Capítulo 10

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Adrian

     Deixar Luna me acompanhar na festa era uma estratégia dupla, eu poderia usar de sua beleza para conseguir o que quero, e juntamente a protegeria de perto. Meu irmão podia muito bem fazer esse serviço, ele era um dos melhores no trabalho. Mas ainda sim, eu ficaria distraído pela preocupação e não queria dar sorte ao azar.

     Mesmo as chances de acontecer algo com ela sendo baixas, a gente nunca sabe quando alguma coisa vai dar errado, e evitar brechas para que algo aconteça, principalmente com a vida de alguém inocente em jogo, é essencial.

     Então optei por eu mesmo fazer o trabalho, eu só não contava com o quão Luna por si só me distrairia. Tentei manter o foco e me acalmar, mas eu já estava com a mente cansada e o decote que ela usava não estava melhorando a situação.

     Não, Adrian, não pensa no vestido. Não olhe para o vestido, não pense nele. Nem vire o rosto para o tecido justo de cetim, mancando as curvas de seu corpo, suas coxas. Olhei.

     Inferno.

     Inferno do caralho.

     Sou treinado basicamente a mais de vinte anos para não deixar que algo me distraia do foco mais importante em um trabalho, e agora eu estava permitindo que um pedaço de pele feminina amostra fizesse isso comigo.

     Agora como isso era possível, era o que eu gostaria de saber.

     Nunca fui de atender aos desejos da carne como meu pai fazia para afirmar sua virilidade, eu não encostava em uma mulher a tempos, não tinha essa necessidade fervilhando em mim. E quando acontecia, geralmente era pós eventos sociais como esse, que pouco eu frequentava e que desta vez a chance de me deitar com alguém era nula. Sabendo da atuação do falso compromisso.

     Luna surtou ao saber que iriamos fingir um romance, mas logo entendeu a necessidade da farsa. Mas, apesar de repetir varias vezes que eu não deixaria nada lhe acontecer, ela estava agitada no banco ao meu lado a caminho da festa. A perna subia e descia freneticamente aos balanços tomada pela ansiedade.

     Apoiei a mão em sua coxa a fazendo parar de imediato. Talvez eu não devesse ter feito isso, a pele de sua perna estava exposta pela fenda do vestido, o mesmo que eu estava tentando esquecer a minutos atrás.

     – Tem que parar com isso, seu nervosismo vai nos entregar – Continuei com os olhos na estrada, mas sei que agora ela me fitava.

     – Desculpe, estou tentando me acalmar, mas é difícil. Estou a ponto de ter um AVC de tão nervosa. Como você pode estar tão calmo?

     Dei um risinho por ela.

     – Estou calmo porque como te disse, não vai ser nada demais. Não tem que se preocupar.

     – Queria conseguir dizer isso a minha mente.

     Levantei minha mão de sua coxa e virei a palma para cima, ela entendeu e entrelaçou nossos dedos.

     – Sente isso?

     – O que?

     – Minhas mãos. Elas estarão em você a noite inteira – Mesmo que ela não quisesse – Só tem que se preocupar em sentir isso, nada chegará até você. Eu te prometo.

     Pouco depois, o corpo dela relaxou ao banco e esperei que me soltasse, o que ela não fez. E pelo contrário, a outra mão também foi de encontro a nossa, apertando com mais força como se segurasse algo valioso.

O anjo vendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora