Capítulo 5

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Adrian

     Então ela se acalmou.

     Não sei por quanto tempo fiquei ali, a segurando. Não conseguia ver seu rosto, pois ele estava afundado em meu pescoço, molhado por suas lágrimas. Sua mão ainda agarrava minha camisa, porém sem a força de antes. Seu corpo não estava mais tenso.

     Então decidi que era hora de afasta-la de mim. Está tudo bem agora.

     Eu espero.

     Ao descer o corpo de Luna no colchão, e finalmente conseguir olhar em seu rosto, notei que seu relaxamento se devia ao fato de ela ter adormecido. Sua face estava vermelha e os cílios ainda úmidos. Devia ter pego no sono a pouquíssimo tempo.

     Me retirei da cama e me afastei devagar, tomando o cuidado de não a acordar. Ela se mexeu e aconchegou ao travesseiro, com uma delicadeza de quem não teve uma crise a minutos atrás.

     Ela era outra pessoa quando dormia. Uma pessoa com a capacidade de prender minha atenção.

     Era intrigante.

     Ela só precisava descansar e eu tinha assuntos a serem resolvidos. Talvez fosse melhor que o jantar ocorrer sem sua presença. Nem ao menos tive oportunidade de tocar sobre o assunto, mas ela disse que não dormia bem a tempos, então isso se tornou irrelevante.

     Observei Afrodite por apenas mais dois minutos antes de sair de seu quarto e continuar com minhas obrigações.

     Eu precisava parar com essa fixação de ver a garota resgatada dormir, sei que era apenas coisa de ego. Isso de que conseguir salvar pelo menos uma vítima me acalma, mas já estava fora de controle.

     Quase cometi o pecado de permanecer ali a observando. Dessa vez em plena luz do dia tendo milhares de coisas a fazer. Preciso resolver essa merda e a mandar para casa, antes que eu não consiga mais deitar em minha cama, sem antes ver alguém de meu resgate, para constatar que algo que fiz deu certo.

     Era isso, não era? Esses eram os motivos que me levavam a observá-la em seu sono?

     Luna era uma mulher bonita.

     Inferno.

     Ela era a personificação da Deusa da beleza, mas até então, ela era só isso. Não havias outras explicações para minhas aparições em seu quarto.

(...)

     – Não encontrou seu colar? – Perguntou segurando firmemente o dele em seu pescoço, quase sentido a perda em si.

     Andreas era como minha consciência, que vez ou outra me lembrava das coisas importantes, e de agir com humanidade.

     Às vezes, ele só era inconveniente.

     – Foi o que eu acabei de dizer, não foi?

     – É por isso que anda tão nervoso? – Marcela se intrometeu.

     – Ando nervoso, porque estamos em uma situação de merda. O sumiço do colar foi só um agravante.

     – Faz alguma ideia de onde pode ter perdido? Na missão talvez? – Perguntou meu irmão.

     – Pensei nessa possibilidade, mas eu estava com ele depois disso. A primeira vez que senti falta dele, foi no dia seguinte a aquela nossa conversa sobre interrogar a sobrevivente.

     – Ah! Andreas me contou sobre isso. Você não perde mesmo a oportunidade de ser um babaca.

     – Não perguntei, Marcela.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora