XIV

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Alex

Segunda-Feira, 10/10/2022.

Passei o final de semana atormentado, as cenas dentro do carro se repetiram infinitamente, e o gosto do gloss dela tinha se impregnado na minha boca. Perdi as contas de quantas vezes fiquei olhando pela janela, e de quantas vezes eu "armei" e "desarmei a barraca".

Praticamente um profissional.

No domingo resolvi ir para a chácara e fiquei o dia todo tentando não pensar na segunda-feira, ou seja, hoje. Afinal havia tantas promessas na nossa despedida, havia tantas expectativas, que eu acabei chegando até mais cedo do que o costume.

Resolvi fingir demência e abstrair, se fosse para me conquistar Liz teria que, nas palavras de Sandy e Junior, rebolar.

Posicionei minhas coisas pela décima vez em cima da mesa, e fiquei observando pelo canto dos olhos o pessoal todo chegar, mas nada de Liz. As horas foram passando e eu comecei a ficar impaciente, e isso só demonstrava o quanto aquela mulher conseguia me afetar ridiculamente, minhas pernas se mexiam sozinhas e eu já estava prestes a me levantar e dar uma "procurada" quando ela entra no departamento.

Mais uma vez fico sem palavras: Liz estava usando uma saia fluída que tinha uma fenda lateral na coxa, sandálias mais altas que amarravam no tornozelo, e na perna que estava a mostra eu identifiquei alguns traços a mostra... Ela fez uma tatuagem?

Em cima ela usava uma blusa preta bem justa, de decote quadrado que mostrava o início da curva de seus seios, e bem no meio deles descansava uma pedra verde presa por uma correntinha.

Os cabelos estavam lisos e apesar de eu não saber o que ela usava de maquiagem, consegui perceber que a pele estava muito bonita, os olhos levemente marcados, mas na boca ela usava um tom vermelharaço que brilhava.

Ela caminhou em minha direção...

Sem olhar para ninguém, respondendo a cumprimentos sem tirar os olhos dos meus. Quando ela estava a poucos metros de mim seu cheiro me invadiu, e me deixou zonzo. Era algo novo, um perfume diferente, exótico e marcante. Ela se abaixou e me cumprimentou com um abraço e um beijo no canto da minha boca.

- Liz... – Falo em tom de advertência.

Ela sorri para mim, e tampa a visão das outras pessoas, para que só eu visse as palavras sendo formadas por aqueles lábios vermelhos:

- Que comecem os jogos!

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Quinta-Feira, 27/10/2022.

Ando perdendo meu juízo.

A cada dia um look novo, não sei da onde ela tira criatividade para montar cada um, dependendo do dia ela alterna os perfumes, as cores de batom ou brilhos labiais. Passou a dispor de diversos itens para brincar com aquela boca: lápis, canetas, balas, doces e até um sorvete.

Retocava os batons olhando para o espelho, mas quando eram os brilhos labiais fazia questão de fixar os olhos em mim e eu me sentia hipnotizado.

Passou a arranjar qualquer desculpa ou justificativa para passar pela minha mesa, e sempre que trocávamos algumas palavras ela sempre fazia questão de mexer no cabelo, ou alongar o pescoço, morder os lábios, piscar para mim.

De noite, sempre deixava o apartamento a meia luz, com as cortinas brancas e desfilava com uma variedade de baby-dolls, camisolas e robes.

Repasso a conversa com a Vanessa de novo, que meio que me deu uma dura depois do dia do bar, pois deixei ela sozinha com o chef. Expliquei que não queria segurar vela pra ninguém e ela me olhou feio, não sei quem os dois queriam enganar, eu sabia, meus pais sabiam, Júlia, Roberta, papagaio, cachorro, periquito: aqueles dois estavam caidinhos um pelo outro.

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