Wishes

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Lena não podia acreditar que ela a havia beijado. Na manhã seguinte, depois de acordar, os lábios dela ainda estavam dormentes. Ela encarou-se no espelho, dividida entre a alegria e a incerteza. Sabia que Kara gostava dela.

E o sentimento era recíproco.

Mas sabiam também que não deveriam começar algo que não podiam terminar. Ao entrar na cozinha, seu olhar procurou por Kara, que sorriu para ela. Os nervos dela pulsavam como luzinhas de Natal.

— Então, o que vamos fazer hoje?

Clark nomeou uma lista de tarefas, enquanto ela preparava um café. Quando ele terminou, Kara virou-se na banqueta para encará-la.

— O que você vai fazer esta tarde?

O sorriso lindo e perfeito da Zor-El poderia ter iluminado o cômodo.

Os membros dela congelaram, como se estivessem tomados pelo medo.

Ela não sabia como era um relacionamento normal. Porém, já estava a meio caminho de se perceber totalmente apaixonada por Kara.

E ela não queria fugir.

— Acho que...

A voz de Lena fraquejou, e ela limpou a garganta.

— Acho que vou visitar minha irmã.

Uma das sobrancelhas dela se arqueou.

Certo. Então Kara descobriu que o beijo a deixou abalada. Honestidade não era parte de um relacionamento?

— Você quer levar as crianças?
— Eu poderia.
— Por que não espera até eu voltar para casa? Ligue para Natasha e avise que você vai lá à tarde.

Ela assentiu. Um arrepio fez seus joelhos tremerem.

Ela nunca havia desejado e temido algo ao mesmo tempo.

Mas, vendo a expressão de Kara, das crianças e até de Clara Bell, todos felizes, ela soube que queria fazer parte daquilo tudo. Lena devia superar o medo de não ser boa o bastante, mesmo que isso a matasse.

Kara chegou exatamente às 18h.

Entregando as chaves do SUV a ela, disse.

— Sei que você tem um carro, mas eu me sentiria melhor se fosse com o meu.

Ela olhou para as chaves e depois para Kara. Deus, como era maravilhosa. E também era generosa, doce e esperta.. Certo. Ela estava caidinha por Zor-El. Era por isso que ela ia ver a irmã.

Para aprender a lidar com “obrigados”.
Então Kara a segurou pelos ombros e lhe deu um beijo de leve.

— Divirta-se.

Ela assentiu, sorriu e foi para a porta, sentindo os joelhos tremendo e o estômago revirando.

Uma pessoa real, normal, gostava dela.

E ela já estava quase prestes a amá-la.

Ela poderia ter uma vida... um lar.

Um lar de verdade. Seguro e com amor.

A viagem até Newland durou uma hora. Parte dela queria fechar os olhos enquanto ela cruzava a cidade, mas a prática da direção a impedia.

Assim, passou pelos prédios que não haviam mudado muito. A mercearia.

A loja de ferragens. A biblioteca. Ela conduziu o SUV de Kara lentamente. Era como viajar no tempo, só que sem experimentar o medo que vivenciara. Seus nervos estavam calmos, mesmo tão perto do restaurante. Ela passou pelo pequeno prédio que abrigava o estabelecimento do pai e sorriu. Nada de medo. Havia clientes sentados nas mesas por trás das grandes janelas da frente. Lena respirou fundo.

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