XV

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Alex

Liz conseguia ser enfurecedora as vezes. 

Digo, depois que eu deixei ela em casa, e saí a passos duros, quase um cavalo trotando, para a minha, e depois de um banho demorado, com direito a uns socos na parede do banheiro, eu entendi a preocupação dela. Realmente, RE-AL-MEN-TE, tinha sido muita mancada nossa... 

Seria muita imaturidade e imbecilidade da minha parte não reconhecer a legitimidade da preocupação dela, mas PORRA, que timing de bosta, putaquepariu. 

Quando eu vi ela à luz do sol, com a pele brilhando, ela parecia o convite mais obscenamente pecaminoso que qualquer cara podia sequer imaginar. Tenho a impressão que ela não precisava fazer quase nada para me deixar disposto a fazer TUDO por ela. 

FO-DE-U, eu realmente estava apaixonado. 

Se eu já mencionei isso em algum lugar, você provavelmente deve estar pensando "Ué?" 

Pois é, a diferença é que naquele momento especificamente, eu senti a dimensão do sentimento me atingir. Uma porrada seca no estômago que faz a alma da gente se dobrar todinha por dentro. Será que é essa a brisa por trás o "vomitar arco-íris"?

PORRAAA, estou MUITO apaixonado, mesmo. 

E não, não é só pelo sexo, que por si só já foi algo fenomenal, mas é por ela em si, é por ela ser a Liz, ao mesmo tempo em que ela é capaz de jogar uma caixa d'água de 10 mil litros de gelo em cima de mim, quando eu estou simplesmente a ponto de explodir, basta que me olhe por mais de 3 segundos e eu já esqueço tudo e todos. 

O pensamento de não poder tocar no seu corpo, nem de estar dentro dela de novo, me fez ficar quase febril durante a noite de domingo, e segunda feira estava abrindo a clínica de exames laboratoriais junto com a recepcionista e as enfermeiras. 

Nunca fiquei tão feliz em arrancar sangue, e nem quis pegar a bolachinha e o café que me ofereceram, pois quis passar na padaria e buscar algo pra gente comer junto. Destemido, fui correndo para o serviço e me deparei com ela descendo do ônibus, corri até ela e a abracei. O susto que ela tomou era suficiente para que eu tomasse outro soco, e dessa vez seria um na boca, com certeza, mas antes que ela assim o fizesse, tasquei um beijão naquela boca maravilhosa, e ela novamente ficou sem ação. 

Quando a soltei, ela se desequilibrou um pouco e eu gargalhei sem conseguir me conter. Ela fez uma cara feia para mim, e eu tentei segurar um pouco do riso. 

- Um dia desses.... Olha... - Ela resmungou.

- Um dia desses, o que? Você vai me arrastar pro beco e me devorar? 

Liz estreita os olhos e ergue a sobrancelha, e isso mexe com algo dentro de mim, algo primitivo e selvagem. Era como um desafio, uma briga de vontades, e eu não sabia se queria perder ou ganhar. 

- Você sempre pareceu extremamente delicioso, e pessoas grandes como eu tem um grande apetite... Então...

- Então? - Foi minha vez de erguer a sobrancelha. 

- Não seria de todo espantoso se eu realmente devorasse você inteirinho, o tira gosto desse final de semana não deu nem para palitar os dentes. Não se engane achando que eu não estou tão frustrada quanto você. - Ela se aproximou até que somente eu pudesse ouvi-la: - Não gosto que interrompam minha refeição, e tive que abandonar o banquete cedo demais. 

Engoli em seco, ciente que a Liz que eu achava que conhecia era apenas uma das inúmeras facetas daquela mulher a minha frente. De repente senti como se eu fosse a caça e ela estivesse me espreitando com a astúcia e a paciência que apenas os grandes felinos possuem. 

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