No dia seguinte, os ânimos estavam péssimos.
O silêncio preenchia a cozinha.
Ela viu a ponta de um envelope na pasta de Kara e notou a etiqueta de um laboratório na frente.
Seus olhares se encontraram quando ela se sentou à bancada com sua xícara de café.
Quebrando o silêncio ensurdecedor, ela disse.
— Clark fará hoje os testes para saber se ele está pronto para o próximo semestre.
Kara elaborou um sorriso.
— Que ótimo. Boa sorte, amigão.
Confiante de uma maneira que só um garoto de 12 anos conseguia ser, ele disse.
— Eu vou arrasar.
— É bom, mesmo.A cozinha voltou a ficar em silêncio. Thea comia uma torrada e sorriu para Lena ao olhar para ela. Ela então viu Kara olhar para a filha e notou o rosto da loira se contorcer de dor.
Tudo dentro dela doía por Zor-El.
Kara era uma boa pessoa e não merecia sofrer daquele jeito. Era uma pessoa honesta, algo que ela sempre quisera para sua vida. Lena engoliu em seco.
A vida toda ela havia esperado por isso.
Uma família com alguém que protegia os filhos. Uma pessoa que sabia como amar. Sendo conveniente ou não, difícil ou não, ela amava Kara, e não iria deixar que nada a destruísse.
(...)
Kara voltou do trabalho ainda mais deprimida.
Lena tentou animá-la no jantar.
— Clark terminou os exames 20 minutos antes do tempo médio estimado.
— Que beleza.
— Acho que ele merece uma recompensa hoje.Kara olhou para ela sobre a mesa.
— Uma recompensa?
— Estava pensando que nós poderíamos decorar a árvore.Clark ficou de boca aberta.
— É cedo demais.
— Falta menos de uma semana para o Natal.Ela lançou um olhar para Kara.
— Além disso, não é como se existisse uma lei que impedisse a decoração de árvores de Natal antes da véspera, para alegrar os ânimos.
Percebendo o que ela queria dizer, Kara inspirou fundo.
— Suponho que sim.
— Eu peguei as caixas com as decorações e as deixei perto da porta, no corredor. Por que você não vai buscá-las, Clark?
— Certo.Ele segurou a mão da irmã, e então os dois saíram da cozinha.
— Não quero ver ninguém tão triste assim perto do Natal.
— Então, é o meu estado de espírito que você está tentando animar.
— Não estou tentando.Ela sorriu.
— Eu vou melhorar seu ânimo. E isso será bom para as crianças, também.
Ela ouviu os baques surdos das caixas sendo arrastadas pelas escadas, e os latidos de Clara Bell. Levantou-se.
— Acho melhor eu ir ajudá-lo.
Kara a fez se sentar.
— Termine de jantar. Eu os ajudo.
Entendendo que talvez quisesse um tempo a sós com as crianças, Lena aceitou a sugestão e se deixou ficar. Depois de lavar os pratos, sem mais o que fazer para enrolar, ela foi até a sala de estar onde viu Kara sentada no chão, com os galhos da árvore artificial espalhados em um círculo ao redor dela. Clark estava ao lado do pai, em pé, Thea do outro, agachada.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Angel Christmas
Hayran KurguApós a morte da esposa, Kara Zor-El estava tentando viver o espírito natalino pelo bem das crianças. Mas com o filho indo mal na escola e a filha quase sem falar, ela precisa é mesmo de um verdadeiro milagre. Enquanto isso, Lena Luthor era para ser...