Capítulo 23

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Negativo.

Pego o celular com as mãos tremendo e envio uma mensagem à Kakashi, aliviada por saber que não há nenhum bebê a caminho.

Ao mesmo tempo que...
Por algum motivo sinto algo vazio.
E não choro. Mas não sorrio.

Na mesma hora Anya entra com alguns papéis, largo o celular e dou atenção a ela.

— Aconteceu alguma coisa? Você está tremendo.

— Nada... — endireitei a postura — só abri o resultado do meu teste de gravidez.

Ela arregalou os olhos, levou as mãos até a boca.

— O que!? E aí??

— Pra minha sorte negativo. Acho que eu ficaria louca caso positivasse.

Será que eu realmente ficaria louca? Ou não...

Ela bufou, estalou a língua.

— Achei que estivesse trabalhando seu psicológico para lidar com isso... poxa.

Suspirei, desviei o olhar.

— Estou tentando... mas é difícil. Sinceramente, isso me aterroriza.

Me levantei e fui até a térmica, encher minha xícara de café.

— Tudo bem, Aika... — ela se sentou — você tem motivos para se sentir assim. E mesmo que não tivesse, ninguém é obrigado a ter filhos, isso é só uma cultura que a sociedade nos influencia a seguir.

Suspirei, olhei para a minha aliança de noivado.

— Em minha defesa... só converso sobre isso com você porque...

Ergui os olhos para ela.

— Já olhou para alguém e pensou: "essa pessoa nasceu pra isso"?

Concordei com a cabeça.

— Sempre que te olho tenho certeza que você nasceu pra ser psicóloga, tanto quanto nasceu para ser mãe.

Segurou minha mão, apertando-a.

— Mas você pode ter nascido pra algo, e isso não ser pra você.

Observo os papéis sobre a mesa e como ela anda até a porta.

— E Deus me livre, juro que te deixo em paz. Mas Aika... já pensou em adoção? Aquela garotinha... Saki, que te ama tanto... e por aparência de fato se parece sua filha. Vocês tem uma ligação tão forte.

Saki...
Adoção...

Ela ia deixando a sala. Quando lhe chamei a atenção.

— Anya. Tenho algum horário vago hoje?

— Sim, as 17:00.

— Vou sair.

Ela concordou com a cabeça.

Me sentei novamente e peguei meu celular, combinando um horário com Shizune e Ino no sábado. Precisava contar sobre o casamento e mais algumas coisas.

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Quase contei os minutos até as 17:00.
Muito mais os minutos do meu percurso da clínica até o orfanato.

Senti as mãos suarem sobre o volante. Por que? Estou acostumada a vir aqui todas as semanas...

Desci do carro e adentrei pela portaria, segui os corredores e sorri ao ver a minha garotinha pelo vidro, no parquinho, se balançando.

𝘼𝙣𝙖𝙩𝙤𝙢𝙮 𝙤𝙛 𝙇𝙤𝙫𝙚  🦋  Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora