Não precisa

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KURT

Quando eu precisei deixar Rosa sozinha, eu sabia, eu sabia, que ia dar algum problema. Thorin estava gritando na minha mente para que eu não permitisse. E, não de outra.

"Mate-o!" Thorin exigiu.

"Com prazer!"

Ver a minha fêmea machucada, cheirando ao outro macho que se forçou em cima dela.. e pensar que Rosa viveu naquele bando por tanto tempo. Eu não sei como aquele m@ldito não tinha tentado se aproveitar dela antes. Talvez porque ele não quisesse dar o braço a torcer. Mas depois de beber um monte...

— Por favor, Alfa Kurt! — Eu ouvi Idris falando atrás de mim, implorando, enquanto eu arrastava aquele estupradorzinh* de merd@. Ele não teve um filho homem, apenas uma filha, Carla. Gabriel seria o seu sucessor, pois era o sobrinho dele e, claro, tinha sangue de Alfa. Bom, seria. Passado. Não será nunca, porque dessa noite ele não passa.

— Alfa.. eu não.. eu não fiz nada com ela!

— Cala a boca! — Eu falei juntamente com Thorin — Você tocou nela, você bateu nela... porque ela lutou contra você para não ser violentad@!

Eu o segurei pelo pescoço.

— Por fav...

— Eu odeio machos como você! As fêmeas não podem ser forçadas! — Eu aproximei o rosto dele e eu conseguia sentir o fedor do medo. Era cômico... ele parecia tão forte e poderoso enquanto forçava uma fêmea magra e fraca a ter relações com ele, mas agora, estava ali, urinado de medo de mim ! – Rosa é a minha fêmea, e nenhum macho vai tocar nela além de mim. Nenhum!

Aquilo era um aviso para os outros. Qualquer macho que se atrevesse, eu mataria!

Após alguns minutos, eu fui ao banheiro lavar as minhas mãos. Eu não poderia ir encontrar com Rosa todo imundo do sangue daquela porc@ria de lobisomem.

Enquanto eu subia as escadas, eu podia ouvir o choramingo de uma fêmea, provavelmente Carla, pelos restos - o que sobrou depois que eu o estraçalhei - de Gabriel Ridley.

Eu segui o cheiro de Rosa e cheguei a um quarto com a porta entreaberta. Ao empurrar de leve a barreira de madeira, eu vi Rosa sentada na cama, com Giselle aplicando uma pomada nas feridas já limpas dela.

Ao menos isso eu não poderia falar mal de Giselle. Ela cuidou de Rosa. Ela a defendeu.

— Amor? — Eu falei e as duas se viraram para mim — Nem pense em estragar o momento, Giselle.

Ela fez cara feia, mas não disse nada.

— Eu vou dar um minutinho para vocês — Ela disse, olhando para Rosa e saindo em seguida.

Rosa permaneceu sentada, meio encolhida. Eu me sentei ao lado dela e passei o braço pelos ombros dela, puxando-a para mim.

Ela torceu o nariz.

— Desculpa, ainda devo estar fedendo a ele.

— Você...?

— Sim, Rosa. Eu o matei — Ela concordou com a cabeça e a abaixou, tristonha. Eu segurei o queixo dela e a fiz me olhar — Ele tentou abusar de você. Eu não podia perdoar.

— Eu sei. Eu só não queria que você matasse alguém.

— Ele chegou a..?

Ela negou.

— Não, mas se não fosse a sua noiva...

— Você é a minha noiva — Eu disse, entredentes.

— Não, Kurt. Ela é a sua noiva. Se não fosse assim, nós nem estaríamos aqui!

Ela se afastou de mim e se levantou, os braços cruzados, sem me encarar.

O que ela disse era verdade. Eu a levei até lá. Eu a expus ao perigo. Eu não tomei conta dela.

Levantei da cama e a abracei por trás.

— Perdão por ter sido tão descuidado com você.

— Não.. não é isso! Você... — Ela parou para respirar e eu conseguia sentir que ela estava com dor. Não física, mas emocional. Ela se virou para mim e constatar o que ela estava sentindo, refletido ali nos olhos dela, foi horrível. Thorin estava desesperado – Você não é meu, Kurt.

— Eu sou todo seu! — Eu segurei os ombros dela — Rosa, eu sou seu, como você é minha!

—Não. Isso... isso acaba aqui.

— Amor...

— Eu quero ir para o bando — Ela falou, virando o rosto. Ela não disse. "Eu quero ir para casa." Ela falou "bando".

— Não me abandona, por favor.

Eu não suportaria se ela me deixasse. Eu perdi uma fêmea e sofri muito. Mas Rosa... Eu não suportaria aquilo. Se eu tivesse que ficar sem ela, eu preferia a morte. Ela era tudo o que eu sempre quis e eu sabia que ela me queria!

Rosa me olhou e mordeu o lábio. Então, ela se aproximou de mim e me deixou abraçá-la.

— Vamos embora. Amanhã nós conversamos.

Eu concordei com a cabeça e quando descemos as escadas, eu agradeci a Giselle, que apenas me deu um aceno de cabeça.

— Depois conversaremos sobre a falta de segurança na sua casa! — Eu disse a Gregório e continuei andando. Ele engoliu em seco, eu vi. Ótimo.

Coloquei Rosa no carro, atraquei o cinto de segurança dela e fui para o bando do motorista. O nosso trajeto foi num silêncio absoluto, ela com o rosto virado para a janela. Apesar de ela não estar soluçando, eu conseguia sentir o cheiro das lágrimas dela.

Assim que estacionei o carro, eu a virei para mim e lambi o rosto dela, por onde as lágrimas tinham passado, mas ela me empurrou e eu me senti péssimo. Ela estava me rejeitando.

— Eu estou com remédio no rosto – ela falou, corando. E sim, ela estava e eu não ligava.

— Vamos lavar esse rosto e eu vou lamber as suas feridas. Você vai curar mais rápido com a minha saliva.

Nós, Alfas, temos essa propriedade em nossas salivas: cura. É muito útil em uma batalha.

Eu a levei para a casa do bando e ninguém nos parou para perguntar nada. Eles sabiam que eu estaria de péssimo humor se fosse interrompido enquanto cuidava da minha fêmea.

Rosa quis ir para o quarto que ocupava antes, mas eu segurei sua mão.

— Se quiser, eu durmo no chão — eu disse. Era compreensível que ela não quisesse um macho agarrado nela por hora. Porém, ela tinha que saber que estava protegida.

— Kurt, não precisa.

— Eu prometo que não toco em você. Eu vou ser bonzinho. Mas me deixa ficar.

Ela pareceu ponderar por alguns segundos, até que concordou.

Não a toquei, como prometi, ainda que eu estivesse louco para tirar a roupa ela e a ajudar a tomar banho, colocar-lhe um pijama confortável e colocá-la na cama. Mas tudo dependia dela. Sempre.

No meio da noite, primeiro eu a ouvir se movendo na cama e então, senti uma mão quente no meu braço. Eu não estava dormindo. Não podia.

— Kurt? — A voz de Rosa e eu me virei imediatamente — Vem. 

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora