Capítulo 2

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Adrian

Um buraco na parede. Ou isso, ou eu faria na cara de alguém. Raiva emanava de meus poros, meus pulmões doendo pelo ar que eu prendia. Outro buraco, mais outro e mais outro.

Já era a segunda notícia ruim daquele dia, desde que invadimos o casarão da Ordem.

Tento inspirar, mas quanto mais inspiro, mais raiva sinto.

– Quem foi o imbecil que deixou isso passar? – Nenhuma resposta – Quem foi o filho da puta, porra? – Grito.

Os rostos baixos de meus homens me respondem que ninguém pode me dar essa resposta. Não foi culpa deles, sei disso. Estávamos trabalhando com pouco, praticamente com migalhas de informação, e não tínhamos o tempo a nosso favor, mas estou muito puto pra aliviar a barra.

Caralho. Isso não está saindo nada como planejei. Nada. 

Tento me acalmar, mas a imagem do cadáver da criança ainda me atormenta. Não era pra ter garotas no local da invasão. Agora o corpo de uma está apodrecendo no galpão do fundo de minha casa, enquanto a outra tenta se recuperar dos inúmeros abusos em um de meus quartos.

Homens desgraçados.

– Descobriram quem é a garota morta? – minha voz finalmente sai um pouco mais controlada.

­– Adeline Larroy, senhor. A filha de Cristiano Larroy – O interrompo.

Merda – Ele também foi morto junto de sua esposa. Mas a notícia sobre a filha desaparecida não tinha vindo a público ainda. Provavelmente por toda investigação. Volto a minha cadeira e me sento com os cotovelos estendidos sobre a mesa – Ela tinha o que? Dezoito anos?

– Dezesseis, senhor.

– Alguém pode me explicar, por que aquele porra, estava com duas garotas distantes apenas na intenção de abusa-las e mata-las? – lancei meu olhar a todos presente. Aquilo não fazia o menor sentido. – Vocês descobriram a marca do sapato que ele usa. Mas não que o desaparecimento delas era obra deles?

­– Você sabe que não temos a resposta Adrian. Estamos trabalhando nisso, se acalme – a voz de meu irmão soou serena ao meu lado. – Vamos descobrir.

– Saiam! – Ordenei – Aqui vocês são inúteis, quero respostas. Saiam agora.

Observei meus homens marchando para as saídas. Cada rosto com expressão de preocupação e medo. Em minutos o ambiente ficou silencioso. Respirei pesadamente, minha cabeça ameaçando uma algia.

Ao meu lado Andreas ainda permanecia me observando, esperando-me controlar minha fúria. Puxei o copo a minha frente e engoli todo o conteúdo ardente. Só quando bati o copo na mesa, ele voltou a falar.

– Como ela está? – retribui o olhar.

– Quem?

– Você sabe quem. A nossa sobrevivente da noite fatídica.

A lembrança me incomoda novamente. Me levanto bruscamente enquanto busco mais Whisky, dessa vez me sirvo de uma dose menor, apenas o suficiente para queimar a garganta enquanto ainda estou procurando por calma.

– O médico disse que ela já está fora de risco – quase ri da ironia disso. – Ela acordou, tentei fazer umas perguntas, mas não tive muito sucesso. Ela também não sabe de nada e teve uma crise com a informação da morte dos pais.

– Espere. Deixe-me ver se entendi bem. – Andreas se aproximou. – Está me dizendo que você interrogou uma garota traumatizada, fraca e ainda por cima, jogou a bomba sobre a morte dos pais sobre ela, enquanto ainda se recupera? – mantive silêncio. Ele sabia que foi exatamente isso que fiz – Porra, Adrian. Quer terminar de enlouquecer e matar a garota de vez?

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora