LIZ
Dizer que as coisas naquela viagem tinham fugido do meu controle era eufemismo.
Eu fui submetida a uma avalanche de emoções, me senti andando num carrinho de madeira sobre os trilhos da maior montanha russa do mundo, e Alex sabia que tinha esse poder sobre mim.
Eu sabia, ele sabia, qualquer pessoa, que pudesse gastar 5 minutos próximo a nós, saberia.
Depois de me "esfregar" descaradamente nele no banheiro, a vergonha era insuportável, e quando chegamos ao hotel, eu cheguei a pesquisar outras formas para voltar embora, mas, de ônibus não ia rolar, pois não tinha mais passagem para compra, e quando fiz as contas para voltar de Uber, vi que era uma grana que eu não tinha disponível no momento para gastar em um rompante de loucura ou capricho meu.
Então passei meu óleo de peroba na cara e me enfiei na Van, fiz o máximo de esforço para não puxar assunto, enfiei meus fones de ouvido (já não me importando se ele iria dormir ou não no volante) e passei a viagem inteira olhando pela janela, tanto que meus olhos ficaram secos várias vezes.
Quando vi as luzes da rua de casa, quase abri a porta no meio do caminho e saí correndo para acabar com aquela história logo, mas Alex parou e resolveu soltar toda sua frustração. No fim tive que ser honesta com ele (e talvez comigo mesma), eu não estava pronta pra desenvolver uma relação com ninguém, ainda mais alguém mais novo que eu, e que era meu subordinado. Eu sabia muito bem como as coisas poderiam dar errado no trabalho, e não queria melar minha carreira por conta de ninguém.
Para mim parecia que Alex achava que a vida era um pão, sem saber o quão fodida ela pode ser para uma mulher que quer se destacar nos negócios, o tanto que ela tem que "engolir", ouvir, fingir, aguentar e ignorar para ter algum sucesso. Eu tive minha cota de babacas, abusadores, assediadores, machistas (homens e mulheres) e agora que estava em uma posição de destaque, não estava a fim de abrir mão de nada, por quem quer que fosse.
Tive que estudar em dobro, trabalhar em dobro, para ganhar o que um "peão" de fábrica, que na maioria do tempo só contrata homens, ganha, e provavelmente, teria que trabalhar mais 2 ou 3 anos, para conseguir chegar em cargos que meus superiores chegaram em 1 ano, 1 ano e meio.
Eu nunca fui ingênua a ponto de achar que as coisas iriam cair no meu colo.
Em toda a minha vida nada tinha sido assim, eu sempre era aquela que tinha que ir pelo caminho mais difícil. Não tive indicações, não tive família rica, não era conhecida como beldade na escola. Meu caminho sempre foi estudo e esforço puro. Meritocracia é o caralho, se isso fosse verdade já era para eu ser sócia da empresa, mas isso nunca me impediu de construir meu caminho aos poucos.
Então é bem óbvio que eu não ia deixar o que estava rolando ali entrar no meu caminho. Mas, Alex me lia como um livro, e sabia exatamente o que dizer para me tirar do eixo, aliás, sabia o que dizer, o que fazer...
E que beijo aquela boca era capaz de produzir!
Era hipnótico e avassalador, como se estivesse bebendo de mim e me saciando ao mesmo tempo, sua língua era exigente em alguns momentos e gentil em outros, e quando nos separamos eu fiquei imaginando como ela se comportaria se misturando a que eu tinha em outros lábios, se é que me entendem.
Senti meu rosto queimar, mas Alex estava olhando divertidamente para o meu cabelo. Percebendo que vou perder o controle novamente, arrumei meios para conseguir voltar a mim mesma, então quando ele me perguntou se ele é um caso de tesão puro e simples, menti para ele.
Menti por que minha álter ego respondeu algo bem diferente do que eu esperava, e eu não queria pensar nisso naquele momento.
Quando Alex me respondeu, confirmando minhas suspeitas e meu medo em relação a madrugada fatídica, nomeando minha "performance" de "showzinho erótico", e afirmando (com razão) que ela tinha sido feita para ele, senti a vergonha que estava fervendo subir de uma vez e sem conseguir lidar direito com aquilo, saí correndo, somente para me deparar com Will na frente do meu prédio.

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Sabe de nada...
RomanceComo seria se um dorama tivesse uma pegada BR? Sabe de nada é uma fic sobre o dorama "She should never know". É uma história com pegada BR sobre pegação - leia-se HOT! SINOPSE: Ele foi recrutado por ela quando cursava o último ano da faculdade, e ao...