Minefields

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Kara tirou o casaco da filha, e ela sorriu para a loira, como se estivesse aprovando a conversa que eles tiveram sobre a mãe.

As amarras que prendiam o coração dela se afrouxaram um pouco.

Lena encontrou algumas cantigas natalinas no smartphone e depois o conectou às caixinhas de som, enchendo a cozinha de mágica.

Mágica.

Pela primeira vez em três anos, aquela casa parecia um lar. Eles tomaram o chocolate quente. Clark pediu licença e foi ver televisão. Thea aninhou-se no colo de Kara, que sentiu o doce aroma do lado de fora que ainda estava
nela, percebendo que nunca havia feito um boneco de neve com os filhos ou uma guerra de bolas de neve.

Mas, agora, eles iriam fazer tudo isso.

— Está pronta para a cama, T?

Ela riu e depois bocejou.

O olhar da loira recaiu sobre Lena.

Aquele novo passo em seu relacionamento só foi possível por causa dela.

Kara também percebeu que ela havia ficado subitamente quieta enquanto eles terminavam de pendurar as luzinhas coloridas. Lena também se voluntariou para ligar a tomada, alegando que a família deveria estar reunida para vê-las.
Ela não queria fazer parte do grupo. Mas já fazia.

— Quer me ajudar a colocar Thea na cama?

Ela balançou a cabeça, sorrindo.

— Como Clark, acho que vou ver televisão.
— Na verdade, eu gostaria de conversar com você.
— Conversar?
— Como fizemos esta manhã.
— Ah, tudo bem.

Ela imaginou que Kara fosse querer falar sobre Clark, e talvez estivesse certa. Mas também queria descobrir o que havia acontecido com ela.
Kara deu banho em Thea, leu uma historinha para ela e, meia hora depois, voltou para a sala.

Quando entrou, Lena desligou a televisão.

— Acho que tudo correu muito bem.
— Graças a você.

Ela olhou ao redor nervosamente, sem saber onde sentar. As únicas cadeiras na sala estavam junto à mesa. Todos se sentavam no sofá para ver televisão. Mas ela estava sentada lá...

E Kara estava experimentando sensações que
provavelmente não lhe deveriam estar atingindo.
Além disso, ela havia flertado consigo, jogado o cabelo, colocado a mão no seu braço. Kara riu.

Santo Deus.

Passara por uma sessão de decoração conversando com o filho sobre a esposa que lhe traíra. Sentar-se ao lado de uma mulher de quem
gostava talvez não fosse o passo seguinte mais lógico, mas não havia mais onde se sentar e  estava cansada de ser uma idiota.

Então sentou-se ao lado dela.

— Então, o que aconteceu lá fora?
— Você decorou a varanda com seus filhos e conversou sobre a mãe deles?
— Não. Quero dizer com você.
— Eu?
— Estava indo tudo bem, você estava ajudando na conversa sobre Imra, mas no instante seguinte você se fechou.
— Não queria me intrometer demais. Era seu momento com a família. Algo que vocês precisavam.

Disse ela, lógica e honestamente. Mas Kara viu como Lena havia ficado calada.

— Eu acreditaria, se não tivesse visto você ficar triste.

Ela a encarou.

— A cena foi triste. Eu pude sentir o peso no coração de Clark.
— E eu pude ver o peso no seu.

Assim como via naquele mesmo instante. Os olhos dela, que geralmente brilhavam, estavam apagados.

A boca sempre sorridente era uma linha reta.

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