Atreladas

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ROSA

O dia foi tão bom! Até que um calor miserável começou a se apoderar de mim. Primeiro, foi o calor. Parecia que um dia de verão sufocante tinha tomado o meu quarto inteiro. Depois, a casa e foi só piorando. Eu estava, literalmente, cozinhando de dentro para fora!

Eu queria morrer. De verdade! Eu... eu não podia suportar aquilo! Eu queria gritar por ajuda, mas descobri que eu não tinha voz. Eu não tinha nada. Eu... eu ia morrer. Estava certo.

No momento, eu não sabia se eu estava de fato me transformando em um lobo ou... ou se eu estava morrendo de alguma doença que eu nunca tinha lido a respeito.

Meu corpo parecia estar se quebrando. A pele se rasgando.

"Por favor, alguém me ajude!" Eu gritava mentalmente, mas nem o meu corpo mais reagia. Eu estava deitada no chão de madeira da casinha, não consegui sair. Eu ouvi algo ao meu redor, mas eu não tinha ideia do que poderia ser. Eu só... eu só queria poder descansar.

"Vai ficar tudo bem" , uma voz feminina, mas rouca, falou na minha cabeça.

"Q-quem é você?" Eu perguntei..

"Eu sou Kina." Ela disse. "Eu sou a sua loba..."

Ela parecia estar envergonhada. Bom, se era ela me causando aquela dor, ela fazia bem em se sentir envergonhada. Pelo amor de Selene, eu esperava que aquela não fosse a dor que eu teria que aguentar todas as vezes que eu fosse me transformar.

Então, Kina sumiu. Eu senti ela sumindo.

"Kina?" Eu chamei por ela, mas foi em vão. Ela não estava ali por mim. Não mais. Eu não tinha mais nada. Acabou?

O meu corpo parecia ser incapaz de sentir qualquer coisa. Eu... eu estava flutuando e então, uma calma se apoderou do meu corpo todo.

Acho que apaguei até mesmo naquele estado, porque quando abri os meus olhos, eu ainda não me sentia eu mesma e, ao olhar em volta, eu não estava na minha casa. Eu não sei onde eu estava. Eu não fazia ideia de onde eu poderia estar!

— Acalme-se, criança — Uma mulher disse e então eu olhei para o lado. A criatura mais linda que eu já vi na minha vida estava ali.

— Quem... ?

— Não me reconhece, meu bem? – Ela perguntou e eu podia ver que ela tinha um semblante gentil, cálido. Ela não parecia desse mundo — E não sou.

Eu arregalei os olhos.

— Você lê os meus pensamentos?

— Claro. Eu sou a sua mãe. Como eu não saberia o que se passa nessa sua linda cabecinha?

— mãe? – eu perguntei. Não , ela não era a minha mãe, a não ser... — Selene?

Ela sorriu mais abertamente.

Certo, eu estava alucinando.

— Não, meu bem. Você não está alucinando. Eu vim visitar você, porque é a hora.

— Ninguém nunca comentou que a vê quando se transforma.

— Mas não me veem. Apenas aqueles que são escolhidos vem até aqui quando chega a hora de se transformarem.

— Escolhidos? Eu sou uma escolhida? Eu não entendo — Eu não entendia nada, mesmo. A única coisa que eu entendia era que alguma coisa muito louca estava acontecendo. Eu juro que não usei drogas, nem bebi.

— Sim, escolhida. Veja...

Ela me ofereceu um espelho e primeiro, eu não vi nada diferente. Era eu. Apenas eu. Ela fez menção para que eu voltasse a olhar no espelho.

Alfa Kurt - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora