Capítulo 11

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Estava assustada com tudo que estava acontecendo. Ver aquele velho homem desmaiado, parecendo que tinha morrido, enquanto vários peões juntos ao Otávio o carregavam para o andar de cima me deixou com um nó na garganta. O pior de tudo foi ouvir Otávio chamando-o de pai... O dono dessa enorme fazenda que eu diria que pode ser ainda maior que a do meu primo, Dominic, e a do meu tio, Saulo. Em resumo, ele era um herdeiro de uma família rica, mas as peças ainda não se encaixavam na minha cabeça, não conseguia entender o motivo de ele viver como peão se era tão rico assim?

Eram tantas dúvidas que eu tinha a impressão de que iria enlouquecer.

Otávio não se aproximou de mim, não me deu nenhuma satisfação, somente ficou andando de um lado para o outro na sala, parecendo mais perturbado do que nunca. Fiquei olhando, aflita, para ele, que só sossegou quando o médico chegou e foi atender seu pai, que por milagre estava bem, vivo ainda, entretanto, ele teve um pico hipertensivo.

Otávio conversou com o médico, que depois de prescrever remédio e pedir que levasse seu pai amanhã para o hospital foi embora. Finalmente, Otávio ficou mais tranquilo. Ele se sentou no sofá e eu fiz o mesmo ao seu lado.

— Otávio, vai ficar tudo bem agora, ele vai melhorar — sussurrei tocando seu ombro, ele não me olhou em nenhum momento.

— Lorena, tenho tantas coisas para te explicar... — Sua voz saiu rouca, ele pigarreou em seguida. — Você fez bem em ter trazido roupa extra, não acho que vou conseguir dirigir até a fazenda ainda hoje.

— Não se preocupe comigo, não precisa me explicar nada agora — falei, carinhosa, não gostava de vê-lo tão aflito. Otávio ajeitou a postura e meneou a cabeça em minha direção, seus olhos estavam tão vermelhos, que engoli em seco. Ele segurou a minha mão.

— Obrigado por estar aqui comigo, e por sua compreensão, nunca vou me esquecer — murmurou, e eu simplesmente sorri. — Vamos passar a noite aqui, quero acompanhá-lo amanhã e ter certeza de que ele vai ficar bem. Ok?

— Tudo bem — respondi. — Não será nenhum sacrifício dormir num casarão deste.

Os cantos dos olhos de Otávio se enrugaram quando ele sorriu sem mostrar os dentes.

— Com certeza não — respondeu. — Imagino que deva estar com fome, já que não comemos desde o café da manhã...

— Sim, na verdade, eu est...

— Otávio! — Uma voz me interrompeu, era de uma mulher já de idade que acabou de entrar na sala, ela parecia que tinha acabado de ver um fantasma. — Filho! Você está aqui mesmo.

Otávio ficou de pé no exato momento que a viu.

— Sim, estou aqui, mãe.

A mulher começou a chorar, convulsivamente, e correu até Otávio para abraçá-lo.

A TENTAÇÃO DO VIÚVO Onde histórias criam vida. Descubra agora