Capítulo 15 (+18)

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Adrian

Parecia que ela havia acabado de se sentar a cabeceira da cama, com o controle na mão escolhendo algo, quando ouviu a porta do quarto ser aberta. Passei pelo portal, ainda de cabelos húmidos, e roupas de dormir, parei segurando a porta, em dúvida se acabava de entrar ou se falava dali mesmo.

– Oi.

– Oi – Minha voz saiu baixa.

– Não vai entrar?

Minha resposta foi fechar a porta e me aproximar, sem saber bem pra onde ir. Dormimos juntos na última noite, e não terminamos a conversa sobre continuar ou não com aquilo. Eu deveria manter uma distância.

Ela puxou a coberta para baixo como se me chamasse para sentar. Hesitei e quando cedi, apenas coloquei uma das pernas na cama, a outra se manteve ao chão, com corpo levemente de costas para ela.

Provavelmente ela leria minha expressão corporal, pois parecia a mesma de alguém que precisava informar a morte de um falecido. O que é irônico, considerando que a informação é a contraria. Ela tem um irmão bem vivo e ele está atrás dela.

Como digo toda a história?

Que seu pai não é seu pai, e que sua mãe foi estuprada e que foi assim que ela foi concebida? Como explicar que é o irmão psicopata dela que está lhe caçando?

Caralho, que situação de merda.

– Adrian? – Não a olhei, não podia – Aconteceu alguma coisa?

Me endireitei, a apreensão se tornando quase palpável.

– Está tudo bem? – Dessa vez a encarei.

O rosto preocupado formando ruguinhas na testa, os olhinhos concentrados em mim, e o corpo encolhido em suas vestes.

Desejei poder vê-la novamente em minhas roupas.

– Sim.

– Você parece tenso – Um suspiro pesado me escapou – Quer conversar?

Não.

Tudo o que menos quero no momento é ter essa conversa. Não suportaria ver Luna sofrer novamente, não esse tipo de sofrimento.

Ela já estava destruída o suficiente.

Lhe fitei por segundos me decidindo sobre o que dizer. Nada veio a minha mente, então ela continuou.

– Okay, fique de costas.

– O quê?

– Sente-se direito e fique de costas para mim.

Não sabia o que ela pretendia com esse pedido, mas obedeci. Agora com os dois pés ao chão, sentando completamente de costas para ela.

Senti uma mão em meu trapézio e a olhei por cima do ombro. Ela estava se posicionando as minhas costas, ajoelhada na cama. Ajeitei minha postura e ela começou uma massagem.

Meu corpo estava tenso, quente e travado. Pude sentir em cada fibra muscular, todo nódulo que ela apertava. Desde o começo de um musculo, até onde terminava outro.

– Chegou mais cedo.

– Não tivemos problemas para conseguir informações hoje, foi fácil.

– Se foi fácil, por que parece que você está tão cansado?

Comecei a entender o que ela estava fazendo. Luna estava usando truques psicológicos em mim.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora