XII

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LIZ

O que Alex estava pensando? O que eu deveria esperar?

Não consegui dormir direito naquela noite. O que fez meu humor na terça feira ficar óóóóóótimo. 

Me vesti tal e qual fosse a um velório: preto dos pés a cabeça, e prendi os cabelos em um coque apertado, estilo bailarina. Maquiagem leve, mas boca num tom de vermelho bem escuro, combinando com as unhas que resolvi fazer as 2 da manhã, quando minha ansiedade deu uns berros comigo.

Música nos ouvidos moldando meus passos, entrei no escritório sentindo os olhos em mim, mas sem me deter a nada nem a ninguém, na minha cabeça eu era uma locomotiva, e ai de quem estivesse no meu caminho. Quando cheguei a minha mesa encontrei um copo de café me esperando, com um bilhete: "Dia 01!".

Procurei por Alex, mas ele não estava na sala, e embora tivessem uns olhares questionadores a minha volta, ninguém parecia corajoso o suficiente para perguntar diretamente a mim sobre aquilo. Liguei meu PC e trabalhei o dia todo tranquilamente. 

Alex não apareceu o dia todo. 

O mesmo aconteceu no dia seguinte, e no outro: café + bilhete. 

Na sexta feira, quando cheguei no escritório, percebi um buchicho no ar, e já estava esperando o café na minha mesa, mas me deparei com ela vazia, e com Alex sentado na minha cadeira, ele próprio bebendo o café. Peguei no ar um: "... que audácia, quem ele pensa que é, o café era da chefe dele!". 

Senti o pânico começar a se instaurar, pois eu sabia que era ele quem estava me mandando os cafés. O que significava que se ele estava na minha mesa, e não tinha café na minha mesa, ele estava ali pra entregar pessoalmente na frente de todos, certo? 

Senti um peso na minha barriga. 

Alex abriu um sorriso para mim, e parecia genuinamente feliz consigo mesmo. Eu tentei sinalizar de todo jeito para ele não fazer o que eu achava que iria fazer, mas ele me ignorou completamente, e quando me aproximei, ele soltou:

- Bom dia chefe, tudo bem? Fiquei sabendo que você tem um admirador secreto na empresa, verdade? - Fez-se silêncio na sala inteira, e ele sorveu um gole do café vagarosamente. 

Todos estavam olhando para mim, e eu me senti no filme do Madagascar com vários suricatis a minha volta. 

- A-admirador secreto? N-não sei do que você está falando... - Coloquei minha bolsa sobre a mesa, e Alex levantou rapidamente, ficando a centímetros de mim. 

- Jura?! Mas, todos estão comentando que você tem recebido cafés com bilhetinhos todos os dias essa semana, fiquei curioso... - Ele disse com os olhos brilhando e um sorriso malicioso no canto da boca. Completamente ciente da reação de todos a sua volta, percebi que estava próxima de cair em uma armadilha, mas já que ele queria "jogar", e tinha me instigado a isso, incluindo me deixando naquela situação, naquele momento, resolvi aceitar. 

- Não sei de nada disso. Achei inclusive que os cafés eram seus, e estava esperando você voltar para explicar os bilhetes. Não são seus? - pergunto levantando a sobrancelha. 

Alex estreita os olhos e seu sorriso aumenta. 

- Sim chefe, os cafés são meus... Já os bilhetes...

Sinto a confusão tomar conta da minha cabeça. 

- Oh, entendi, você achou que os bilhetes também eram meus. Não faz sentido, por que eu mandaria bilhetes para você? Isso seria pura insubordinação minha, e eu gosto muito do meu trabalho para agir de forma tão... qual foi a palavra que você usou? Inapropriada. 

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