Capítulo 6

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Luna

– Nessas horas, você não me parece alguém que se põem em risco por uma vida inocente – Enxuguei o rosto com as costas da mão – Isso, e somado a todas as vezes que deixou claro que você não é a porra de um mocinho – Ri sem humor – Faz com que seja difícil de acreditar, que a corporação seja para um bem altruísta.

– Luna – Pela primeira vez desde que o conheci, a voz dele transmitiu algum sentimento, além de raiva. Me virei novamente – Não sou como eles – Parecia remorso.

– Não foi isso que eu quis dizer.

– Eu de fato não sou um mocinho, e estou longe de ser algum tipo de herói. Mas eu nunca... jamais... machuquei uma pessoa boa em toda minha vida. Não sou como eles.

– Adrian...

– Não sou a porcaria de um mostro como eles. Eu existo, pra que eles deixem de existir. Eu não sou como eles.

Em um rompante ele se levantou e se afastou a uns três metros de mim. Sei que ele estava procurando por calma e com razão. Acha que eu o chamei de monstro e não foi bem essa minha intenção.

– Nossa corporação é ilegal, mas o que fazemos aqui, é trabalho, como qualquer outro. Nosso objetivo é destruir as organizações criminosas que o governo negligencia, e não sei se entende isso, princesa. Mas não dá pra chegar pedindo com licença e por favor a esse tipo de pessoa.

– Você basicamente trabalha torturando e matando pessoas – Murmurei, mas sei que ele escutou.

– Acha que matar pedofilos e terroristas é errado? O que queria que eu fizesse? Queria que eu tivesse pena das pessoas que machucaram você? Que os apreendessem e entregassem a polícia? Em poucos dias eles fugiriam, te achariam e a matariam.

Respirei com dificuldade, estou novamente com medo dele. Acho que não me machucaria, mas ainda assim, quando ele está furioso, sua alma se enevoa.

– Pode, por favor, se acalmar?

– Acabou de me dizer que quando olha pra mim, me vê como eles, porra – Elevou sua voz.

– Não foi isso que eu disse.

– Jura? Porque você deu detalhes bem específicos, sobre meus olhos serem frios e alheio a dor como os deles.

– Me deixa explicar – Me levantei, mas não tive coragem pra me aproximar – Só me escuta, tá legal?

Ele se concentrou em regular sua respiração, e quando pareceu mais calmo eu continuei.

– Sei que você não é como eles. Como eu disse, eu me lembro de você naquele dia. Ainda consigo ouvir sua voz me mandando ficar acordada, antes de eu desmaiar. Lembro de seus olhos naquele momento emitindo preocupação. Me senti segura naqueles segundos ­– Desci os degraus – E também me lembro de como me ajudou e de como me olhou em minha última crise. Eram os mesmos olhos preocupados. Esse Adrian me faz acreditar que de fato, você trabalha pra ajudar as pessoas que precisam e admiro isso.

A respiração dele se normalizou, mas agora seu semblante era de pura confusão.

– Mas esses momentos seus, são raros, nem sempre você assim. E quando está com raiva, os azuis de seus olhos se anuviam e me assustam. Você atropela qualquer coisa, e ignora toda sua humanidade. E esse Adrian me faz pensar se você só trabalha nisso, para que possa torturar e matar pessoas com uma desculpa. Esses olhos me assustam.

Pode ser que seja coisa da minha mente, mas pensei em talvez, ter visto seus joelhos fraquejarem, seu corpo amoleceu por meio segundo. Adrian teria se abalado com o que disse?

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora