King of My Heart

383 61 6
                                    

— Eu mandei a polícia atrás de você.
— Você estava com medo.

Kara bebeu o drinque, saboreando a sensação quente do líquido descendo pela garganta.

Então ergueu-se para preparar outro.

— Tudo bem.
— Eu vi a expressão em seu rosto. Você estava aterrorizada.
— Eu estava brava comigo mesma por ter deixado as crianças com alguém que não conheço direito.
— Talvez. Mas algo fez você entrar em pânico, a ponto de ligar para a polícia.

Ela suspirou, desta vez bebericando o drinque. Não ia confidenciar seus segredos a uma desconhecida.

— Tudo bem, não quer conversar. Eu entendo. Mas vejo que você e seus filhos estão emocionalmente abalados.
— Está dizendo que todos nós precisamos de terapia?

— Estou dizendo que você precisa pegar leve consigo mesma e com as crianças

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Estou dizendo que você precisa pegar leve consigo mesma e com as crianças. Você é obcecada por controle. Seus filhos sentem a necessidade de ficarem em silêncio para satisfazê-la.

Sentindo-se corada e embaraçada, Kara voltou para o sofá, ao passo que ela se levantou.

— Entendo que você não queira a ajuda de um estranho. Eu também não sou terapeuta. Mas passei seis anos com crianças da idade de Clark. Conheço o jeito deles, como eles gostam de xingar, bufar e revirar os olhos, e tornar a vida dos adultos um inferno. Sei que Clark faz algumas dessas coisas, mas com pouca frequência. Ele está ocupado demais tentando satisfazer você.

Lena respirou fundo.

— Você tem uma oportunidade aqui. Faltam quatro semanas para o Natal. Quatro semanas em que vocês podem decorar a casa juntos, onde você pode contar histórias natalinas sobre a mãe deles. Ver filmes antigos. Fazer bonecos de neve. Descer uma ladeira de trenó.

Kara ergueu os olhos para encará-la.

— A escolha é sua. Usar o Natal para transformar sua família em uma família de novo, ou deixar que as coisas continuem assim. Fingindo que Thea não fala por timidez, fingindo que é normal um garoto de 12 anos ser tão quieto. Daqui a seis anos, quando Clark resolver sair de casa sem dizer uma palavra sequer e sem intenção de voltar, você não poderá culpar ninguém, a não ser a si mesma.

O comentário raivoso de Clark sobre estar atrás das grades ecoou na mente de Kara, que  suspirou, passou a mão pelo rosto e finalmente decidiu que não tinha escolha.

Não queria fazer com que os filhos lhe odiassem ou fossem infelizes.

Mas tampouco queria que eles fossem para a cidade.

— No dia em que minha esposa morreu, eu encontrei a casa vazia e fria.
— Então, quando você voltou para a casa hoje, a casa vazia a assustou?
— Não tanto quanto saber que as crianças estavam na cidade.

Kara passou a mão pelo rosto de novo. Odiava aquela dor, aquela humilhação.

— Minha esposa estava tendo um caso. Há um ano, aparentemente. Monel Matthews, um de nossos funcionários, chegou ao velório e caiu chorando sobre o caixão dela. Ele me chamou de
todos os nomes possíveis por eu não ter dado o divórcio quando ela quis.
— Ah, meu Deus.

Angel Christmas Onde histórias criam vida. Descubra agora