, você sabe que eu, mais do que ninguém sei o que está acontecendo com você, e me senti decepcionada de você não confiar em nós o suficiente para abrir esse coração gelado.

- Não adianta elogiar mamãe, mas diz aí então o que está acontecendo, por que nem eu mesma sei...

(Eu disse essas palavras com um sentimento que eu não sabia o que era, mas ao dize-las, parecia que eu estava implorando para que minha mãe tirasse aquilo de mim)

Ela me surpreendeu com um abraço, e eu respondi a abraçando também, eu precisava daquele carinho, eu não consigo admitir, mas amo aquela mulher, amo aquela família com todas as minhas forças...
(Por Zeus, o que estava acontecendo?)

Depois de muitos minutos que pareciam que minha mãe estava concertando cada pedaço de mim, ela me soltou, pegou meu rosto em suas mãos, deu um beijo na minha testa e disse as palavras que eu tanto tinha receio de algum dia escutar...

- Minha pequena tempestade, eu tenho certeza que você está apaixonada...

*___*

Enid:

Aquela saudade estava me rasgando por dentro, eu sentia falta da Wandinha mais do que qualquer um naquela escola, falta até mais do que a Yoko.
Eu mandei várias mensagens para ela, não sabia se ela estava vendo e ignorando, ou se não sabia mexer no celular que ela tinha acabado de ganhar.

Passei todos os meus dias tentando me distrair, mas nada parecia tão bom do que imaginar o que ela estivesse fazendo nessas férias inteiras, ou pensando, ou vestindo, ou só existindo...
Eu sentia falta dela mais do que consegui dizer pra ela na unica vez que ela me enviou uma mensagem, eu tinha tantas coisas para dizer, tanto a me expressar, mas só consegui dizer que também sentia falta dela, e tentei esconder que estava contando os dias para ver aqueles olhos negros fitando os meus.

*WENCLAIR* Sonho ou realidade? Onde histórias criam vida. Descubra agora