Capítulo 22

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27 de maio - Quinta feira
Louise

- Vejo que já está bem melhor, pata manca. - Sorri ao ver Leandro atravessar a porta do meu apartamento.

- Não pode mais me chamar de pata manca. - Cruzei os braços com um sorriso divertido no rosto.

- Tem razão. - Ele sorriu e me abraçou. - Quando tirou o gesso?

- Umas duas horas antes de você chegar, a doutora disse que eu já estava ótima. - Fechei a porta. - Preparei o quarto de hóspedes pra você. Vai guardar a sua bolça e lavar as mãos para almoçar. - Dei as costas para o mesmo seguindo para o outro lado do balcão.

- Espera! Por alguns segundos esqueci que EU sou o mais velho.

- Apenas alguns meses.

- Tanto faz. Ainda sou o mais velho.

- Prefere comer com as mãos sujas? - Coloquei as mãos na cintura e encarei o mesmo que permaneceu em silêncio. - Foi o que pensei.

Nós dois rimos e ele foi em direção ao quarto.

Nosso almoço foi maravilhoso. Eu não era boa na cozinha por isso pedi comida pronta, mas não deixava de ser importante, ainda mais por ter a presença de uma pessoa da minha família que eu tanto amava.

- Mon Dieu! Olha a hora! - Falei olhando meu relógio de pulso. - Preciso voltar para a confecção. Tirei 4 horinhas porque eu tinha que ir no médico tirar o maldito gesso, e porque disse à minha chefe que ia hospedar um parente em casa e precisava recebê-lo, e acabei me atrasando trinta minutos. - Eu falava enquanto colocava as louças na pia e arrumava minha bolça. - Saio do trabalho as 17:00, no máximo as 17:30 estou de volta, ok? - Dei uma olhada no meu cabelo no espelho que ficava ao lado da porta.

- Que tal se tomarmos um café naquela padaria que você gosta? - Leo ofereceu com um sorriso. - Vou comprar o smoking para o casamento e depois te encontro lá.

- Pode ser. Ainda lembra o endereço?

- Não. - Ele riu.

- Te mando pelo TCHAP. É no mesmo bairro que o meu trabalho, então às cinco e pouco já estarei lá.

- Ok. Até mais tarde Lo.

- Até.


Adam


Dei um suspiro pesado e me recostei à cadeira de couro confortável em que eu estava sentado a mais ou menos 7 horas seguidas.

Eu estava realmente me importando muito com aquele desfile e eu nem ao menos sabia o porquê, mas só a ideia de imaginar que tudo poderia ir por água abaixo, e o esforço de todo mundo poderia ser em vão se o setor do qual eu estava responsável não fizesse as tarefas que estavam pendentes, me dava calafrios.

Eu não queria que meus pais se decepcionassem, e muito menos gostaria de ver tristeza nos olhos de Louise.

Porém, mesmo que eu tivesse me esforçando, isso não quer dizer que eu ia fazer hora extra.

Me levantei e coloquei meu blazer.

Chequei o relógio na parede: 17:00 em ponto. Hora de ir embora.

Eu não havia visto a Louise desde o fim de semana que ela havia voltado de Marselha, essa semana nós dois estávamos cansados demais para nos encontrarmos no meu apartamento ou no dela, então os nossos encontros eram rápidos, duravam apenas alguns segundos quando nos trombávamos nos corredores da Confecção.

Desci até o estacionamento e foi a tempo de ver que o carro dela já estava saindo pelo enorme portão.

Eu estava com saudade de dormir com ela, então porque não matar essa saudade está noite?

Inexplicável TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora