Capítulo 18 (+18)

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Adrian

     Uma hora.

     Demorou uma hora para que Luna finalmente se acalmasse em meu colo. Ela não me atendia. Quando cheguei em casa ela estava encolhida no chão da sala, com dificuldades para respirar. Ninguém que estava aqui conseguiu se aproximar dela, ela se apavorava sempre que tentavam, só foi possível tranquiliza-la quando a envolvi em meus braços. Já haviam se passado meses desde que ela tinha tido sua última crise de pânico.

     Ela que já teve traumas o suficiente, agora carregaria mais um de ter sido alvo de uma chantagem como essa. Ser ameaçada. Descobrir que estão tentando me coagir usando vidas de criança para que a dela fosse entregue é um dos níveis mais baixos que um criminoso pode chegar. Existiam cerca de setenta e duas crianças naquele abrigo e agora ela se culpa pela vida de cada uma delas.

     Luna é boa demais pra esse mundo e está sendo perseguida por um dos piores que nele já existiu, e eu vou mata-lo com os maiores requintes de crueldade que possa existir.

     Agora estávamos todos na biblioteca, era o lugar que ela mais gostava da mansão, e pra conforta-la a trouxe para cá. Ela continuava encolhida em meu colo, meus braços a apertavam e minhas mãos faziam leves carinhos em sua pele. Ela tremia vez ou outra por um resquício de estresse, mas pelo menos o choro já havia cessado.

     Marcela e meu irmão estavam a nossa frente. Andreas encostado a minha mesa com ela entre seus braços, os dois com olhares de pena. Eu odiava isso.

     – ...e por hora, a cidade está segura – Assenti.

     – Vocês sabem que nada disso vai adiantar, não é? – A voz de Luna saiu baixa e vagarosa – Vamos mesmo fingir que não sabemos a melhor opção para realmente manter todos seguros?

     – Nem pense nisso, Luna – Ordenei.

     – Você sabe que estou certa.

     – Não vamos entregar você, pirralha – Andreas disse em um tom de bronca – Não importa o quanto peça.

     Luna suspirou e Marcela trocava olhares com ela.

     – A organização de vocês existe para salvar vidas, é esse o proposito aqui. Ele vai continuar fazendo atentados e provavelmente matando muita gente com isso, até conseguir o que ele quer – Ela engoliu – Eu. E ninguém aqui é burro. Uma vida contra todo o resto? A conta é fácil...

     – A gente disse não, Lu – Foi a vez da Marcela protestar.

     – E da próxima vez? Vocês podem garantir que também vão conseguir controlar a situação? Nem sabemos o que ele vai fazer. E se ele começar a atacar fora da cidade? O que vão fazer?

     – Eu não vou entregar você pra ele. Está me ouvindo? Não tem a mínima possibilidade de isso acontecer.

     Só de pensar nela longe de mim. Neles com ela em suas mãos, sendo submetida a sabe-se lá quais coisas. Não vou permitir.

     Deus do céu.

     Eu não suportaria.

     Ela se sentou se mantendo entre minhas pernas, escorada no sofá agora de frente pra mim.

     – Você viu o que ele escreveu, Adrian. Se não me entregarem, ele vai machucar mais pessoas, crianças e...

     – Eu disse não. Você não vai sair dessa casa, até ele estar morto.

     – Ou um de vocês...

     – O quê?

     – Ele é perigoso pra vocês também, não só pra mim. E não vou deixar que se machuquem por minha causa.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora