Capítulo 19

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21 de maio - Sexta Feira
Louise

Já eram 23:00 horas. O pessoal seguiu cada um para o seu quarto assim que a conversa pós jantar terminou; afinal ela não terminou, na verdade foi cancelada por estar extremamente desagradável, já que tocaram no nome do Valentin:

- Ema, porque o Valentin não veio com você e o Nicollas? - Perguntou minha tia Layla, irmã do meu pai, que havia ido lá para nos ver.

Ela não perguntou por mal, todos sabíamos, afinal, a Emanuelle era a sobrinha predileta dela, mas o período em silêncio e a engolida em seco da minha irmã foram suficientes para desencadear a ira do meu pai:

- Eu disse que ele não seria um bom marido para a nossa filha. Deixou ela vir sozinha com uma criança!

- Lorenzo. - Minha mãe tentou intervir.

- Não, Eliane. Eu deixei muito claro quando ela apresentou aquele... aquele homem para nós, que um Duvak não era homem para uma Lefèvre.

- Pai, você fala como se a família dele fosse uma praga e nós estivéssemos na antiguidade vivendo como famílias rivais. - Minha irmã tentou proteger o marido.

- Nós SOMOS famílias rivais! Sabe o que o bisavô dele fez com o seu bisavô, mas ainda assim teve a audácia de se casar com aquele patife!

- Querido por favor, estamos em um jantar em família. - Minha mãe falava enquanto segurava forte a mão do meu pai.

Ele era uma pessoa bem calma na maioria das vezes, só não gostava se ser contestado ou que mexessem com as filhas dele.

Em meio as falas exaltadas do meu pai e a expressão da minha irmã que tentava não se demonstrar em lágrimas, - como eu já teria feito a muito tempo -, meu sobrinho começou a chorar muito alto chamando a atenção de todos:

- EU QUELO MEU PAI! EU QUELO MEU PAI!

- Calma, filho. - Minha irmã se levantou e pegou o mesmo no colo. Seguiu andando calmamente até a porta mas se virou antes de sair, e olhou no fundo dos olhos de nosso pai. - Sabe pai, eu não consigo entender como o senhor consegue guardar tanto rancor de algo nem aconteceu com o senhor. Mas se essa é a imagem que o senhor quer ver em todos os nossos encontros de família, em que cada membro aqui presente se sente um intruso ou acredita que o ambiente está extremamente desagradável, sinto em lhe informar que eu não vou sentir a mínima vontade de pisar nesta casa novamente. Você pode não gostar dele, mas ele ainda é o meu marido e o pai do meu filho. Dizer todas essas coisas sobre o pai do Nicollas na frente dele sem nem ao menos conhecê-lo não deveria ser motivo de surpresa para mim já que você sempre faz isso. - Ela respirou fundo e olhou para nossa tia. - Respondendo a sua pergunta, tia Layla: O Valentin não veio porque o pai dele está no hospital, e ele não queria que eu perdesse o aniversário da minha avó.

Dito isso ela deu as costas e saiu dali deixando todos de queixo caído.

O clima familiar havia acabado, mas eu esperava que ele retornasse para comemorar o aniversário da minha avó na noite seguinte. Ela gostava tanto quando a família estava reunida, que partia o coração ver a expressão de tristeza dela ao presenciar uma discussão entre seu genro e sua neta no meio de todos.

Tia Layla seguiu até a porta de entrada aos soluços, enquanto segurava minha mão de um lado e a do Leandro do outro:

- Eu não queria arrumar toda essa confusão.

- Tia, está tudo bem. A Ema e o papai sempre discutem assim.

- Mas, se eu não tivesse perguntado...

Inexplicável TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora