Flaws

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A afeição por Kara era tanta que deixou o peito dela apertado.

— Você não pode se torturar por causa disso.
— Claro que posso. Não só por mim, mas por Thea também. Mesmo que ele nunca a procure, ela merece saber a verdade.
— Mas você disse que não sabe a verdade. Disse que você e sua mulher estavam dormindo juntos uma vez ou outra.

Kara suspirou.

— Uma vez... ou outra.
— Então você pode ser o pai de Thea.
— São chances remotas.
— Então faça você um exame de DNA.

Kara afastou-se dela, caminhando até a mesa que Clark usava para estudar, e Thea, para desenhar.

— Só assim eu saberei.
— Exatamente.
A ira acendeu os olhos cor de topázio dela.

— Você não entende? Eu não quero saber! Eu posso acabar tendo que encarar o fato de que ela não é minha filha. Enquanto existir a dúvida, ela será minha garotinha.
— Enquanto existir a dúvida, você sofrerá.
— Melhor sofrer do que saber.
— Mas e se ela for sua?
— Eu já comentei que as chances são pequenas?
— Se ela for sua, você não terá que se preocupar em contar nada disso a ela.
— Certo, mas e se eu descobrir que ela não é minha?
— Você vai encontrar uma solução.

Zor-El balançou a cabeça.

— Enquanto houver dúvida, não terei que encarar o fato de que posso estar mantendo Thea longe do pai verdadeiro. Depois que eu descobrir, terei algumas decisões difíceis a tomar.
— Em algum momento você terá que contar. Por que não saber a verdade?
— Você não está me ouvindo? É a verdade que estou tentando evitar.
— Ah, é mesmo? Imagine como você se sentirá ao descobrir que ela é sua filha.
— Tão aliviada que poderei até dançar sobre essa mesa.
— Então é exatamente por isso que você deveria descobrir. Você não pode fugir mais. Não pode passar a vida temendo que outra pessoa entre em sua vida a arruíne.
— Quando voltei do funeral de Imra, quase explodi de medo enquanto dava banho em Thea. Eu disse para mim mesma que devia apenas sobreviver pelos dias seguintes e me preparar para perdê-la. Mas Monel nunca veio. E eu nunca o procurei porque amo Thea. Eu a vi nascer, ajudei-a a dar os primeiros passinhos. Eu não queria abrir mão dela na época. E não quero abrir mão dela agora.

Ela se aproximou da outra.

— Você disse que ele seguiu com a própria vida, mas pela forma como você evita a cidade, suponho que ele ainda more em Worthington.
— Sim.
— E você mora em uma montanha tão afastada de tudo e todos que se não fosse por seu trabalho, seria uma eremita. Isso não é bom para você, nem para os seus filhos. Precisa encarar esse fato.

Kara passou a mão pelo rosto.

— Mas eu não quero.

Porém, Kara pôde perceber a convicção minguar em sua voz.

Não fazia o que era certo por puro medo. Medo esse que lhe mantinha como refém. Que mantinha seus filhos como prisioneiros. Eles não podiam continuar vivendo daquela forma.

— Eu vou procurar por um laboratório na internet.



(...)

Na manhã seguinte quando Lena entrou na cozinha, encontrou o ambiente tão quieto quanto no dia em que havia chegado. Clark e Thea encaravam suas tigelas de cereais.

De pijama e robe, com o cabelo fora do lugar e sem o laptop diante de si, Kara simplesmente olhava para a frente.

Ela ligou a cafeteira e virou-se para a bancada.

— E aí, por que todos estão com essas caras hoje?

Clark deu de ombros. Abraçando o ursinho, Thea a olhou com curiosidade.

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