O reencontro

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Enid:

- Sinclair, todo santo dia você queria que ela acordasse, tem dois dias que ela acordou e você ainda não foi lá...

- Eu sei Yoko, só que eu não consigo ir tá legal?

- Que porra Enid, todos estamos indo ver ela, o único que não sai do lado dela praticamente nesses dois dias são Xavier e Eugene, e olha que Eugene odeia hospital.

Eu não queria ir, mas Yoko estava certa, ela acordou com a graça dos deuses e eu ainda não pisei lá.

Não que eu não quisesse ve-la, ver seus olhos, sentir sua respiração... Mas eu tinha medo da rejeição, sua mãe já tinha me falado que não seria fácil.

- Tudo bem, eu vou hoje beleza?

- Belezaaaa, vou avisar os meninos, quer que alguém vá com você?

- Se você quiser pode ir comigo.

- Combinado então lobinha.

Passei o dia se me concentrar em nada, e no caminho até o hospital Yoko resolveu me falar algo que deveria ter me falado na escola:

- Nid, seguinte: eu te falei que todos os dias estávamos visitando ela, mas acontece que até agora ela não olhou e não falou com ninguém, ela literalmente não abriu a boca.

- Mas por que?

- Ninguem sabe, os médicos disseram que não havia nada de errado com os exames.

- Mas ela está comendo pelo menos?

- Também não Nid, ela não come e não fala com ninguém.

- E o que te fez pensar que comigo seria diferente?

- Todos sabemos que ela sempre foi difícil de lidar, mas com você era diferente e você sabe disso...

Não falei mais nada o caminho todo, eu não sabia como seria, queria saber muito tudo o que estava acontecendo dentro daquela cabecinha, ela nunca se abalou por nada antes, não que isso seja qualquer coisa mas sei lá né, nenhuma palavra?

Wed:
Eu sentia estar me engasgando levei minha mão pra tirar o que quer que fosse que estivesse tentando me sufocar, mas senti as mãos geladas dos meus mais me segurando e ouvi a voz do feioso chamando um médico, eu olhei para o teto branco tentando me lembrar de onde eu estava e as memórias vieram como um caminhão me atropelando, tentei me soltar dos meus pais e ouvi minha mãe dizer:

- Filha, está tudo bem agora, estamos aqui, não se mexa muito nós vamos te explicar tudo o que aconteceu.

Por fim chegou o médico me tirando da intubação, e deixou só uma espécie de cano no meu nariz que me ajudava a respirar sem muita dificuldade, o que agradeci internamente pois só aquele pequeno esforço me cansou muito.

Quando meus pais entraram de volta no quarto quem falou primeiro foi meu pai:

- Filhinha, estamos aqui com você, como você se sente?

Eu tentei falar, mas minha voz não saiu, olhei para ele com um olhar assustado.

- Tá tudo bem querida, você passou por muita coisa, não tenha pressa, tudo no seu tempo nuvenzinha.

Eu não queria ver ninguém, só conseguia lembrar de tudo o que aconteceu e tudo o que senti, eu acho que queria que a morte tivesse me levado.

Não sei por que diabos estava pensando aquilo, mas era verdade, eu não queria ver nem falar com ninguém.

Feioso ficou do meu lado me contando sobre os bonecos que ele conseguiu decapitar sozinho, disse que tinha pensado em muitas armadilhas para mim, e que duvidava que eu me soltaria.

*WENCLAIR* Sonho ou realidade? Onde histórias criam vida. Descubra agora