KURT
A primeira coisa que eu vi foram aqueles olhos. Aqueles olhos maravilhosos. Eles não eram exatamente castanhos, pois havia um fundo muito avermelhado ali, como os cabelos dela. Apesar de Rosamund estar machucada e maltratada, ainda era possível notar como ela era bonita. O nariz delicado e fino, a boca levemente cheia, o formato oval do rosto. O pescoço dela era fino, claro, afinal ela estava muito magrinha. Descendo mais, os seios dela. Sim, eu sei, isso é horrível, mas eu não consegui evitar de perceber o belo volume que ela tinha ali. Talvez por ser muito magra, tenha dado para ela conseguir esconder tudo aquilo debaixo do casaco folgado. Agora, ela vestia uma camisola do hospital e dava para perceber que ela foi agraciada com um belo par de seios redondos.
Não, não fiquei encarando! E eu espero ter sido discreto o suficiente para ela não ter percebido que eu olhei para o busto dela. Senti vergonha de mim mesmo naquele momento.
— Olá, Rosamund! — Eu falei, sorrindo, tentando disfarçar. Eu não era o cara mais lindo do mundo, eu sei. A bela cicatriz do lado direito do meu rosto não me ajudava em nada. Eu evitava sorrir, normalmente, pois quanto mais largo o sorriso, pior ficava a minha feiura. Eu sorri de leve, para não espantar a pobre ômega.
— Oi — Foi a resposta dela, com uma voz tão bonita que quase me peguei suspirando. Ela olhou para baixo, mas eu notei como as bochechas dela coraram de leve.
— Seja bem-vinda ao Shadow Moon Pack. Eu espero que você se recupere logo e, depois, poderemos conversar sobre se você vai querer ficar conosco ou se preferirá ir embora.
Eu não havia pensado sobre aquilo, mas a verdade é que eu não poderia prendê-la no meu bando. Ela precisava aceitar ser parte da alcateia. Rosamund não havia se desvencilhado do Midnight Pack, o que significava que ela era apenas uma visitante em nossas terras.
Ir embora. E se ela quisesse ir embora? Aquilo me incomodou, por algum motivo. Mas eu não tinha tempo e nem queria ficar pensando nos porquês. Rosamund era livre.
— Obrigada, Alfa — Ela agradeceu, ainda de cabeça baixa.
— Não há o que agradecer. Siga tudo o que a Dra. Hanna falar. Ela é uma excelente médica e você não poderia estar em melhores mãos.
— Ah, muito obrigada, Alfa Kurt — Hanna sorriu, sinceramente. Ela era uma boa alma, sempre contente, mas também muito responsável e capaz. Eu a admirava.
— Eu apenas falei a verdade. Agora, com licença. Eu tenho algumas coisas a resolver, mas mantenha-me informado quanto a nossa paciente, sim? Dra. Hanna, Rosamund — Eu fiz uma reverência com a cabeça e me retirei.
Voltei para a packhouse andando, pois caminhar me ajudava a pensar. Eu precisava resolver a questão com o Conselho.
Deixe-me explicar como isso funciona: Nós somos um reino, com vários bandos. O meu bando é o que mais se destaca. O Rei, meu primo, está precisando de um herdeiro. A esposa dele não consegue ter filhotes. Ele quer que eu me case o mais rápido possível para que o meu filho se torne o herdeiro do trono. Isso não só garante que a nossa linhagem permaneça no poder, como também vai evitar brigas entre os outros bandos a fim de decidir quem será o novo Rei.
Cada bando possui um Conselho, menor, mas com pelo menos um terço de participantes oficiais, ou seja, enviados do Rei. E há um Conselho maior, o Royal Council. Este vai ter pelo menos 1 conselheiro de cada bando, mais os conselheiros do Rei.
Pois bem, o Conselho do meu bando está me infernizando para que eu me case imediatamente. Eu já fui casado, mas as coisas não saíram como o planejado. Ela era a minha companheira predestinada e, ainda assim, ela me traiu. Ela quase me matou, na verdade, e foi quando a Dra. Hanna me encontrou.
A questão é que eu não quero me casar. Se a minha própria fêmea, ligada a mim pelos laços divinos, me traiu, imagine uma fêmea que é completamente alheia a mim? Claro, assim que eu a marcar, estaremos ligados, mas é diferente. Nossas almas não estarão unidas, entende?
Mas eu preciso me casar e ter um herdeiro. Há a possibilidade de uma barriga de aluguel, mas eu não quero isso. A criança não teria mãe, pois a fêmea que a gestasse teria que ir embora. E eu não quero isso para nenhum filhote. Eu sei o que é crescer sem a mãe. A minha faleceu há muitos anos e... Digamos que o meu pai não foi lá uma figura paterna exemplar.
A fêmea com a qual eu resolver procriar deve ser uma fêmea com um sangue de "alta qualidade". Ela precisa ter sangue Alfa ou Beta. O Conselho escolheu algumas possíveis candidatas e esse foi o motivo de eu ir até aquela droga de Midnight Pack. Eu conheço Idris, eu já tive contato com a filha dele, antes, quando ela era mais nova e eu posso dizer que o temperamento dela não mudou nada. Se mudou, foi para pior. Ela é insuportável e eu não me casaria com ela de jeito nenhum. Eu ainda tenho mais uma candidata para visitar e eu espero que essa seja menos intragável, ou eu precisarei buscar por uma Beta. E isso será ofensivo para os Alfas, uma vez que eu rejeitei as filhas deles.
— Tio Kut! — Uma voz que eu já conhecia me chamou. Thomas, filho de Finn e Audrey. Eu me virei e vi aquela criança linda de cabelos cacheados, cheios, com uma covinha do lado direito da bochecha e com os bracinhos abertos. Ele me chamava de "Kut", pois ainda era pequeno.
Eu me abaixei e abri os braços.
— Oi, campeão! — Eu o abracei quando ele se jogou em cima de mim.
— Tio! Eu... Eu... Eu caí!
Ele fez uma carinha triste e me mostrou o joelho, ainda se recuperando.
— Não! Mas como isso aconteceu? — Eu perguntei, fazendo uma cara de extrema preocupação. Eu olhei de relance para cima e vi Audrey andando até nós. Ela era a esposa de Finn, uma bela morena, simpática, amável, mas também, tinhosa quando queria. Às vezes eu tinha pena do Finn.
— Eu caí da ávoie — Ele disse e balançou a cabecinha para cima e para baixo.
— Tsc tsc. Mas você precisa ter mais cuidado! O que estava fazendo em cima da árvore, mocinho?
Ele olhou para baixo e eu vi as bochechinhas cheias dele se movendo. Então, ele levantou a cabeça para mim, com os olhos brilhando.
— Eu fui pegá o gatino.
— Ah, o gatinho. Entendi. Tenha mais cuidado da próxima vez. Você é o próximo Beta desse bando!
Ele não tinha nem dois anos, mas adorava assistir tudo sobre lutas e super-heróis. Essa geração tinha mais contato com coisas humanas. E quando ele soube que o pai dele era um guerreiro, ele também quis ser um. Assim que ouviu a palavra "Beta", o olhar dele se iluminou mais ainda. Tommy concordou veementemente com a cabecinha.
— Ele vai tomar mais cuidado, Alfa Kurt — Audrey falou, colocando a mão na cabeça do filho.
— Onde está o Finn?
— Ele deve estar na packhouse, esperando por você. Esse espoleta aqui já almoçou. Acredito que os outros estejam esperando por você.
Eu tinha esquecido completamente disso. Fiquei tão imerso nos meus pensamentos que, pela primeira vez em muito tempo, eu esqueci de comer.
— Ah, sim. Eu vou apressar o passo, então.
Ela apenas concordou com um aceno de cabeça. Dei um beijo na testa de Tommy e me fui. Ao chegar na porta do casarão, eu senti um cheiro diferente. Alguém estava nos visitando.
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Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃO
VârcolaciATENÇÃO! PARA MAIORES DE 18 ANOS APENAS!! DEGUSTAÇÃO! O LIVRO TODO NÃO ESTÁ AQUI! Após ser traído por sua companheira predestinada, Alfa Kurt Dolph vive para o bando e para com suas obrigações. Ele se recusa a casar novamente, porém, a pressão do C...