Capítulo 8

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Luna

Após o almoço com o demônio de alta patente, me direcionei a biblioteca. Meu esconderijo favorito dessa mansão horrorosa.

Me deitei em um sofá pequeno apoiando a cabeça no apoio lateral. A posição me deu uma clara visão da foto de família que tinha no local.

Sempre quis perguntar a um deles sobre essa foto. Adrian tinha dito que odiava o pai. Andreas só fala sobre a mãe, acho que compartilha do mesmo sentimento do irmão. Então por que mantinham essa foto? Era a única coisa daquele local que me deixava aflita. Os olhos do pai deles tinham o mesmo peso sombrio dos caras do cativeiro.

Ignorei a imagem a minha frente e me concentrei na leitura. Ou pelo menos tentei, mas minha cabeça estava dispersa.

Não dormi direito após a discussão com Adrian. Acordei de madrugada depois de outro pesadelo e não havia nenhum vestígio que ele esteve ali.

Me senti desprotegida e novamente solitária.

Odiava admitir mas gostava de ter ele por perto. Meu fio de esperança se agarrou a ele no dia em que me resgatou, e acho que por algum motivo eu ainda estava agarrada.

Talvez eu devesse aceitar a oferta de buscar ajuda profissional.

Deixei minha mente devagar demais em minhas lembranças mais doloridas durante a noite, e acabei tento uma péssima manhã. Geralmente eu era forte. Mas acabei me tornando a garota delicada que Adrian tanto me enxerga.

Azarada do caramba. É Sempre ele que me pega em situações de fragilidade.

Devo ter pegado no sono em algum momento durante a leitura, porque acordei atordoada e confusa. E ao quando organizei minha mente, notei Adrian do outro lado do lugar, sentando com milhares de papéis a mesa.

Ele estava trabalhando, no mesmo ambiente em que eu dormia. Ele não tinha uma sala pra isso?

Me levantei devagar indo em sua direção, ele lia algo, mas sei que notou a muito tempo que estou acordada.

Seu olhar se direcionou a mim quando me sentei na cadeira de frente a ele.

– Precisa de alguma coisa? – Soltou o papel a mesa, e vi o que parecia uma foto do cadáver de um homem mais velho.

Engoli em seco e voltei minha visão a ele que ainda me encarava com curiosidade.

– Podia ter me acordado.

– Pra quê?

Como pra quê?

– Pra você trabalhar sem que tenha alguém dormindo a metros de você – Ele sorriu.

Dessa vez o sorriso dele era sincero e calmo. Não carregava o cinismo de sempre e nem a maldade de quando está estressado.

Ele apenas sorriu.

E dentro de mim alguma coisa borbulhou. Me senti estranha.

– Você só estava dormindo. Isso não me incomoda nem um pouco. Trabalho com cenários bem piores.

– Estou vendo – Desviei o olhar outra vez para o papel, e ele virou a página indo pra onde só tinham palavras – Vou deixar você trabalhar em paz.

Ia me levantar, mas a voz dele me deteve ali.

– Não dormiu bem está noite? Parecia cansada mais cedo e estava em um sono bem pesado aqui.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora