Capítulo 04

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Dia das mães.

Hoje é um dos dias mais dolorosos e difíceis da minha vida, que se repete anualmente.

Hoje é dia de entrar no instagram e ver postagens de filhos que só dão desgosto para as mães o ano todo mas no dia das mães posta foto chamando de rainha.

É dia de ver postagens mentirosas dizendo que a única pessoa que vai te amar no mundo, é sua mãe.

Mesmo assim, é dia de ver fotos de filhos abraçando e beijando a mãe... de ver declarações verdadeiras de amor e carinho.

Algumas batidas na porta tiraram minha atenção.

— Filha... Akira vai vir aqui hoje para conhecer você... eu já estou preparando o almoço... só esqueci de avisar ontem.

— Hoje?

Ele concordou com a cabeça.

— Hoje... é dia das mães...

Ele piscou algumas vezes, desviou o olhar, depois suspirou pesadamente.

— Perdão... eu havia me esquecido... eu vou marcar outro dia...

— Não pai, por favor... me desculpe... está tudo bem ela vir... hoje é um dia comum como todos os outros — dei de ombros.

— Tem certeza?

— Tenho...

— Tudo bem então.

Assim que ele saiu e fechou a porta, respirei fundo me sentindo uma inútil.

Simplismente não poder me locomover normalmente parecia acabar com toda a minha utilidade.

Eu não conseguia fazer nada além de suprir minhas necessidades, não conseguia limpar a casa, ajudar meu pai, nada.

E estar morando com meu pai novamente desde o dia do acidente era diferente.

Mas hoje eu precisava fazer algo que fizesse de mim, uma pessoa útil.

Penteei o cabelo mais uma vez e encarei meu reflexo no espelho do quarto, vestindo um vestido verde claro de alcinha.

Suspirei, abri a porta e saí do quarto, encontrei meu pai, já mexendo com o almoço.

— O que você vai fazer de salada? — perguntei.

Ele arregalou os olhos e colocou as mãos sobre a cabeça.

— Que merda... esqueci de comprar a salada... e os refrigerantes...

— Eu posso ir até o mercado ali na esquina e comprar... — sugeri.

— Negativo... é muita coisa pra você trazer de muletas.

— Pai... — revirei os olhos — por favor, eu preciso ajudar em algo...

Ele me lançou um olhar.

— Tem certeza que consegue trazer as coisas?

— Tenho...

— Ok, ok.

Abri a porta e o portão eletrônico, o mercado ficava na mesma rua, mas a duas quadras.

Ir seria fácil, dificil era voltar com as coisas depois.

Adentrei o mercado e fui direto à sessão das verduras, acho que uma simples salada de tomate estava bom.

Me apoiei sobre a prateleira e comecei a analisar os pés de alface.

Peguei o maior e mais bonito, enfiei-o na sacola e me direcionei à sessão das bebidas.

Quando cheguei no corredor, havia um homem alto de mais ou menos cinquenta anos, estava enfiando grades de cerveja dentro do carrinho.

𝘼𝙣𝙖𝙩𝙤𝙢𝙮 𝙤𝙛 𝙇𝙤𝙫𝙚  🦋  Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora