Já fazia uns 40 minutos de viagem, eu tentava com todas as minhas forças evitar qualquer movimento que demonstrasse o quanto Alex estava conseguindo me abalar.
Digo, só o que ele disse no meu ouvido, foi o suficiente pra eu ter que me segurar em alguma coisa, porque meus joelhos fraquejaram. Neste caso o alguma coisa acabou sendo o próprio Alex.
De todos os dias, lugares, climas e rolês que podiam acontecer, por quê tinha que ser:
Uma quinta-feira, friorenta e chuvosa, uma viagem para outro estado, passando por lugares muito bonitos, o que só contribuía para deixar o clima mais denso ainda.
Como se não bastasse, o filha da puta colocou uma playlist the folk music pra tocar, e eu estava tão absorta e inebriada com toda essa atmosfera criada que não percebi que estava parecendo aquelas crianças no parquinho, sentadas no banquinho e com os pés balançando, enquanto espera pelo sorvete que os pais foram comprar.
A diferença é que não tinha como balançar os pés, por isso eu estava balançando a cabeça enquanto cantarolava: "country roads, take me home, to the place i belong, West Virginia, Montain momma, take me home, country roads..." do John Denver.
Os pingos da chuva escorriam pelos vidros da Van, e iam formando padrões diferentes, e como estava frio eu estava com meu sobretudo todo fechado, mesmo assim comecei a tremer um pouco.
Alex percebeu e ligou o ar quente direcionado para meus pés e pernas, e em menos de 5 minutos eu estava quentinha e feliz.
Estava tão agradecida e distraída, que sorri e dei uma piscadela pra ele. Quero dizer, o que mais uma garota pode pedir?
Chuva, folk music, estrada e sentir como se tivesse um cobertor quentinho te envolvendo?
Pra perfeição só faltava um bom livro...Eu até estava com meu Kindle na bolsa, mas achei que seria muito ruim deixar Alex dirigindo no silêncio.
Depois da gracinha dele na porta do prédio, que fez com que eu me agarrasse a ele igual a uma preguiça, quando finalmente consegui me desvencilhar mentalmente daquela situação que ficava a cada segundo mais embaraçosa, eu simplesmente dei um empurrão nele e me enfiei na Van, com passos bem rápidos e uma agilidade recém descoberta.
A verdade é que eu estava apavorada dos meus joelhos falharem de novo, e eu acabar é me jogando nos braços dele.
De que visão, Alex estava falando?
- Ei psiu, você come cocô? Você é burra? Óbvio que ele tá falando daquele showzico de pervertida que você resolveu dar naquela sexta feira! (Retrucou aquela voz interior chata e persistente).
Ela era meu alter ego, um fragmento bem abusado da minha consciência, que ora me repreendia, ora me diminuía, e de vez em quando resolvia agir por conta própria nos momentos mais impróprios.
Dei uma olhada de soslaio pra Alex, que continua prestando atenção na estrada, enquanto bebia um café quente que estava num copo térmico no suporte próximo ao câmbio da Van. Parecia alheio a toda aquela confusão que se instaurava dentro de mim, e aparentemente eu não o afetava da mesma forma que ele me afetava.
Aquilo não era bom.
Significava que eu estava levando aquela história mais longe do que ele? Estava me importando com coisas que tinham sido passageiras? Talvez fosse apenas um jogo, uma brincadeira de sedução pra ele?
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Sabe de nada...
RomansaComo seria se um dorama tivesse uma pegada BR? Sabe de nada é uma fic sobre o dorama "She should never know". É uma história com pegada BR sobre pegação - leia-se HOT! SINOPSE: Ele foi recrutado por ela quando cursava o último ano da faculdade, e ao...