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ROSA

— Eu fiz uma pergunta —- O homem perguntou e os rapazes claramente ficaram tensos. A porta do carro se abriu e um homem de aproximadamente uns cinquenta anos desceu, fardado, e com a mão na cintura.

Ele estalou a língua antes de jogar o peso do corpo para um dos lado e olhar para os rapazes.

— Ta tudo ótimo, Xerife. Essas duas estavam só brincando.

Do jeito que aquele rapaz falou, parecia que e Gini e eu é que estávamos aprontando!

— Como assim? — Gini perguntou e olhou para o Xerife — Esses garotos vieram até aqui foram atrevidos com a gente!

O Xerife olhou para o garoto de gorro.

— Tyler?

— Nada disso! Elas queriam ir beber algo, mas a gente não curte esse tipo de garota fácil! E aí elas resolveram tentar bater na gente!

O tal Tyler era um safardana maior do que eu pensava! Ele estava mentindo e o pior é que o Xerife parecia estar mais inclinado a aceitar o depoimento deles do que o nosso!

— Eles tentaram nos forçar a ir com eles — Eu falei. Nunca tinha lidado com tantos humanos de uma vez, mas eu sabia que aquele homem do carro era uma autoridade. E ele tinha uma arma de fogo. Nós lobos aprendemos sobre isso.

— Você não é daqui, não é? — O Xerife perguntou e quando Gini tentou falar, ele levantou a mão, indicando que era para ela parar de falar.

— Não, senhor — eu respondi, sentindo um nó na garganta.

— Não gostamos de encrenqueiros aqui, garotinha.

Garotinha? Eu era assim tão insignificante?

— Xerife, eles que encrencaram com a gente!

Ele virou a cabeça para olhar para Gini, que ainda segurava a bicicleta dela.

— Eu sugiro que vocês obedeçam as regras, ou poderão encontrar outras acomodações aqui.

Eu olhei para Gini, que lutava contra as lágrimas que estavam enchendo os olhos dela, porém, eu não via ali tristeza, mas sim raiva.

— Perdão — Ela falou a contra-gosto e olhou os rapazes — Isso não voltará a acontecer.

O Xerife concordou com a cabeça.

— Podemos ir, Xerife? — Eu perguntei e ele me olhou de cima a baixo, com uma expressão que eu não soube ler. Não era exatamente confusão, mas algo parecido.

— Sim, sim... — Ele fez um movimento com a mão, indicando que nós duas estávamos liberadas.

Gini arregalou os olhos para mim, pedindo que eu a seguisse e assim eu o fiz. Nós duas ficamos em silêncio até que as pisássemos na floresta.

— Aquele velho cretino! — Ela reclamou e eu a olhei assustada.

— Gini...

— O que foi, Rosa? Não gosta de xingamentos? Me desculpa, mas nesse momento, eu queria poder estrangular aqueles quatro desgraçados!

Ela estava incluindo o Xerife.

— Mas por que ele não acreditou na gente? – eu queria mesmo saber. Não fazia sentido!

— Por que ele é um cretino miserável! É por isso! — Ela bufou e apertou os olhos e os lábios — Ele é o pai do Tyler, sabia?

Eu não tinha olhado muito para o rosto do Xerife, então eu não tinha encontrado semelhanças.

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora